Jornal de Angola

Uma data cheia de utopias

- Osvaldo Gonçalves

Hoje, 21 de Setembro, é celebrado o Dia Internacio­nal da Paz, data que parece carregada de alguma ironia, a ter em conta o clima de guerra que se vive em diversas regiões do planeta e à escalada armamentis­ta a que se assiste. Mas a verdade é que a mesma foi declarada a 30 de Novembro de 1981, pela Assembleia Geral das Nações Unidas. Por ocasião da data, em 2006, o então secretário-geral da ONU, Kofi Annan, recentemen­te falecido, afirmou: “há vinte e cinco anos, a Assembleia Geral (da ONU) proclamou o Dia Internacio­nal da Paz como um dia de cessar-fogo e de não violência em todo o mundo. Desde então, a ONU tem celebrado este dia, cuja finalidade não é apenas que as pessoas pensem na paz, mas sim que façam também algo a favor da paz”. Irónico é também o facto de muitos confundire­m o Dia Internacio­nal com o Dia Mundial da Paz, inicialmen­te chamado apenas Dia da Paz, comemorado a 1 de Janeiro e criado em 1967, pelo papa Paulo VI, que, a 8 Dezembro desse ano, escreveu uma mensagem propondo a criação da data. A propósito, refere-se que opapa Paulo VI não queria que a comemoraçã­o se restringis­se aos católicos, pois, para ele, a verdadeira celebração só estaria completa se

envolvesse todos os homens. “A proposta de dedicar à paz o primeiro dia do novo ano não tem a pretensão de ser qualificad­a como exclusivam­ente nossa, religiosa ou católica. Antes, seria para desejar que ela encontrass­e a adesão de todos os verdadeiro­s amigos da paz”, dizia na altura o chefe da Igreja Católica. Mais irónico ainda é referir que bastariam 10 por cento do dinheiro gasto pelos estados em despesas ligadas à defesa para cobrir os custos dos objectivos globais que visam terminar com a pobreza e a fome em 15 anos. Só no ano passado, o total de gastos militares mundiais foi de 1,739 trilhões de dólares, mais 1,1 por cento do que em 2016. Os Estados Unidos da América continuam a ter as maiores despesas militares do mundo. Em 2017, gastaram mais com as suas forças armadas do que os sete países que mais consumiram juntos. Em 2016 e 2017, os gastos foram de 610 biliões de dólares. Mas a Rússia, China, Arábia Saudita, Índia, assim como a OTAN, no seu conjunto, e cada uma das potências europeias, em particular, somam despesas militares volumosas.Pelo caminho que se segue, adivinha-se já que o ano de 2018 feche a registar um agravament­o das despesas militares.

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