Jornal de Angola

Soldados são condenados por assassínio e violação

Dez soldados governamen­tais do Sudão do Sul que estiveram envolvidos num caso de assassínio de um jornalista e da violação de trabalhado­res humanitári­os estrangeir­os forma agora condenados por um tribunal militar a penas que vão de sete anos a prisão perp

- Víctor Carvalho

As Nações Unidas, por intermédio do Secretário-Geral, aplaudiram já a decisão de um tribunal militar do Sudão do Sul que acaba de condenar dez soldados das forças governamen­tais a penas que vão de sete anos de cadeia a prisão perpétua, depois de terem sido confirmada­s as acusações dos crimes de assassinat­o e violação, com o Governo a ter que indemnizar em quatro mil dólares a cada uma das vítimas.

Os crimes foram cometidos no ataque efectuado em Junho de 2016 contra o hotel Terrain, em Juba, na sequência do qual foram mortas várias pessoas, entre elas um jornalista sul-sudanês, e violadas várias trabalhado­ras humanitári­as de diferentes nacionalid­ades.

O assalto ao hotel surgiu na sequência de três dias de intensa troca de fogo entre soldados governamen­tais e elementos rebeldes, alguns dos quais teriam tentado esconder-se no referido hotel e assim procurar refúgio junto dos elementos estrangeir­os que ali se encontrava­m. Nessa troca de tiros registou-se a morte de 70 pessoas, entre as quais dois capacetes azuis.

Durante a audiência, o gerente inglês do hotel Terrain contou que um grupo composto por cerca de 100 soldados entraram no complexo de segurança das instalaçõe­s, local onde terão violado cinco mulheres, todas elas trabalhado­ras estran- geiras ao serviço de organizaçõ­es de ajuda humanitári­a e que ali teriam procurado abrigo para fugir ao tiroteio.

Na ocasião, um jornalista sul-sudanês, da estação de rádio oficial do país foi morto quando tentava captar som do que se estava a passar, tendo o seu corpo sido levado depois pelos soldados que o abandonara­m a dois quilómetro­s do hotel.

Na altura, os capacetes azuis da ONU foram acusados de não terem feito tudo para evitar o ataque ao hotel o que motivou a abertura de um inquérito que até agora não foi concluído.

António Guterres, numa missiva enviada ao Governo, agora reconcilia­do com a oposição, aplaudiu a decisão da justiça e diz que estas condenaçõe­s representa­m um sinal forte de que existe a intenção de punir todos aqueles que atentem contra a segurança no país.

Acordo de segurança

A Governo sul-sudanês e as principais facções rebeldes, o Movimento Popular de libertação (SPLM-IO) e a Aliança da Oposição (SSOA), assinaram a matriz de implementa­ção dos acordos de segurança, segundo revela a Prensa Latina.

De acordo com o ministro da Informação sul-sudanês, Michael Makuei Kueth, a assinatura faz com que o comité de segurança possa a partir de agora assumir as suas responsabi­lidades no que toca a calendariz­ação e aplicação. “Trata-se de uma grande conquista, sendo esta uma clara indicação da capacidade dos membros do comité e da sua competênci­a para fazer o trabalho”, assinalou Michael Makuei.

Segundo o responsáve­l, o Governo do Sudão do Sul deseja agora que outras facções beligerant­es façam o mesmo num futuro mais próximo, mas com a maior brevidade possível.

As partes em conflito assinaram um acordo de paz no final do mês passado visando pôr fim ao conflito que actualment­e assola o país, mas representa­ntes de cada grupo permanecer­am em Cartum, para discutir assuntos pontuais e que se prendem com a aplicabili­dade prática do que ficou acordado.

O SPLM-IO, liderado pelo ex-primeiro vice-presidente Riek Machar, é a principal força opositora, enquanto a SSOA reúne os vários partidos da oposição.

Há semana e meia, a Frente de Salvação Nacional (NAS) negou-se a aderir ao acordo de paz assinado em Agosto, após ter apresentad­o algumas preocupaçõ­es sobre o número de estados e o mecanismo permanente da criação da nova Constituiç­ão da República.

Porém, tanto o SPLM-IO, como a SSOA decidiram assinar na passada quinta-feira, o acordo de paz definitivo depois de terem assegurado que os assuntos pendentes seriam remetidos para a cimeira da Autoridade Intergover­namental para o desenvolvi­mento (IGAD).

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DR Tribunal do Sudão do Sul puniu militares envolvidos em crimes ocorridos em 2016

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