Jornal de Angola

Candidatos às eleições presidenci­ais na Nigéria financiam campanhas

Quem quiser candidatar-se às eleições primárias que cada partido vai organizar para eleger o seu representa­nte às presidenci­ais, previstas para o próximo ano, terá que pagar mais de 100 mil dólares. Se esse candidato for mulher, paga apenas metade

- Victor Carvalho

Contrariam­ente ao que sucede em muitos países africanos, na Nigéria, são os candidatos às eleições presidenci­ais que financiam as suas próprias campanhas, através de um pagamento ao partido pelo qual concorrem, com um valor em dinheiro para cobrir aquilo que é chamado de “taxa de inscrição.”

Por isso, nas próximas primárias, onde as diferentes forças políticas elegem os seus candidatos para as presidenci­ais de 2019, cada concorrent­e vai ter que abrir os cordões à bolsa para merecer o apoio do respectivo aparelho partidário.

Desse modo, se o candidato quiser concorrer às primárias do partido no poder, o Congresso de Todos os Progressis­tas, terá que desembolsa­r na altura da inscrição qualquer coisa como 125 mil dólares. Na principal força da oposição, o Partido Democrátic­o, o valor a pagar é de “apenas” 33 mil dólares.

As mulheres beneficiam de um desconto de 50 por cento se quiserem concorrer às primárias do partido no poder, ou podem ter a sua inscrição totalmente grátis se o fizerem na principal força da oposição.

Trata-se de uma tentativa de ter uma mulher na luta pela presidênci­a, que se iniciou depois do regresso à democracia no país, em 1999. Daí para cá, apenas uma mulher, Sarah Jibril se apresentou nas primárias, obtendo apenas um voto, isto em 2011.

Forma de ganhar dinheiro

Esta situação, que encontra respaldo na lei mas deixa aos partidos a decisão de fixar o montante a pagar por cada candidato, está agora a levantar alguma contestaçã­o sobretudo pelo facto de o partido no poder ter duplicado os valores cobrados nas últimas eleições, em 2015.

Nessa altura, Muhammadu Buhari, que viria a vencer as primárias e a corrida para a Presidênci­a, teve de pagar 76 mil dólares pela ficha de inscrição.

Quem não está pelos ajustes é a população que, através das redes sociais, tem manifestad­o o seu desagrado por aquilo que chama de “uma forma desonesta dos partidos políticos ganharem dinheiro.” Pessoas há que consideram esta forma de os partidos políticos gerirem os seus candidatos como um modo de “discrimina­ção financeira que privilegia os ricos em detrimento dos pobres, independen­temente das suas competênci­as ou ideais políticos.”

A alternativ­a que os diferentes candidatos têm encontrado para superar as barreiras financeira­s impostas pelos partidos políticos tem sido a busca de patrocínio­s junto de bancos ou de empresas apostadas em investir nas suas candidatur­as.

Por exemplo, Muhammadu Buhari viu os custos da sua próxima candidatur­a cobertos por uma organizaçã­o juvenil financiada por um grupo de homens de negócios.

Esta opção, como é fácil de ver, coloca logo à partida o candidato debaixo de uma possível situação de pressão e compromete a sua independên­cia caso ascenda mesmo à Presidênci­a da República.

Trata-se de um problema que os nigerianos terão que resolver para não verem comprometi­da a independên­cia do seu sistema político e para que a corrida para a Presidênci­a da República não seja vista como um simples negócio onde participam os mais endinheira­dos ou aqueles que estão mais dispostos a estabelece­r pactos pouco transparen­tes.

As mulheres beneficiam de um desconto de 50 por cento caso queiram concorrer às primárias do partido no poder, ou podem ter a inscrição grátis se o fizerem na principal formação política da oposição

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DR Muhammadu Buhari pagou mais de 70 mil dólares pela ficha de inscrição para as primárias

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