Primeiros pontos para o CAN
Golo de Gelson Dala dá vida aos Palancas Negras na corrida ao CAN numa tarde em que o melhor jogador foi o público que encheu o estádio
Vitória magra, mas muito importante. Assim se pode qualificar a conquista, pelos Palancas Negras, dos primeiros três pontos no Grupo I de apuramento para o CAN dos Camarões, ontem diante dos Zebras do Botswana, no Estádio Nacional 11 de Novembro, com golo solitário de Gelson Dala.
Do jogo, as notas de maior de realce foram registadas nos 45 minutos iniciais, com destaque para a pressão ofensiva da Selecção Nacional, que dispensou o período de adaptação à proposta de jogo do adversário e assumiu o comando dos acontecimentos.
Mas o melhor do desafio estava na bancada. O público que atendeu ao chamamento da Pátria e quase lotou o estádio. Por instantes, num recuo no tempo, vieram memórias da festa do futebol continental organizada por Angola, em 2010. Guardouse um minuto de silêncio, em memória das vítimas do acidente ferroviário ocorrido na província do Namibe.
Há apenas a lamentar o facto de, no final, verem-se longas filas de adeptos a caminhar a pé, de regresso a casa. As empresas de transportes públicos e até mesmo os táxis colectivos devem criar, de forma excepcional, uma linha amarela, para acudir à demanda, pois não faz sentido ter o estádio vazio por causa da localização.
De volta ao desafio, importa dizer que a equipa lançada pelo sérvio SrdjanVasiljevic mostrou vontade de ganhar, com bom futebol, uma forma de fazer as pazes com os adeptos, desavindos por força da quebra competitiva, resumida nos maus resultados desportivos e exibições sem consistência.
Recheados de flanqueadores ou jogadores propensos a aceleração pelos corredores laterais, caso de Djalma Campos, Mateus Galiano e Freddy, apoiado pelos laterais Paizo e Mira, os Palancas Negras cedo prometeram uma tarde de futebol de prato cheio. Tudo apontava para uma fartura de golos.
Só que da pretensão à prática houve um grande hiato. Tudo começou na demora do surgimento do primeiro golo, no caso filho unigénito, porque a baliza à guarda de Kabelo Dambe, visada várias vezes, não voltou a ser violada, daí a magreza do resultado, quando as campanhas de qualificação acabam decididas, além dos pontos somados, pela força ofensiva das equipas.
Problemas antigos
Voltou a estar claro que o problema da Selecção Nacional está longe de residir na falta de avançados com engodo para a baliza, diagnóstico que deu lugar ao alvitre da possibilidade de naturalização de jogadores. Ontem a pecha voltou a residir no meio campo, a casa das máquinas, por não produzir o suficiente na alimentação do ataque.
Show e Herenilson, colocados em cunha na zona de construção de jogo, foram eficazes a travar os ataques dos Zebras, acerto pouco notado nas despesas ofensivas. Djalma e Freddy saíram muito do corredor central, quando Mateus andou longe do registo de avançado lutador, que o distinguem no futebol português.
Em resumo, falta capacidade de condução da bola na equipa nacional, pois as situações de golo surgem recorrentemente de acções individuais dos mais dotados. Na defesa, Bastos e Dani Masunguna recuperaram uma dupla que muito prometeu, há sete anos.
O Botswana foi um opositor que procurou jogar para o ponto. Onkabetse Mangastaz assinou o lance de maior perigo, ao mandar a bola ao travessão da baliza de Lando. A vitória peca apenas por escassa.
Angola, 3 pontos, partilha o segundo lugar do grupo com o Burkina Faso, atrás da surpreendente Mauritânia, líder isolada, 6, e próximo adversário da Selecção Nacional, no dia 12 de Outubro, em Luanda. O Botswana está na cauda, sem pontuar.