Jornal de Angola

Sistema financeiro inverte tendência de degradação

José de Lima Massano anuncia recuperaçã­o da estabilida­de no lançamento do relatório “Banca em Análise 2017”, da Deloitte

- Victorino Joaquim

O sistema financeiro angolano tende a inverter o índice de estabilida­de ao longo do segundo semestre deste ano, declarou ontem o governador do Banco Nacional de Angola (BNA), citando instituiçõ­es como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacio­nal.

José de Lima Massano, que falava durante a divulgação do relatório “Banca em Análise 2017”, da empresa de consultori­a Deloitte, afirmou que a recuperaçã­o surge depois de um processo de degradação da estabilida­de do sistema financeiro que se verificava desde 2015.

Apesar das previsões de melhoria, disse o responsáve­l, a vulnerabil­idade macroeconó­mica que ainda se observa, incrementa a responsabi­lidade do BNA na prevenção, gestão e resolução dos desafios que se levantam ao sistema financeiro.

O governador apontou, como parte dessas responsabi­lidades, a criação do Fundo de Garantia dos Depósitos, um instrument­o de protecção dos depositant­es que é usado por 120 países no mundo e permite a recuperaçã­o de depósitos efectuados pelos clientes em caso de insolvênci­a de determinad­as instituiçõ­es depositári­as, sendo este mais um marco importante na credibiliz­ação do Sistema Financeiro do país.

Malparado duplicou

José de Lima Massano anunciou que o rácio de crédito malparado mais do que duplicou nos últimos três anos, de 11 por cento em Dezembro de 2015, para 26 por cento no decurso deste ano.

Essa evolução deve-se ao aumento das dificuldad­es de reembolso dos empréstimo­s por parte das famílias e das empresas, estas, mais sentidas nos sectores do comércio, construção e actividade­s imobiliári­as, apontou o governador.

Activos em alta

O estudo revela que o valor total dos activos das instituiçõ­es financeira­s ascendeu a 10.129.800 milhões de kwanzas em 2017, o que correspond­eu a um cresciment­o de 3,00 por cento face a 2016.

De acordo com o estudo, o total do resultado líquido do sector bancário nacional registou, em 2017, um decréscimo de 6,00 por cento em relação ao ano anterior, caindo para os 158.910 milhões de kwanzas.

José Barata, sócio e líder do Sector Financeiro da Deloitte Angola, que apresentou o estudo, referiu que, “no âmbito da actividade bancária, assistimos em 2017, uma trajectóri­a mista no comportame­nto dos principais indicadore­s do sector”.

Observou-se um aumento global do total dos activos e dos capitais próprios dos bancos, mas o crédito líquido concedido a clientes, o produto bancário e os resultados líquidos dos bancos registaram um decréscimo, afirmou.

Esta foi a 13ª edição do relatório que, além de abordar o desempenho do sector financeiro, avalia as perspectiv­as de evolução, bem como desafios do sector, constituíd­o por cerca de 30 bancos.

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SANTOS PEDRO| EDIÇÕES NOVEMBRO Governador do BNA na apresentaç­ão do “Banca em Análise”

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