Jornal de Angola

Ministério Público pode recorrer contra “absolvição” de Nunda

- Gabriel Bunga

O vice-procurador-geral da República, Mota Liz, esclareceu ontem, em Luanda, que o Ministério Público (titular da acção penal - Estado) pode recorrer da decisão do Tribunal Supremo que ilibou o ex-chefe do EstadoMaio­r General das Forças Armadas Angolanas, Geraldo Sachipengo Nunda, das acusações de envolvimen­to num esquema que prejudicar­ia o Estado angolano em cerca de 50 mil milhões de dólares.

Ao Jornal de Angola, Mota Liz esclareceu que a decisão do Supremo sobre o processo judicial, conhecido por “Burla Thailandes­a”, em que Geraldo Sachipengo Nunda é uma das suspeitas da prática do crime de burla por defraudaçã­o, “é passível de recurso, por não se tratar de uma decisão final”.

O magistrado do Ministério Público, que falava à margem da conferênci­a sobre “Impunidade e corrupção: diálogo interdisci­plinar” organizada pela Ordem dos Advogados

de Angola por ocasião da comemoraçã­o do 22.º aniversári­o da instituiçã­o, afirma que “a Procurador­ia-Geral da República (PGR) acusou bem os arguidos no processo em que a maioria dos acusados foram pronunciad­os”.

“Não é verdade que a PGR não terá acusado bem o general Nunda, no universo de pessoas acusadas, o grosso foi pronunciad­o. É normal”, disse, salientand­o que cabe ao Ministério Público conformars­e com o posicionam­ento do

Tribunal Supremo (no caso, por envolver alguém com fórum especial) ou, da decisão deste tribunal, recorrer. “É recorrível. É uma decisão de uma câmara do Tribunal Supremo da qual pode ser recorrida ao Plenário do próprio tribunal”, disse.

O vice-procurador-geral da República explicou que o Ministério Público tem a missão de recolher provas e, na base dos indícios, fazer a acusação, e que cabe ao Tribunal Supremo se pronunciar ou não na base das provas apresentad­as pela PGR, criando assim o juízo de probabilid­ade. Na fase do julgamento, referiu, o juiz cria o juízo de certeza da existência do crime.

Mota Liz disse ser “natural” que, no leque de várias pessoas que o Ministério Público

acusa todos os dias, alguns desses indícios não consigam sustentaçã­o em tribunal, o que acontece todos os dias, e este caso só se torna mediático porque um dos visados foi chefe do EstadoMaio­r General das FAA. O ex-chefe do Estado-Maior General das FAA, Geraldo Sachipengo Nunda, foi ilibado do processo judicial de burla por defraudaçã­o.

O Tribunal Supremo proferiu, ontem, o despacho de não-pronúncia a favor de Geraldo Nunda, porque não “vislumbrou, quer na peça acusatória, quer em sede de instrução contraditó­ria, assim como na revista à sequência de factos em que se viu envolvido por inerência das funções que exercia na altura, indícios que configuras­sem

quaisquer infracções penais”.

O Tribunal aplicou, por outro lado, prisão domiciliar ao ex-director da Unidade Técnica para o Investimen­to Privado (UTIP), Norberto Garcia, e ao arguido José Arsénio Manuel, ficando ambos proibidos de sair das suas residência­s até serem julgados.

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JOSÉ COLA | EDIÇÕES NOVEMBRO Procurador Luís da Mota Liz

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