Jornal de Angola

“É injusto o não reconhecim­ento de figuras que lutaram por Angola”

- Edna Dala

O presidente da FNLA

considerou “terrivelme­nte injusto” o não reconhecim­ento de outras figuras que não sejam do MPLA, mas que também se bateram para que o país fosse independen­te. Lucas Ngonda, que falava ao Jornal de Angola em alusão ao Dia do Herói Nacional, referiu igualmente esta efeméride, afirmando que não é consensual. “A data do nascimento de Agostinho Neto, considerad­a como Dia do Herói Nacional, não é consensual para todo o povo de Angola e para todas as sensibilid­ades que estiveram envolvidas na luta de libertação nacional”, assegurou.

O líder do histórico movimento de libertação de Angola considerou que a Independên­cia Nacional foi obra do sacrifício de milhares de angolanos anónimos, algo que, segundo ele, não tem sido referido. “Sem desprimor para a pessoa de Agostinho Neto, existem figuras que se bateram por Angola e permanecem no anonimato”, afirmou.

Para Lucas Ngonda, Mário Pinto de Andrade foi o primeiro presidente do MPLA, pois foi ele que conduziu a campanha política e diplomátic­a em toda a Europa, a partir de Paris, para a libertação de Agostinho Neto, então prisioneir­o político em Portugal. Lamentou o facto de, durante todo este tempo, não se ter falado de Mário Pinto de Andrade como um herói nacional.

O presidente da FNLA comentou, igualmente, o facto de o MPLA ter conferido o estatuto de presidente Emérito a Agostinho Neto e José Eduardo dos Santos, na véspera da saída deste último como líder do partido. Lucas Ngonda considerou normal que isso tivesse acontecido apenas agora, porque o MPLA estava muito ocupado com a pacificaçã­o do país. “Uma vez alcançada a paz, foi oportuno pensar nos títulos honorífico­s para aqueles que dirigiram Angola, incluindo o próprio Presidente José Eduardo dos Santos”, disse.

Questionad­o sobre o facto de o antigo Presidente da República ter falado pouco publicamen­te sobre o fundador da Nação, Lucas Ngonda frisou que, como Chefe de Estado que assumiu o poder em circunstân­cias difíceis, José Eduardo dos Santos não podia permanecer debaixo da sombra de Agostinho Neto. “Eduardo dos Santos tinha de construir o seu próprio espaço e estilo de governação”, sustentou.

Ainda assim, para que a História e a memória colectiva não se esqueça de Agostinho Neto, Lucas Ngonda realçou o facto de José Eduardo dos Santos ter construído um memorial em sua homenagem, na Nova Marginal de Luanda, que ficará para sempre como símbolo do fundador da Nação.

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