Importação reduz em 50 por cento
Angola pode reduzir a importação de fertilizantes em cerca de 50 por cento nos próximos dois anos, com a introdução do pó de calcário dolomítico na melhoria de solos, anunciou ontem, em Luanda, o director nacional dos Recursos Minerais.
André Buta disse à margem de um seminário sobre “O uso de calcário dolomítico na recuperação e estabilização dos solos em Angola”, que o país está envolvido numa campanha para a utilização do pó de calcário que, se “tiver boa aceitação”, resultará na diminuição da importação do pó para o uso agrícola.
O seminário realizado ontem está enquadrado na divulgação da utilização do calcário dolomítico na agricultura, com a qual se dá a conhecer aos produtores com poucos recursos financeiras, os benefícios do uso do pó para aumentar a produção.
Enormes quantidades de calcário dolomítico são encontradas ao longo do litoral angolano, mas, actualmente, os níveis de produção e a utilização são baixos pela ausência do hábito do uso do produto na agricultura.
André Buta informou que o sector mineiro licenciou 32 empresas de construção civil para produção do calcário, mas apenas uma, na Huíla, propôs-se a produzir pó para melhoria de solos.
O responsável clarificou que a maior parte das empresas que comercializam o pó tinham as actividades direccionadas para a construção civil. “Este pó era um produto rejeitado, não se dava importância. Agora, com a crise, está a servir para outros efeitos”, disse.
O leste de Angola e o Cuando Cubando são as zonas mais necessitadas do pó, por ser uma região muito arenosa. Apesar disso, André Buta considera serem zonas que permitem a prática da agricultura. “Não existe calcário dolomítico naquela região, mas isso não impossibilita que o pó chegue lá”, salientou.
O país tem dois laboratórios para testes de solos em Luanda, prevendo-se a construção de mais três grandes, sendo um em Luanda, na centralidade do Kilamba, outro em Saurimo (LundaSul) e o outro na Huíla (Conjenje), o que vai solucionar os problemas das análises de pó das rochas calcárias.
O ministro dos Recursos Minerais e Petróleos, Diamantino Azevedo, participou na abertura do seminário, onde reconheceu que a maior parte dos solos de Angola são ácidos e que, com o uso de correctivos, como o calcário, a terra pode obter maior produtividade.