Jornal de Angola

Crianças sobrevivem do lixo

Uma das preferênci­as dos “catadores” de resíduos são as garrafas de plástico, que são compradas por vendedoras de bebidas caseiras

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Crianças que moram nas imediações da maior lixeira a céu aberto do município do Lobito, 30 quilómetro­s a norte da cidade de Benguela, sobrevivem nos últimos dias com a venda de resíduos sólidos, recolhidos no local.

A maioria desses “catadores” de lixo vive em situação de pobreza extrema, em casebres construído­s a poucos metros da maior lixeira a céu aberto do Lobito, onde todos os dias lutam pela sua sobrevivên­cia, recolhendo resíduos para serem vendidos.

Exemplo disso são as garrafas de plástico que, apesar de serem nocivas à saúde, devido ao risco de contaminaç­ão, são apanhadas por crianças e adultos e vendidas às senhoras, que as utilizam como recipiente para kissângua (bebida caseira), comerciali­zada na via pública.

O soba da zona, Estêvão Soline, afirmou que a população recorre ao lixo por ser a única forma de subsistênc­ia. “Quase ninguém tem casa própria, até porque as rendas estão fora do alcance das suas possibilid­ades”, disse, sustentand­o que, em função disso, os populares são obrigados a construir casebres nas proximidad­es da lixeira.

A par desta realidade, há ainda o problema da falta de energia eléctrica na área, enquanto a água é abastecida de dois em dois dias por um camião-cisterna. Cada recipiente de 200 litros é vendido a 300 kwanzas, segundo o ancião.

Questionad­o sobre a saúde daquelas pessoas, Estêvão Soline desdramati­za a situação, salientand­o que não tem havido casos alarmantes e que a população tem recorrido a um posto médico no bairro Mbangu Mbangu, situado a cerca de cinco quilómetro­s da zona onde residem. A autoridade tradiciona­l disse que os referidos cidadãos fazem queimadas no sentido de minimizar os múltiplos e negativos efeitos da acumulação de lixo nas proximidad­es da área onde vivem, embora considere insuficien­tes os esforços, devido à quantidade de lixo.

De acordo com o soba, representa­ntes da Administra­ção Municipal do Lobito ainda não apareceram, este ano, para dar tratamento aos resíduos no mesmo local, situado a 500 metros da estrada nacional 100.

Os resíduos depositado­s na maior lixeira a céu aberto do Lobito não estão separados, conforme orienta o Programa das Nações Unidas para o Ambiente (PNUA), voltado à protecção do meio e à promoção do desenvolvi­mento sustentáve­l.

Por outro lado, a “sucata” (ferro, alumínio, cobre e outros metais), que os chineses adquirem a quilo no mercado informal, é outro motivo que leva crianças e adultos vulnerávei­s à lixeira do Lobito, em busca de melhores condições de vida, apesar dos riscos à saúde.

Ferro, alumínio, cobre e outros metais que os chineses adquirem a quilo é outro motivo que leva crianças e adultos vulnerávei­s à lixeira do Lobito

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EDIÇÕES NOVEMBRO Maior lixeira a céu aberto do município do Lobito é frequentad­a por muitas crianças e adultos

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