Doentes atendidos por telemedicina
Projecto piloto vai ser realizado, em breve, na província do Huambo, para dentro de quatro anos ser estendido a todas as cidades do país
Doentes de unidades sanitárias localizadas em qualquer parte do país, onde não existam determinadas especialidades médicas, vão passar a ser atendidos à distância e em tempo real, por especialistas em diagnóstico e tratamento, através do sistema de telemedicina. O director do Gabinete de Tecnologias de Informação do Ministério da Saúde, Walter Paulo, garantiu que estão criadas as condições para que, nos próximos dias, o projecto arranque com a província do Huambo. Dois hospitais de Luanda foram escolhidos para a fase experimental. Médicos do Américo Boavida e do Hospital Pediátrico David Bernardino vão poder tratar, à distância, doentes das unidades sanitárias da província do Huambo. Dentro de quatro anos, o projecto chega a todo o país.
Doentes assistidos em unidades sanitárias sem determinadas especialidades médicas, localizadas em qualquer parte do país, vão passar a ser atendidos à distãncia e em tempo real, por via do sistema de telemedicina, anunciou, ontem, em Luanda, o director do Gabinete de Tecnologias de Informação do Ministério da Saúde. Walter Paulo, que fez o anúncio durante o “Encontro para a definição de projectos prioritários para a agenda empresarial e de inovação 20182022”, organizado pelo Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, assegurou que o projecto-piloto vai ser lançado, em breve, na província do Huambo. O director avançou que, neste momento, o Ministério da Saúde tem as condições criadas para o arranque do projecto, que deve chegar a todas as províncias num período de quatro anos. “Esse projecto, que vamos lançar em breve e fazer a sua massificação em três anos, vai aproximar os serviços cada vez mais aos pacientes”, assegurou o director Walter Paulo. O responsável acrescentou que já existe tecnologia, resultante de uma parceria com o Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação e a Infrasat, equipamentos e os locais para o atendimento na província-piloto (Huambo), cujos estabelecimentos de Saúde vão trabalhar com os hospitais pediátrico David Bernardino e Américo Boavida, ambos de Luanda. A formação contínua dos técnicos também está assegurada, uma vez que essas parcerias estão a dar outra dinâmica ao projecto, disse o director do Gabinete de Tecnologias de Informação do Ministério da Saúde. Walter Paulo esclareceu que o mecanismo vai funcionar no sistema de tela, instalada nos dois lados. Com isso, um doente de Longonjo (Huambo) pode ser assistido, em tempo real, por um médico do Hospital Américo Boavida (Luanda), auxiliados por uma tecnologia do tipo vídeo-conferência. Além do contacto na hora com o paciente, a telemedicina permite que o médico visualize os resultados das análises, medir a pressão arterial, observar uma radiografia ou outro exame e tomar decisões em função do quadro do doente. Com esse projecto de inovação, que se junta a um outro que tem a ver com registo electrónico de utente, o Ministério da Saúde pretende reforçar a prestação de serviços de dados ao cidadão, que é lançado dentro de cinco meses e para ser concluído em cinco anos. Outro projecto prioritário do Ministério da Saúde a nível da inovação está relacionado com o mapeamento sanitário do país, que permitirá que, em tempo real, informações sobre pacientes, doenças, medicamentos e outras situações reais e particulares de uma unidade de saúde sejam percebidas por todo o sistema nacional. Além deste, até 2022, pretende-se a nível das tecnologias e inovação a implementação do projecto “Cartão do utente”, para possibilitar que um paciente tenha um seguimento durante toda a vida, a partir de informações constantes nesse dispositivo. Há ainda o projecto de monitorização e avaliação via telemóvel, para gerar um sistema de alerta de saúde, por exemplo, sobre os dias de consulta, a hora da toma dos medicamentos, entre outros aspectos que tocam a vida do cidadão e do seu estado de saúde. Para promover a eficácia, eficiência e transparência na gestão administrativa do sector, Walter Paulo revelou ainda que o sector da Saúde vai lançar o programa de formação do Gabinete de Tecnologias de Informação e o “Intranet Minsa”, dentro de seis meses. Além desses programas, no quadro da comunicação preventiva com o cidadão, o Ministério da Saúde pretende criar o “Portal de Saúde”. Tomada de decisões Walter Paulo explicou que, no sector da Saúde, a informação deve ser entendida como redutor de incertezas, instrumento para detectar focos prioritários, conhecimento da realidade socioeconómica, demográfica e epidemiológica, propiciando o planeamento, gestão, organização e avaliação nos vários níveis do Sistema Nacional de Saúde, fazendo com que acções sejam realizadas no sentido de condicionar a realidade às transformações necessárias. Por isso, salientou que o processo de gestão do sector exige a tomada de decisões de alta responsabilidade e relevância social. As informações podem funcionar como um meio para diminuir o grau de incerteza sobre determinada situação de saúde, apoiando o processo de tomada de decisões.
“Devemos ter clareza de que o que sustenta estas decisões são os valores, os fundamentos, os pressupostos, a visão de mundo e, particularmente, a concepção de modelo de atenção à saúde daqueles envolvidos no processo de gestão do sector da Saúde”, realçou o responsável. Walter Paulo considerou que a informação em Saúde não se refere somente à produzida pelo sector, uma vez que dados relacionados com a qualidade de vida são importantes para a avaliação do nível de saúde da população, entre os quais condições demográficas, alimentação, educação, condições de trabalho e de emprego, transporte, moradia, saneamento básico, lazer segurança e a acesso aos serviços de Saúde.