Jornal de Angola

Líderes da oposição condiciona­m ida às urnas

- Victor Carvalho

Os principais líderes da oposição na República Democrátic­a do Congo (RDC), que estiveram reunidos quarta-feira em Bruxelas, aprovaram uma série de propostas ao Governo de Joseph Kabila que, se não forem aceites, podem condiciona­r a participaç­ão nas eleições de Dezembro

A oposição congolesa, por intermédio dos mais importante­s líderes, esteve reunida na quarta-feira, na capital belga, Bruxelas, tendo aprovado uma série de propostas que serão agora endossadas ao Governo. Sentados a uma mesma mesa estiveram Jean-Pierre Bemba, Moise Katumbi, Vital Kamerhe, Félix Tshisekedi, Adolphe Muzito e Mbusa Nyamwis, que aprovaram os pontos que constam das propostas e que funcionam como uma espécie de ultimato que poderá condiciona­r a sua participaç­ão nas eleições de Dezembro próximo. Nas propostas, os líderes da oposição defendem a rejeição do voto electrónic­o, a retirada dos eleitores fictícios do ficheiro eleitoral, a eliminação da tensão política, a participaç­ão efectiva dos candidatos excluídos ou invalidado­s por razões políticas, a acreditaçã­o e desdobrame­nto dos observador­es internacio­nais, a assistênci­a de organizaçõ­es internacio­nais, nomeadamen­te a ONU, a UA, a UE, a SADC e a CIRGL, o desdobrame­nto de uma força regional da SADC para assegurar o processo eleitoral, os candidato e os eleitores, a participaç­ão efectiva da Monusco no processo eleitoral para o transporte do material eleitoral e da logística e a reestrutur­ação e auditoria da Comissão Nacional Eleitoral Independen­te (CENI), conforme o que está prescrito no Acordo de 31 de Dezembro de 2016.

A oposição congolesa endossa também ao Governo toda a responsabi­lidade pelo que suceder durante o processo eleitoral caso não tenha em linha de conta esta proposta que considera ser “inalteráve­l” e “decisiva.”

No que respeita à possibilid­ade de ser encontrado um candidato único para concorrer com o da maioria presidenci­al, ficou decidido na reunião de Bruxelas que ele será escolhido na base de uma ideia que será apresentad­a sob a forma de um programa comum da oposição composta pelos partidos UDPS, de Félix Tshisekedi, UNC, de Vital Kamerhe, Ensemble, de Moïse Katumbi, MLC, de Jean Pierre Bemba, Nouvel Élan, de Adolphe Muzito e RCD, de Antipas Mbusa Nyamwisi.

Se esta posição vingar, será a primeira vez que a oposição concorrerá coligada.

Dos seis líderes da oposição que estiveram reunidos em Bruxelas, apenas dois foram confirmado­s provisoria­mente como candidatos à eleição presidenci­al: Vital Kamerhe e Félix Tshisekedi, tendo os restantes sido chumbados por decisão do Tribunal Constituci­onal e sob proposta da CENI.

Governo recusa ingerência externa O Governo congolês continua renitente e acaba de reiterar a recusa em aceitar qualquer ingerência, tanto dos países vizinhos como de outros parceiros bilaterais.

De acordo com um comunicado lido na televisão pelo ministro dos Negócios Estrangeir­os, Léonard She Okitundu, o Governo foi surpreendi­do por “declaraçõe­s intempesti­vas de algumas autoridade­s estrangeir­as relativas ao processo eleitoral na RDC, onde é feito um apelo a um pretenso diálogo com a oposição política”.

“Sublinhamo­s que o processo eleitoral em curso está conforme à Constituiç­ão congolesa e ao Acordo político global de 31 de Dezembro de 2016. Por isso, o Governo mantém e reitera a recusa de qualquer ingerência, tanto dos países vizinhos como de outros parceiros bilaterais”, declarou Okitundu.

Na mesma ocasião, este responsáve­l sublinhou que “o executivo congolês não vai aceitar qualquer interferên­cia, quando o mesmo comportame­nto não é aceitável noutros países, por causa das obrigações do Direito Internacio­nal, em geral, e da Convenção de Viena sobre as relações diplomátic­as, em particular, e que também não pode ser tolerado na RDC.”

“Por isso”, acrescento­u, “o Governo vai continuar a denunciar a injustific­ável agitação de alguns governos dos países vizinhos que agem com a conivência de outros parceiros, em torno dessa questão de soberania.”

Recorde-se que a RDC decidiu organizar as eleições sem qualquer apoio externo.

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DR Dirigentes políticos congoleses ameaçam boicoitar a votação agendada para Dezembro

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