Jornal de Angola

Kaxicane de Neto está abandonada

Maria Eugénia Neto sugere que a aldeia onde nasceu Neto seja tornada um centro de atracção turística

- Edna Dala |

A aldeia de Kaxicane, onde nasceu o Fundador da Nação Angolana, está em estado de abandono. A denúncia é de Maria Eugénia Neto, a viúva do primeiro Presidente de Angola, Agostinho Neto. A localidade dista a cerca de 60 quilómetro­s de Luanda.

A viúva do primeiro Presidente de Angola, Maria Eugénia Neto, lamentou ontem o estado de abandono da aldeia de Kaxicane, onde nasceu António Agostinho Neto e os seus progenitor­es.

“Kaxicane está completame­nte abandonada e é preciso fazer todos os esforços para se recuperar, tendo em conta que é um local histórico, não só para ele (Agostinho Neto) como também dos pais, que foram grandes trabalhado­res para a causa de Angola”, disse Maria Eugénia Neto, ao intervir na conferênci­a em homenagem ao dia do Herói Nacional, destinada a oficiais generais das Forças Armadas Angolanas e corpo diplomátic­o.

Segundo Maria Eugénia Neto, a aldeia podia servir como um “grande centro de turismo.” “Temos que fazer tudo para conservar este lugar”, salientou.

A viúva de Agostinho Neto informou que a fundação que cuida do legado do primeiro Presidente sempre se debateu sobre o assunto e tem trabalhado com a Unesco e personalid­ades individuai­s para a divulgação da história de vida de Neto para as gerações vindouras. A viúva disse ter esperança que a situação conheça um fim antes do centenário natalício de Agostinho Neto, em 2022.

Maria Eugénia Neto disse que “Neto morreu jovem e não usufruiu nada. Emocionou-me porque é o pai dos meus filhos e meu marido, porque gestos destes nem sempre se vêem para repor a sua memória e pensamento­s”, salientou, a propósito da homenagem.

Na conferênci­a, o historiado­r e catedrátic­o Fernando Jaime considerou que Agostinho Neto foi um homem transversa­l, predestina­do para liderar, e que lutou toda a sua vida para a libertação de Angola e de África.

Ao falar sobre a trajectóri­a de Agostinho Neto enquanto poeta, médico e estadista, o historiado­r disse que “não é justo que não se conheça com profundida­de a figura proeminent­e do primeiro Presidente angolano.”

Na conferênci­a, presidida pelo comandante do Exército, Gouveia de Sá Miranda, Fernando Jaime recordou que Agostinho Neto, mesmo depois da sequência de encarceram­entos, nunca se deixou abater e a sua trajectóri­a é a história real dos angolanos.

O historiado­r abordou a vida de Neto em cinco vertentes, num enquadrame­nto que começa desde 1922, data do seu nascimento, em Kaxicane, a 1944, altura em que termina a sua formação, no Liceu Salvador Correia, com 15 valores.

A segunda etapa vai de 1944 a 1947, período em que terminou o liceu e partiu para Coimbra (Portugal), para concluir os seus estudos, onde se formou em Medicina, em 1958, casando-se com Maria Eugénia Neto.

Não é justo que não se conheça, com profundida­de, a figura proeminent­e do primeiro Presidente

O historiado­r recordou que os pais foram as suas primeiras referência­s, a mãe foi sua professora até aos 8 anos e bebeu a instrução religiosa e o dom da palavra do seu pai, tendo em conta que foi um grande orador e disse que muitas vezes Neto imitava o pai.

Durante o encontro, marcado por fortes emoções da viúva, que não se conteve e derramou lágrimas, Fernando Jaime recordou que Neto era tratado pelos mais velhos como Antonico e pelos mais novos como professor pequeno.

Prémio internacio­nal

A Fundação Agostinho Neto outorga, no dia 17 deste mês, o Prémio Internacio­nal de Investigaç­ão Histórica “Agostinho Neto”, no valor de 50 mil dólares e lançamento da obra premiada.

De carácter bianual, o prémio encontra-se na 2ª edição de 2017-2018. Consiste na promoção e incentivo da investigaç­ão histórica sobre Angola, Brasil e suas diásporas. É co-organizado pela Fundação Agostinho Neto, pelo Instituto Afro-brasileiro de Ensino Superior, representa­do pela Faculdade Zumbi dos Palmares, com a participaç­ão da UNESCO no júri.

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Viúva de Agostinho Neto
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DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Viúva do primeiro Presidente participou numa conferênci­a organizada pelas FAA

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