Soldados são condenados por assassínio e violação
Dez soldados governamentais do Sudão do Sul que estiveram envolvidos num caso de assassínio de um jornalista e da violação de trabalhadores humanitários estrangeiros forma agora condenados por um tribunal militar a penas que vão de sete anos a prisão perp
As Nações Unidas, por intermédio do Secretário-Geral, aplaudiram já a decisão de um tribunal militar do Sudão do Sul que acaba de condenar dez soldados das forças governamentais a penas que vão de sete anos de cadeia a prisão perpétua, depois de terem sido confirmadas as acusações dos crimes de assassinato e violação, com o Governo a ter que indemnizar em quatro mil dólares a cada uma das vítimas.
Os crimes foram cometidos no ataque efectuado em Junho de 2016 contra o hotel Terrain, em Juba, na sequência do qual foram mortas várias pessoas, entre elas um jornalista sul-sudanês, e violadas várias trabalhadoras humanitárias de diferentes nacionalidades.
O assalto ao hotel surgiu na sequência de três dias de intensa troca de fogo entre soldados governamentais e elementos rebeldes, alguns dos quais teriam tentado esconder-se no referido hotel e assim procurar refúgio junto dos elementos estrangeiros que ali se encontravam. Nessa troca de tiros registou-se a morte de 70 pessoas, entre as quais dois capacetes azuis.
Durante a audiência, o gerente inglês do hotel Terrain contou que um grupo composto por cerca de 100 soldados entraram no complexo de segurança das instalações, local onde terão violado cinco mulheres, todas elas trabalhadoras estran- geiras ao serviço de organizações de ajuda humanitária e que ali teriam procurado abrigo para fugir ao tiroteio.
Na ocasião, um jornalista sul-sudanês, da estação de rádio oficial do país foi morto quando tentava captar som do que se estava a passar, tendo o seu corpo sido levado depois pelos soldados que o abandonaram a dois quilómetros do hotel.
Na altura, os capacetes azuis da ONU foram acusados de não terem feito tudo para evitar o ataque ao hotel o que motivou a abertura de um inquérito que até agora não foi concluído.
António Guterres, numa missiva enviada ao Governo, agora reconciliado com a oposição, aplaudiu a decisão da justiça e diz que estas condenações representam um sinal forte de que existe a intenção de punir todos aqueles que atentem contra a segurança no país.
Acordo de segurança
A Governo sul-sudanês e as principais facções rebeldes, o Movimento Popular de libertação (SPLM-IO) e a Aliança da Oposição (SSOA), assinaram a matriz de implementação dos acordos de segurança, segundo revela a Prensa Latina.
De acordo com o ministro da Informação sul-sudanês, Michael Makuei Kueth, a assinatura faz com que o comité de segurança possa a partir de agora assumir as suas responsabilidades no que toca a calendarização e aplicação. “Trata-se de uma grande conquista, sendo esta uma clara indicação da capacidade dos membros do comité e da sua competência para fazer o trabalho”, assinalou Michael Makuei.
Segundo o responsável, o Governo do Sudão do Sul deseja agora que outras facções beligerantes façam o mesmo num futuro mais próximo, mas com a maior brevidade possível.
As partes em conflito assinaram um acordo de paz no final do mês passado visando pôr fim ao conflito que actualmente assola o país, mas representantes de cada grupo permaneceram em Cartum, para discutir assuntos pontuais e que se prendem com a aplicabilidade prática do que ficou acordado.
O SPLM-IO, liderado pelo ex-primeiro vice-presidente Riek Machar, é a principal força opositora, enquanto a SSOA reúne os vários partidos da oposição.
Há semana e meia, a Frente de Salvação Nacional (NAS) negou-se a aderir ao acordo de paz assinado em Agosto, após ter apresentado algumas preocupações sobre o número de estados e o mecanismo permanente da criação da nova Constituição da República.
Porém, tanto o SPLM-IO, como a SSOA decidiram assinar na passada quinta-feira, o acordo de paz definitivo depois de terem assegurado que os assuntos pendentes seriam remetidos para a cimeira da Autoridade Intergovernamental para o desenvolvimento (IGAD).