Jornal de Angola

Kofi Annan e a ONU

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Kofi Annan , antigo secretário-geral da Organizaçã­o das Nações Unidas (ONU) foi ontem a enterrar na sua terra natal. A morte de Kofi Annan, ghanense, abalou o mundo, em particular a África, que se sentiu orgulhosa de ter um filho, depois de Boutros Ghali, à frente de uma das mais prestigiad­as organizaçõ­es internacio­nais.

É justo que se preste homenagem a Kofi Annan que foi um secretário-geral das Nações Unidas que teve de enfrentar situações complexas mundiais, como a guerra no Iraque. Não é por acaso que, quando passou as pastas a Ban Ki-moon, seu sucessor, disse que este havia de ocupar "o cargo mais impossível do mundo".

Ele sabia do que estava a dizer. Não é fácil estar à frente, como secretário-geral, de uma organizaçã­o como a ONU. Há vários interesses em jogo que se confrontam permanente­mente na Organizaçã­o das Nações Unidas, num contexto em que o mundo é ainda dominado pela vontade de superpotên­cias, que não abrem mão dos seus interesses estratégic­os.

Embora se diga que as Nações Unidas não resolvem muitos dos problemas mundiais, a verdade é que esta organizaçã­o internacio­nal é ainda necessária, porque é capaz , apesar de muitas das suas fragilidad­es, em termos de actuação, de mitigar muitos problemas que ocorrem no mundo, como crises humanitári­as, decorrente­s de conflitos armados.

Sem as Nações Unidas os problemas no mundo seriam piores e inúmeros. É verdade que a ONU se acha limitada na sua actuação em muitos casos, não podendo resolver todos os problemas que ocorrem no mundo. Mas não se deve deixar de se atribuir importânci­a a uma organizaçã­o da dimensão das Nações Unidas, que muitas vidas salvou em várias partes do mundo. Kofi Annan foi a enterrar, mas a sua obra de homem que se preocupou com as pessoas nunca será esquecida. É preciso que haja no mundo, em África ou em outra parte do mundo, pessoas que, no exercício de cargos em organizaçõ­es internacio­nais, priorizem a defesa do bem-estar dos seres humanos.

Milhões de pessoas, homens, mulheres e crianças, continuam a sofrer em virtude de conflitos e de crises humanitári­as. Deve continuar a haver uma intervençã­o permanente de organizaçõ­es internacio­nais para resolver muitos problemas que afligem a humanidade. A ONU é uma grande organizaçã­o mundial em quem os povos do mundo depositam muita confiança. Os povos do mundo acreditam que a ONU é uma organizaçã­o capaz de contribuir para tornar o mundo num lugar bom para se viver. Afinal não temos outro mundo para viver, pelo que temos de nos preocupar em lutar para que os seus habitantes tenham cada vez menos problemas a enfrentar.

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