Accionistas chamam mentiroso ao empresário
Os accionistas do Banco Económico, que absorveu os activos do antigo BESA, reagiram às declarações prestadas por Álvaro Sobrinho ao “Grande Entrevista” da TPA, considerando-as “falsas e caluniosas”.
Num comunicado de imprensa divulgado no princípio da noite de ontem, os accionistas afirmaram que Álvaro Sobrinho mentiu na forma como apresentou os factos e na alegação de falta de solidariedade face à dificuldades que o banco passou a enfrentar no mercado a partir de 2012.
Também consideraram ser mentira que Paulo Cassoma, apontado pelo empresário como autor de ameaças e de “chantagem” para que assumisse a responsabilidade pelo que aconteceu ao banco, o tenha feito, em 2013 ou 2014, sendo secretário-geral do MPLA, porquanto só assumiu o posto depois do congresso de 2016.
O documento traz excertos de comunicados emitidos do pelos centrais de Angola e Portugal - BNA e BdP - sobre as finanças do BESA, depois de detectadas dificuldades que conduziram ao processo de regularização.
Num dos excertos, o comunicado do Banco Nacional de Angola (BNA) refere “o risco de descontinuidade da actividade” do BESA e cita relatórios que, a 4 de Agosto de 2014, permitiram confirmar a existência de perdas elevadas na carteira de crédito e em outros activos, não cobertas por provisões, colocando assim em causa a viabilidade do banco.
Um relatório do Banco de Portugal também citado na reacção pelos accionistas do Banco Económico, realçava, em 2014, “a prática de actos de gestão gravemente prejudiciais aos interesses do Banco Espírito Santo”.
Refere uma violação de determinações do Banco de Portugal que proibiam o aumento da exposição a outras entidades do Grupo Espírito Santo, o que se traduziu “num prejuízo adicional na ordem de 1,5 mil milhões de euros face ao expectável”.
A situação, conclui do documento do BdP, “colocou o Banco Espírito Santo numa posição de incumprimento dos rácios mínimos de solvabilidade em vigor (rácio Common Equity Tier 1 de 5 por cento, três pontos percentuais abaixo do mínimo regulamentar) e gerou uma crescente pressão sobre a tesouraria do banco.
Álvaro Sobrinho declarou terça-feira à TPA que, entre 2002 e 2013, o BESA nunca registou prejuízos, o que pode ser provado pela ausência de pareceres desfavoráveis de organismos independetes.