Jornal de Angola

Suu Kyi reconhece falhas na gestão da crise dos rohingya

Líder birmanesa foi alvo de críticas por manter o silêncio durante as atrocidade­s contra o grupo muçulmano

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A dirigente do Myanmar (antiga Birmânia), Aung San Suu Kyi, disse ontem que o país podia ter lidado melhor com a crise dos rohingya, num momento em que enfrenta pressões internacio­nais sobre atrocidade­s cometidas sobre aquela minoria muçulmana.

“Há, é claro, maneiras pelas quais, em retrospect­iva, a situação poderia ter sido melhor tratada”, afirmou Aung San Suu Kyi, no Fórum Económico Mundial da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean), que se realiza em Hanói, no Vietname.

A prémio Nobel da Paz é directamen­te visada num relatório da ONU, no qual se lamenta que Suu Kyi não tenha usado a sua “autoridade moral” para tentar impedir a campanha do Exército e das milícias budistas, que obrigou à fuga de mais de 700 mil rohingyas para o Bangladesh.

A líder do Myanmar disse ainda que os dois repórteres da agência de notícias Reuters, condenados por investigar­em o massacre dos rohingya, não foram condenados por serem jornalista­s, mas porque violaram a lei.

“Eles não foram presos por serem jornalista­s”, mas porque “o tribunal decidiu que eles violaram a lei”, disse, ao comentar pela primeira vez o julgamento do dia 4 de Setembro, no qual Wa Lone, de 31 anos, e Kyaw Soe Oo, de 27, foram condenados por violação da “Lei dos Segredos Oficiais”, uma lei de 1923.

Os dois foram detidos em Dezembro e acusados de terem recebido “importante­s documentos secretos” de dois polícias que estavam colocados no estado de Rakhine, onde as forças de segurança são acusadas de assassínio­s em massa de rohingya.

A alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, apelou no dia 10 de Setembro para a criação de um organismo internacio­nal independen­te para reunir provas sobre os crimes mais graves cometidos contra os rohingya em Myanmar.

Na primeira intervençã­o perante o Conselho de Direitos Humanos, Bachelet “saudou os esforços dos estados para criar um mecanismo internacio­nal independen­te (...) destinado a recolher, consolidar, preservar e analisar as provas dos mais graves crimes internacio­nais, a fim de acelerar o processo perante os tribunais nacionais e internacio­nais.”

Michele Bachelet explicou que o objectivo era complement­ar e apoiar o trabalho do Tribunal Penal Internacio­nal (TPI), que já se declarou competente para investigar a deportação da minoria muçulmana e que pode constituir um crime contra a humanidade.

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DR Aung San Suu Kyi discursou no Fórum Económico das Nações do Sudeste Asiático

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