Propinas nos colégios privados podem subir no próximo ano
O presidente da Associação Nacional do Ensino Privado diz haver um processo de regularização das propinas
O Instituto de Preços e Concorrência, um órgão do Ministério das Finanças, pode vir a autorizar, no próximo ano, alguns colégios privados a aumentarem as propinas, depois de receber uma proposta do Ministério da Educação.
Esta possibilidade foi levantada quinta-feira pelo presidente da Associação Nacional do Ensino Privado (ANEP), António Pacavira, que confirmou a existência de um processo em curso de regularização das propinas nos colégios privados em Angola e que o mesmo decorre “a bom ritmo.”
António Pacavira informou que os colégios estão instruídos a entregar à ANEP, até ao dia 25 deste mês, uma proposta de alteração de propinas, que vai ser depois remetida ao Ministério da Educação para este departamento ministerial fazer chegar ao Instituto de Preços e Concorrência.
“Só as escolas autorizadas, cujos nomes forem publicados nos meios de comunicação social, é que poderão alterar as suas propinas”, declarou António Pacavira, que falava à comunicação social no encerramento da Feira “Expo Ensino Particular”, quinta-feira. A ANEP está a executar, desde 2010, um processo de requalificação dos colégios, por via do qual atribui as categorias A e B aos colégios legalizados, com critérios de avaliação definidos pela associação.
Em todo o país, existem mais de 1.600 colégios privados, mas apenas 311 estão na categoria A, a maioria dos quais localizados na província de Luanda. Em 2010, estavam apenas 15 colégios no grupo A, explicou António Pacavira que disse ser previsão da instituição a entrada para o grupo A de pelo menos 500 colégios no próximo ano.
“A ANEP tem feito um trabalho muito apurado ao longo deste anos para melhorar o nível destas instituições”, garantiu António Pacavira. Dos mais de 1.600 colégios existentes, 1.207 estão em Luanda, sendo 1.203 nacionais e sete estrangeiros.
António Pacavira considerou “positivo” o balanço da feira e declarou ter ultrapassado as expectativas. António Pacavira anunciou, para o próximo ano, a introdução das disciplinas de programação e robótica a nível do ensino primário em 30 colégios.
A intenção, acrescentou, é dotar os alunos do ensino primário com estas valências, para terem as mesmas oportunidades que têm os alunos europeus, americanos e asiáticos. “Os alunos angolanos têm o mesmo potencial que qualquer criança estrangeira”, afirmou António Pacavira. As disciplinas de programação e robótica, na rede privada de ensino em Angola, só existiam no programa curricular do ensino médio, mas fora do país são leccionadas desde a terceira ou quarta classes.
O presidente da ANEP lembrou que, neste ano lectivo, foi introduzido o xadrez como disciplina curricular. No seu entender, é um erro continuar a oferecer lápis e cadernos aos alunos.
“A escola que apenas ensina a ler e a escrever já está a ficar para trás. Hoje, estamos num mundo moderno e temos de acompanhar a evolução e as expectativas das crianças e das suas famílias”, acentuou António Pacavira, que afirmou ter a feira demonstrado que “temos compromisso com o futuro, porque há colégios com qualidade, com excelência.”
Acordo com a UPRA
Na cerimónia de encerramento da feira, foi celebrado um acordo de cooperação entre a ANEP e a Universidade Privada de Angola (UPRA), cujo documento garante aos melhores alunos dos colégios a frequência de um curso de três meses no estabelecimento de ensino superior. Os que tiverem melhores resultados no curso vão beneficiar de bolsas de estudo concedidas pela Universidade Privada de Angola. António Pacavira afirmou que o acordo vai valorizar a meritocracia.
O vice-reitor para a Área Científica da UPRA, José Ribeiro, defendeu a criação de políticas para a melhoria do ensino no geral, porque”não basta apenas reconhecer que a qualidade do ensino de base é ruim”. José Ribeiro acrescentou que “temos de trabalhar juntos porque quem mais sofre com isso (fraca qualidade do ensino de base) são as universidades.” O responsável afirmou que “uma boa parte dos alunos que terminam o ensino geral não sabe o que vai fazer na universidade.”
O responsável lamentou o facto de não haver em Angola “muitos testes de aptidão profissional” e acentuou que o acordo celebrado é “uma forma de mostrar aos jovens o que se tem ensinado no ensino superior e as vantagens de frequentar uma universidade.”
Dos mais de 1.600 colégios existentes, 1.207 estão em Luanda, sendo 1.203 nacionais e sete estrangeiros