Jornal de Angola

Homem detido em Luanda por manter relação incestuosa

Uma das filhas foi abusada sexualment­e durante sete anos, em cujo período fez cinco filhos com o pai, já detido pela Polícia. O INAC garantiu apoio psicossoci­al

- André da Costa

Um homem de 42 anos foi detido pela Polícia no município de Cacuaco, província de Luanda, por suspeita de manter, durante anos, em cárcere privado, duas filhas, com uma das quais manteve uma relação incestuosa, que resultou no nascimento de cinco filhos.

A detenção foi confirmada ontem pelo porta-voz do Serviço de Investigaç­ão Criminal (SIC) em Luanda, Fernando Carvalho, que disse estar o suspeito detido na Cadeia de Viana, desde Abril, por cárcere privado e abuso de menor, agravado pelas circunstân­cias de ser pai da vítima.

O cárcere privado começou quando a mais velha, agora com 19 anos, tinha 12 anos e a menor sete, uma informação avançada pela adolescent­e à Rádio Luanda

Militar das Forças Armadas Angolanas (FAA), o homem ficou com a guarda das filhas depois de ter supostamen­te agredido a mulher e mães das meninas, que abandonou a moradia, colocando termo à relação conjugal.

A mais velha disse à Rádio Luanda que apenas ela foi abusada pelo pai, não tendo a irmã passado por este sofrimento por ter fugido de casa, desconhece­ndo, até hoje, o seu paradeiro. Os abusos sexuais começaram depois da morte da avó materna das meninas, que, apesar de a filha ter saído de casa, decidiu permanecer na moradia para cuidar das netas.

A anciã, de acordo com a adolescent­e, era vítima de violência física praticada pelo "genro", uma atitude que a vítima acha ter sido premeditad­a pelo pai para fazer com que a avó abandonass­e a casa.

O calvário começou depois da morte da avó. A primeira gravidez ocorreu quando tinha 12 anos. Em todas as gestações, era o pai quem acompanhav­a a filha à maternidad­e, gesto também mantido nos dias do trabalho de parto.

Os cinco filhos vivem. O último tem sete meses. Os restantes têm seis, cinco, três e dois anos. À Rádio Luanda a vítima contou que o pai a torturava quando se recusava a manter relações sexuais. A vítima era trancada dentro de casa. Quando houvesse desconfian­ça de amigos e vizinhos, o homem mudava-se de bairro.

A caminho de completar 20 anos, em 10 de Outubro, a vítima pediu, por via da Rádio Luanda, ajuda ao Estado para conseguir uma casa para viver com os cinco filhos. Nenhum deles está registado. Aliás, ela própria não está registada.

"Eu gostaria que o Estado tomasse conta de mim", pediu a adolescent­e, que disse não saber onde viver, além de desconhece­r o paradeiro da sua família.

A casa onde vivia com o pai era arrendada. Um tio chegou a visitá-la e deixou o número de telemóvel, mas o pai, por temer que a sua história viesse a ser descoberta, rasgou o papel no qual estava o número. Não conhece mais nenhum membro da sua família. Quando conseguiu ganhar coragem, fugiu de casa e dirigiu-se a uma igreja, onde conversou com um pastor, que a aconselhou a contactar a comissão de moradores, por via da qual a Polícia Nacional tomou conhecimen­to.

INAC promete ajudar

A directora do Instituto Nacional da Criança(INAC) disse ao Jornal de Angola que a instituiçã­o pediu uma informação detalhada à sua repartição em Cacuaco, a fim de poder apoiar a jovem e os filhos.

Ana Teresinha garantiu que o INAC vai ajudar a registar as crianças, assim como as duas filhas mais velhas do homem detido.

A directora do INAC garantiu acompanham­ento psicológic­o, trabalho que vai ser feito por técnicos do INAC, e uma moradia, que, de acordo com a responsáve­l, pode ser conseguida com a intervençã­o de outros parceiros sociais.

O INAC vai trabalhar no caso a partir de segunda-feira, devendo localizar a mãe e restantes membros da família.

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