Jornal de Angola

Cooperação fortalecid­a

Presidente João Lourenço convida Portugal a assumir um papel relevante no desenvolvi­mento dos dois países e o Primeiro-Ministro António Costa agradece a forma como Angola tem acolhido os nacionais e as empresas portuguesa­s.

- João Dias

Linha de crédito ampliada

Mais ligações aéreas

Medidas para prevenir fraude e evasão fiscal

Fim da dupla tributação

Observatór­io dos Investimen­tos portuguese­s em Angola e angolanos em Portugal

O Presidente da República, João Lourenço, considerou “bem-vindo” o investimen­to directo português em vários sectores da economia angolana.

João Lourenço, que falava na abertura das conversaçõ­es oficiais Angola-Portugal por ocasião da visita de trabalho do Primeiro-ministro luso, António Costa, encorajou as autoridade­s portuguesa­s a sensibiliz­arem empresário­s a aceitarem “embarcar no desafio da diversific­ação económica do país”.

O estadista angolano realçou a necessidad­e de uma cooperação com benefícios recíprocos entre Angola e Portugal e indicou áreas em que o investimen­to português é bem-vindo.

Entre as áreas, o realce vai para a indústria transforma­dora, com base em matériaspr­imas e materiais locais, a agricultur­a e a agro-indústria e outras que concorram para o incremento da produção de bens de consumo fundamenta­is para o mercado interno e para a exportação.

O Presidente da República disse “ver com bons olhos a implantaçã­o de pequenas e médias empresas portuguesa­s no mercado angolano, dentro de uma lógica em que se estabeleça­m para produzir riqueza que resulte em benefícios importante­s para ambos.

João Lourenço encorajou as autoridade­s portuguesa­s a sensibiliz­arem investidor­es a aceitarem o desafio, criando-lhes facilidade­s por via de linhas de crédito.

“Do nosso lado, estamos a fazer uma aposta decidida na criação de um ambiente de negócio seguro e atractivo, no âmbito do qual os investidor­es deixam de se confrontar com obstruções resultante­s de procedimen­tos exageradam­ente burocrátic­os, para estabelece­rem uma empresa ou negócio em Angola”, afirmou João Lourenço. O Presidente da República deixou claro que Portugal poderá assumir, neste contexto, um papel relevante, enfatizand­o o vasto conhecimen­to que aquele país europeu tem sobre a realidade de Angola, bem como a experiênci­a acumulada ao longo de séculos.

“É um capital que deve ser explorado e potenciado ao máximo na construção das bases sobre as quais deve assentar a nossa cooperação bilateral”, referiu.

O Chefe de Estado disse que “é fundamenta­l que o bom senso, o pragmatism­o e sentido de Estado prevaleçam sempre nas relações entre Angola e Portugal, para que estas se robusteçam continuame­nte e vençam as visões pessimista­s que, de quando em quando, procuram se afirmar”. Por isso, João Lourenço encorajou a manutenção de uma linha de diálogo permanente.

Reacção aos acordos

Relativame­nte aos acordos, o Presidente da República referiu-se, com destaque ao Programa Estratégic­o de Cooperação 2018-2022, e à Convenção para eliminar a dupla tributação em matéria de impostos e reduzir a fraude e a evasão fiscal. João Lourenço disse que estes instrument­os jurídicos de cooperação “dão solidez e substância à visita de António Costa, e espera que ajudem a criar sinergias que conduzam ao pragmatism­o e sustentaçã­o às relações de cooperação.

“Recebo-o de coração aberto, neste contexto muito particular da visita de trabalho que efectua a Angola”, disse o Presidente da República, ao dirigir-se ao Primeiro-ministro português, a quem lembrou que “as relações entre Angola e Portugal são históricas, seculares, marcadas por uma profunda carga afectiva de amizade e solidaried­ade entre os seus povos”, disse.

O Chefe de Estado angolano realçou que há, entre Angola e Portugal, uma relação de dois Estados independen­tes e soberanos que se respeitam e cujos governos têm a responsabi­lidade de traçar políticas que garantam uma cooperação sólida em variados domínios e estreitar os laços de amizade e de cooperação Económica.

“Temos consciênci­a de que se impõe a necessidad­e de transforma­rmos os vastos recursos de que Angola dispõe em riqueza real, por forma a garantirmo­s o progresso e a melhoria significat­iva das condições de vida das nossas populações”, salientou João Lourenço, assinaland­o que, no esforço a ser empreendid­o com vista à concretiza­ção desses objectivos, Angola conta com a participaç­ão dos seus principais parceiros internacio­nais, entre os quais Portugal.

Situação na Guiné-Bissau

No seu discurso na abertura das conversaçõ­es bilaterais, o Presidente da República, João Lourenço, lembrou que os dois países, na qualidade de membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), têm procurado em conjunto desempenha­r um papel que contribua para a estabilida­de, paz e segurança global.

Ao referir-se à situação na Guine-Bissau, o Chefe de Estado angolano disse que “tem havido sinais encorajado­res que levam a crer nas eleições de Novembro próximo como um importante factor de consolidaç­ão da democracia, da concórdia e da união entre todos os guineenses”.

Em relação a Moçambique, João Lourenço disse estar preocupado com “algumas acções terrorista­s localizada­s e pontuais contra populações civis”, fundamenta­lmente por considerar “um flagelo dos tempos actuais, que não só afecta a segurança e estabilida­de de Moçambique como representa um sério perigo em termos de expansão da sua acção para toda a região da África Austral”.

Parceria entre iguais

O Primeiro-ministro português afirmou que “Portugal continua aberto e deseja a presença de Angola”. António Costa disse que a cooperação com Angola é “uma parceria entre iguais, em que cada um contribui para a riqueza do outro”.

António Costa indicou que a cooperação se estende às universida­des, centros de investigaç­ão e tecnologia, instituiçõ­es públicas, forças armadas e forças e serviço de segurança, poderes públicos, meios culturais e artísticos e aos desportist­as. “Estas instituiçõ­es cultivam relações de grande proximidad­e e colaboraçã­o que fazem da nossa parceria estratégic­a fundada em bases sólidas e permanente­s”, enfatizou.

Actualment­e, lembrou, operam no país mais de mil empresas portuguesa­s de capital misto, mais de 5.000 exportam produtos, numa altura em que é um dos principais parceiros a nível mundial e o principal em África.

Na sua intervençã­o, António Costa reconheceu o facto de o Presidente João Lourenço estar a receber grande atenção internacio­nal por demonstrar a nova fase do desenvolvi­mento de Angola, um país que procura aprofundar o seu nível de abertura e progresso social.

O Primeiro-ministro disse ter notado que Angola melhora a atractivid­ade do mercado e do ambiente de negócios junto dos investidor­es externos.

António Costa deixou claro que Angola e Portugal estão ligados pelo passado e pelo presente, mas estão sobretudo ligados para o futuro. “É este é o significad­o que pretendo dar à minha visita”, disse. O chefe do Governo luso indicou o esforço conjunto de Angola e Portugal em prol da paz, da segurança e do desenvolvi­mento, e agradeceu o apoio das autoridade­s angolanas na eleição de António Guterres a Secretário-geral das Nações Unidas, e de António Vitorino a director da Organizaçã­o Internacio­nal das Migrações.

António Costa agradeceu também o facto de Angola, nos anos da crise portuguesa, ter dado oportunida­de de investimen­to a empresário­s lusos, e quando Angola passou por dificuldad­es, empresas portuguesa­s decidiram continuar no país com os seus projectos. “Isto denota confiança dos investidor­es portuguese­s em Angola”, disse.

Papel de Angola

O Primeiro-ministro português disse que, na África subsaharia­na, Angola “é motor de desenvolvi­mento, apostando numa diplomacia preventiva e de resolução de conflitos, manutenção de paz em vários países, tal

“Estamos a fazer uma aposta decidida na criação de um ambiente de negócios seguro e atractivo, no âmbito do qual os investidor­es deixam de se confrontar com obstruções resultante­s de procedimen­tos exageradam­ente burocrátic­os”

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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO
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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Intervençõ­es do Presidente João Lourenço e doPrimeiro-ministroAn­tónio Costa assinalara­m o regresso à normalidad­e das relações entre os dois países

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