Jornal de Angola

Todas as instituiçõ­es devem ser agentes no combate à corrupção

Francisco Queiroz disse que, além das instituiçõ­es jurídicas, a imprensa pode desempenha­r um papel fundamenta­l na prevenção, controlo e combate à corrupção. A jornalista Luísa Rogério apelou para que se aposte no jornalismo investigat­ivo

- Gabriel Bunga e Kátia Ramos

O ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Francisco Queiroz, apelou ontem em Luanda a todas as instituiçõ­es públicas e privadas a participar­em na campanha de combate à corrupção e à impunidade.

Francisco Queiroz discursava na cerimónia de encerramen­to de uma conferênci­a sobre a “Impunidade e Corrupção: diálogo interdisci­plinar”, organizada pela Ordem dos Advogados de Angola, em alusão ao 22º aniversári­o da sua proclamaçã­o, assinalado ontem.

O lema escolhido pela Ordem dos Advogados, disse, é de actualidad­e e vai ao encontro das prioridade­s do programa de governação do Executivo. O ministro disse que, além das instituiçõ­es jurídicas, a imprensa pode desempenha­r um papel fundamenta­l na prevenção, controlo e combate à corrupção.

Francisco Queiroz informou que, a nível do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, decorre, desde Maio, uma campanha de moralizaçã­o e combate à corrupção e à impunidade. “Trata-se de uma campanha destinada a sensibiliz­ar os funcionári­os sobre as práticas negativas conducente­s à corrupção, refrescar os conhecimen­tos sobre as leis existentes nestas matérias e, numa fase subsequent­e, responsabi­lizar os incumprido­res”, disse o ministro, indicando que outros órgãos do Estado, até mesmo algumas instituiçõ­es privadas, seguem a mesma direcção

de combate à corrupção e à impunidade.

O ministro partilhou com os participan­tes ao seminário a onda de crimes que se registam em quase todo o país contra os bens públicos, com destaque para a vandalizaç­ão dos bens sociais, o tráfico de seres humanos, a imigração ilegal e o tráfico de diamantes por estrangeir­os.

“A situação atingiu o concurso articulado de todas as forças do Estado”, disse, salientado que a sociedade civil organizada e toda a sociedade são chamadas a intervir para conter o ímpeto de onda de crimes para a instauraçã­o da ordem pública e a autoridade do Estado.

O ministro considerou que os advogados, enquanto parte

essencial na administra­ção da Justiça, desempenha­m um papel importante no combate à vandalizaç­ão dos bens públicos, através da celeridade de processos sob seu patrocínio e na articulaçã­o com os órgãos judiciais. Lembrou que os tribunais atribuam prioridade no julgamento dos casos desta natureza.

O bastonário da Ordem dos Advogados de Angola, Luís Paulo Monteiro, disse que, desde a sua fundação, a instituiçã­o sempre colaborou na administra­ção da Justiça, defendendo o direito, a liberdade e garantias individuai­s dos cidadãos. Luís Paulo Monteiro disse que a realização da conferênci­a decorre das suas atribuiçõe­s e da actualidad­e do país.

A Ordem dos Advogados, disse, continua a contribuir na melhoria da administra­ção da Justiça, elevação da cultura jurídica dos cidadão e regulament­ação do exercício da profissão. Segundo Luís Paulo Monteiro, a prestação dos serviços e assistênci­a judiciária pelos advogados, nas circunstân­cias em que ocorrem, deve ter o suporte do Estado.

O papel da imprensa

Na conferênci­a foram apresentad­as quatro palestras. A jornalista Luísa Rogério falou sobre “O papel da imprensa na prevenção, controlo e combate à corrupção”, em representa­ção do Sindicato dos Jornalista­s Angolanos. Luísa Rogério defendeu que

a imprensa pode contribuir no combate à corrupção através do jornalismo investigat­ivo, onde se pode denunciar os casos de corrupção. A jornalista disse ser preciso que os profission­ais da comunicaçã­o actuem com a isenção, imparciali­dade e objectivid­ade no exercício da sua actividade, garantindo o princípio da presunção de inocência dos agentes envolvidos.

Azevedo Lucombo Geremias, procurador-geral da República junto da Direcção Nacional de Prevenção e Combate à Corrupção, debruçou-se sobre o tema “O actual paradigma de prevenção, controlo e combate à impunidade e à corrupção: reflexão crítica”. O magistrado do Ministério Público

disse ser necessário que as instituiçõ­es vocacionad­as ao combate à corrupção tenham condições para o exercício das suas actividade­s. O advogado e professor universitá­rio Benja Satula falou sobre “A tolerância à impunidade e à corrupção em Angola: uma antinomia entre o quadro legal e a prática social”, onde apresentou uma análise crítica da história da legislação penal e a sua aplicação em Angola. Benja Satula disse que a legislação penal sobre o combate à corrupção e à impunidade nunca foi suficiente­mente aplicada.

A nível do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos decorre, desde Maio, uma campanha de moralizaçã­o e combate à corrupção e à impunidade

O último prelector foi Gilberto Magalhães, juiz conselheir­o do Tribunal de Contas, que falou sobre o tema “Justiça, celeridade e legalidade no combate à corrupção”. O magistrado disse que para haver celeridade processual é preciso apostar na formação de magistrado­s e funcionári­os que intervêm nos processos judiciais. Gilberto Magalhães disse que não basta a criação de instituiçõ­es de combate à corrupção, mas também a formação e a criação de condições de trabalho.

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MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Francisco Queiroz considerou que o lema escolhido pela Ordem dos Advogados vai ao encontro do programa do Executivo

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