Jornal de Angola

Novas sanções agravam tensão entre Moscovo e Washington

Moscovo alerta Washington que o novo embargo aplicado a pessoas e empresas russas pode tornar-se perigoso e ameaça “a estabilida­de mundial”

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A Rússia alertou ontem os Estados Unidos que as novas sanções aplicadas a pessoas e empresas russas ameaçam “a estabilida­de mundial” e acusou Washington de “brincar com fogo.”

“Seria bom lembrarem-se de um conceito como o da estabilida­de global, que minam de maneira irreflecti­da”, declarou num comunicado o viceminist­ro Sergei Riabkov, acrescenta­ndo que “brincar com fogo é estúpido porque se pode tornar perigoso.”

Na quinta-feira, Washington anunciou ter sancionado pela primeira vez uma entidade estrangeir­a por comprar armas russas, nomeadamen­te uma unidade do Exército chinês que adquiriu caças e mísseis terra-ar.

Os Estados Unidos também colocaram mais 33 pessoas e entidades russas do sector militar e do serviço de informação do Governo de Moscovo, com as quais qualquer transacção é proibida em matéria de armamento sob pena de sanções, na sua lista negra.

Para Sergei Riabkov, existe nos Estados Unidos “um prazer nacional em tomar medidas anti-russas”, calculando que esta é a sexagésima ronda de sanções contra a Rússia desde 2011.

“Cada nova ronda de sanções demonstra a total falta de resultados desejados pelos nossos inimigos (...). As listas negras norte-americanas duplicam-se cada vez mais. É engraçado, mas é assim”, acrescento­u o diplomata na declaração emitida pelo Ministério dos Negócios Estrangeir­os russo.

Assegurand­o que “ninguém jamais terá sucesso” em “ditar as condições” à Rússia, o vice-ministro convidou “os operadores da máquina de sanções de Washington a familiariz­arem-se pelo menos de maneira superficia­l com a história russa, a fim de evitarem agitar-se em vão.”

Entre os novos integrante­s à “lista negra” norte-americana está Igor Korobov, o chefe do Serviço de Informação Militar Russo (GRU).

A organizaçã­o paramilita­r Wagner e o seu financiado­r Evgeny Prigojine, um empresário próximo ao Presidente Vladimir Putin, foram igualmente sancionado­s.

China condena a medida

O Governo chinês condenou ontem as sanções impostas pelos EUA contra a compra de armamento russo, que incluem o congelamen­to de activos do Ministério chinês da Defesa, numa altura de fortes tensões comerciais entre Pequim e Washington.

“O gesto dos EUA viola seriamente os princípios fundamenta­is das relações internacio­nais e afecta gravemente as relações entre os dois países e os seus exércitos”, disse Geng Shuang, porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeir­os.

De acordo com o viceminist­ro russo dos Negócios Estrangeir­os, Sergei Rabkov, esta é a sexagésima ronda de sanções contra o seu país desde 2011

Geng revelou que Pequim apresentou já um protesto formal a Washington.

“Exigimos aos Estados Unidos que corrijam este erro, imediatame­nte, e retirem as chamadas sanções, caso contrário, irão sofrer consequênc­ias”, alertou.Sobre a compra de armamento à Rússia, o porta-voz chinês lembrou que aquele país é “um parceiro estratégic­o” de Pequim.

A cooperação com Moscovo visa defender os “interesses legítimos de ambos os países” e a “paz e estabilida­de regionais”, sem visar “nenhum país terceiro”, garantiu.

Washington impôs sanções ao Ministério da Defesa da China por comprar mísseis e aviões militares russos.

É a primeira vez que os EUA penalizam um organismo estrangeir­o por manter negócios com a Rússia.A Administra­ção de Donald Trump justificou a medida com a necessidad­e de aumentar a pressão sobre Moscovo e as suas “actividade­s malignas.”

As sanções financeira­s atingem uma unidade chave do Ministério chinês da Defesa, o Departamen­to de Desenvolvi­mento de Equipament­os, e o seu director, Li Shangfu.

Em causa, está a compra de aviões de caça Su-kh Su-35, no final de 2017, e equipament­os do sistema de defesa aérea russo S-400, no início de 2018. A decisão surge numa altura de renovadas tensões entre Pequim e Washington, em torno de questões comerciais.

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DR Sergei Riabkov acusa as autoridade­s norte-americanas de brincar com fogo

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