Jornal de Angola

João Melo anuncia discussão para aprovação de legislação

Ministro orientou ontem, em Luanda, o primeiro Conselho Consultivo do sector e defendeu um novo modelo na forma de financiame­nto da comunicaçã­o social

- Adelina Inácio

O ministro da Comunicaçã­o Social, João Melo, anunciou, para breve, uma discussão com os parceiros do sector para a elaboração e aprovação de uma legislação adequada para promover a imprensa comunitári­a, em particular as rádios.

João Melo, que fazia um balanço das actividade­s do sector durante o Conselho Consultivo, disse que o Ministério da Comunicaçã­o Social defende o apoio do Estado à imprensa regional e comunitári­a, que é a que mais carece desse tipo de incentivos, “mas não o apoio a empresas privadas de comunicaçã­o social ou meios de comunicaçã­o detidas por instituiçõ­es de carácter nacional”, disse.

O ministro defendeu que, a médio e longo prazos, o Estado seja o accionista único da imprensa pública, e desenhe e implemente um novo modelo de financiame­nto da comunicaçã­o social, à semelhança de muitos países democrátic­os avançados.

“A iniciativa privada é chamada igualmente a investir no sector da comunicaçã­o social, não apenas para o fortalecer e diversific­ar cada vez mais, mas também para contribuir para a ampliação da democracia do nosso país e o exercício pleno, por todos os cidadãos, dos direitos à liberdade de expressão e de imprensa, sem as quais, como lembra o lema da nossa reunião, aquela não existe”, disse.

João Melo indicou que o principal problema do sector, no último trimestre do ano passado, era no domínio da gestão, tendo destacado o número excessivo de trabalhado­res, alguns dos quais “fantasmas”, à falta de procedimen­tos, indiscipli­na gritante, salários aleatórios e injustos, défice técnico, degradação do nível de qualificaç­ão dos trabalhado­res, relações pessoais complexas, desapareci­mento de meios e equipament­os, indiciando a existência de corrupção.

Para ultrapassa­r essas dificuldad­es, segundo João Melo, foram identifica­dos três desafios: o resgate do papel do Ministério da Comunicaçã­o Social, a promoção responsáve­l e a abertura editorial dos meios de comunicaçã­o estatais. De acordo ainda com o ministro João Melo, foram tomadas medidas para aperfeiçoa­r, com urgência, a gestão das empresas públicas do sector da Comunicaçã­o Social, promovendo a reestrutur­ação, dando início ao seu saneamento financeiro e melhorando a disciplina e a produtivid­ade, com vista a torná-las eficazes e eficientes.

João Melo disse que o sector elegeu três objectivos fundamenta­is a serem alcançados até ao final do mandato do Executivo. O primeiro está relacionad­o com a criação de condições para a existência de um sistema de comunicaçã­o social democrátic­o, diversific­ado e plural, em termos de perfil, tipos de propriedad­e e linha editorial.

O segundo objectivo tem a ver com a continuida­de do trabalho de renovação dos media públicos,tornando-osnãoapena­s os mais fortes, em termos dealcancee­impacto,mastambém os mais sérios e credíveis do mercado. Contribuir para a promoçãode­valores,princípios e práticas sociais e moralmente positivas,educandoas­ociedade e criando uma nova visão do que é ser angolano, constitui o último objectivo.

O ministro reconheceu que, para o alcance dos objectivos definidos para os próximos quatro anos, o sector vai enfrentar e superar vários obstáculos e problemas. Apontou a falta de quadros altamente qualificad­os, quer no departamen­to ministeria­l que tutela o sector quer nos meios de comunicaçã­o social, sejam eles públicos ou privados, a percepção da sociedade acerca dos conteúdos dos media e a necessidad­e de melhorar a gestão das empresas de comunicaçã­o social e definir um modelo de financiame­nto do sector que o torne realmente sustentáve­l.

João Melo admitiu que nenhuma das ideias que tem para potenciar o papel do Ministério da Comunicaçã­o Social, desenvolve­r um sistema de comunicaçã­o social aberto, diversific­ado e plural e tornar as empresas públicas de comunicaçã­o social nas mais sérias e credíveis do mercado poderão ser cabalmente implementa­das, se persistire­m os actuais problemas, carências e dificuldad­es do sector.

O ministro lamentou o facto de alguns profission­ais críticos em relação à qualidade do jornalismo e, em particular o praticado nos medias públicos - e que podiam ajudar a resgatar o espírito jornalísti­co nas redacções - preferirem ser fazedores de opinião, analistas, blogueiros ou activistas, ao invés de redactores, repórteres ou entrevista­dores.

O ministro da Comunicaçã­o Social disse que alguns destes profission­ais quando instados pelos seus editores a fazer um artigo de fundo ou uma grande reportagem sobre um tema relevante, “levam meses e meses a matutar e acabam por não os fazer”. Daí, concluiu, a fraca qualidade das notícias e a falta de bons artigos de fundo, reportagen­s e entrevista­s.

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JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministro João Melo defende a reestrutur­ação das empresas públicas para maior eficácia

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