SADC projecta centro de energias renováveis
Angola já apresentou propostas de regulamento do projecto numa altura em que se analisa os mecanismos de execução
As estratégias de execução de programas de expansão das energias renováveis a nível da região austral de África podem ganhar outra dinâmica, nos próximos tempos, com a criação do centro regional para o efeito, anunciou a directora nacional de Energias Renováveis do Ministério da Energia e Águas.
A engenheira Sandra Cristóvão, que deu a conhecer o facto, durante o programa mensal “Café Com Ciência e Tecnologia”, promovido pelo Centro Tecnológico Nacional, avançou que os Estados membros estão actualmente a analisar os mecanismos para a implementação do Centro Regional para Energias Renováveis.
A directora nacional assegurou que Angola, sendo membro da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), já deu a sua contribuição, por meio de propostas para a elaboração da regulamentação do projecto regional, que considera bastante positivo para impulsionar o desenvolvimento das energias renováveis.
Com a criação do centro, a engenheira química acredita que Angola, considerou ser dos mais atrasados em matéria de instalação de energias renováveis da região, o país pode ganhar novas oportunidades, principalmente no que toca à formação de quadros.
Em relação a isso, Sandra Cristóvão disse que o país continua com grande escassez de técnicos para operar no sector das energias renováveis e de produção de equipamentos, situação que o torna refém da importação quer de profissionais, quer de meios para garantir o processo de instalação desses aparelhos.
O atraso tecnológico que o país regista actualmente, explicou Sandra Cristóvão, é também uma consequência do conflito armado que assolou o país, durante quase três décadas, o que empatou a execução de programas em certas zonas. “Uma dessas áreas está ligada às energias renováveis, uma vez que o grande foco do Governo é instalá-las nas áreas rurais”.
Mas, esse quadro pode ser transformado, uma vez que Angola dispõe de condições naturais para levar a cabo uma série de programas a nível das energias renováveis, considerou o engenheiro electrotécnico e professor universitário José Inácio, também orador no recente “Café Com Ciência e Tecnologia”.
“No que se refere às outras fontes de energias renováveis (para além da hídrica), como solar e eólica de biomassa, entre outras, é importante assinalar que Angola está bem servida”, afirmou o engenheiro.
Para provar a sua tese, José Inácio disse que o país pretende atingir, até 2015, em termos de energia solar cerca de 100 megawatts. Disse que esse propósito é possível, uma vez que Angola dispõe de um elevado potencial de recurso solar, com uma radiação global em plano horizontal anual média compreendida entre 1.350 e 2.070 quilowatts por hora em cada metro quadrado por ano.
Maior recurso do país
O professor da Faculdade da Engenharia da Universidade Agostinho Neto disse que a energia solar é o maior recurso renovável do país e o mais uniformemente distribuído, salientando que a tecnologia mais adequada para aproveitar esse recurso é a produção de electricidade por meio de sistemas foto voltaicos, por ser de mais rápida instalação (prazos inferiores a um ano) e menor custo de manutenção.
José Inácio avançou que a utilização de baterias em conjunto com os sistemas foto voltaicos permite substituir totalmente a geração térmica, mas é ainda uma tecnologia muito onerosa, justificando-se economicamente apenas para soluções de pequena dimensão descentralizadas e onde o custo de transporte do diesel é muito elevado.
Outraapostadeverecairpara aenergiadabiomassa,quesurge através da combustão de vários tiposdesobrantes,comoresíduos florestais e cultivos energéticos, restos de indústrias agro-alimentares (com destaque para a cana-de-açúcar), detritos agrícolasepecuárioseosresíduos urbanos e industriais biodegradáveis.
De acordo com a “Estratégia e Atlas das Novas Energias Renováveis”, foram identificados 43 possíveis projectos de produção de energia eléctrica com base em biomassa, totalizando uma potência global de 4 gigawatts (3,4 gw dos quais associados à vertente florestal).
País continua com escassez de técnicos para o sector das energias renováveis e de produção de equipamentos, o que o torna refém da importação quer de profissionais, quer de meios para instalação desses aparelhos