ONU teme catástrofe na Faixa de Gaza
A ONU alertou quarta-feira sobre a situação catastrófica em que os palestinianos vivem na Faixa de Gaza e considerou que a suspensão da ajuda dos Estados Unidos aos refugiados pode criar ainda mais miséria.
“A suspensão da ajuda dos Estados Unidos criará mais miséria”, advertiu Mahmud Elkhafif, coordenador do programa de assistência da Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad) para os palestinianos.
“É catastrófico manter a população em Gaza num sistema organizado de pobreza que contrasta com a riqueza circundante”, disse Isabelle Durant, vice-secretária-geral da Unctad, em conferência de imprensa.
A Unctad afirma ainda que “para conseguir uma recuperação sustentável, é necessário prioritariamente levantar por completo o bloqueio israelita, reunificar Gaza e a Cisjordânia do ponto de vista económico e superar a crise energética, entre outras medidas.”
Em 2017, antes do anúncio dos Estados Unidos de que suprimiria qualquer ajuda à Agência das Nações Unidas para os Refugiados palestinianos (Unrwa), o apoio dos doadores já havia diminuído drasticamente (-10,5 por cento em relação a 2016) para representar apenas um terço do que foi em 2008, quando atingiu 720 milhões de dólares (620,6 milhões de euros), de acordo com o relatório.
“A campanha militar realizada por Israel entre 2008 e 2009 eliminou mais de 60 por cento do stock total de capital produtivo de Gaza do mapa e a greve de 2014 destruiu 85 por cento do capital remanescente”, acrescenta.
Acordo de Oslo
O território entre Israel, Egipto e o Mediterrâneo a Faixa de Gaza - está sujeito há mais de dez anos a um bloqueio israelita dirigido contra o movimento Hamas.
Grupos palestinianos pediram ontem a anulação dos Acordos de Oslo, assinados entre a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e Israel, sob mediação norteamericana, e culminados na Declaração de Princípios, assinada há 25 anos em Washington (Estados Unidos). O Hamas, a Jihad Islâmica na Palestina, a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) e a Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP) fizeram o pedido durante a conferência “União e resistência são a nossa opção”, organizada na Cidade de Gaza.
“Os Acordos de Oslo trouxeram resultados catastróficos aos palestinianos e sua causa e permitiram que Israel promovesse a ocupação militar nos territórios palestinianos”, disse Khalil al-Hayya, membro da direcção política do Hamas.
O dirigente pediu à Autoridade Nacional Palestiniana na Cisjordânia que se retire do acordo e declare que os resultados “estão cancelados”. Segundo Khalil Hayya, os palestinianos “pagaram um tóxico e doloroso preço” por essa assinatura.
O membro do movimento Hamas fez um apelo a todos os grupos palestinianos para um “acordo de união nacional completo, que inclua a reconstrução da classe política palestiniana e salve os esforços de resistência à ocupação”.
Os Acordos de Oslo estabeleceram o reconhecimento mútuo da OLP e de Israel e propiciaram a formação da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) como entidade de auto-governo anterior a um futuro Estado palestiniano independente. No entanto, 25 anos depois, esse documento não derivou em acordo de paz definitivo e nem no estabelecimento de um Estado palestiniano independente.