Jornal de Angola

Mãos de ouro de Cabaça seguram as meias-finais

Golo magistral de Mongo reforçou a confiança do 1º de Agosto na decisão da eliminatór­ia no reduto do colosso TP Mazembe

- Honorato Silva

Em clara desvantage­m na cotação da eliminatór­ia, por ter pela frente o TP Mazembe, colosso africano, o 1º de Agosto escreveu ontem mais um capítulo dourado na história do futebol angolano, ao garantir a presença nas meiasfinai­s da Liga dos Clubes Campeões, mercê do empate (1-1), em Lubumbashi.

Dizem os cânones da bola que o “ranking” se mede em campo. Assim, depois de 180 minutos de uma disputa intensa pelo apuramento para a próxima etapa da competição, os tri-campeões angolanos mostraram ao continente de que massa são feitos. Rejeitaram o papel de animadores do banquete dos favoritos, com o prolongar da estadia na grande montra da modalidade.

Determinad­os em honrar a memória dos cinco adeptos que morreram no jogo da primeira “mão”, na maior enchente do Estádio Nacional 11 de Novembro, depois do Angola-Mali do CAN’2010, os militares do Rio Seco, orientados pelo sérvio Zoran Maki, fizeram valer a sua maior virtude, a coesão defensiva.

E, numa tarde de pouca estabilida­de de Dani Masunguna, as mãos de Tony Cabaça mantiveram os rubro e negros firmes no sonho africano. Ben Malango, no primeiro tempo, e Trésor Mputu, no segundo, viram os penalties causados pelo “capitão” defendidos por um guardarede­s destemido, que encheu a baliza.

A presença em massa dos adeptos foi insuficien­te para pressionar os jogadores do 1º de Agosto, que, como esperavam, conseguira­m enervar o adversário, bem-sucedido aos 12 minutos, quando Jackson Muleka aproveitou uma tabelinha, à entrada da área, e colocou os congoleses democratas em vantagem na discussão do apuramento.

Por instantes, pairou a dúvida no ar. Os pupilos de Maki seriam capazes de regressar à eliminatór­ia? A resposta foi afirmativa. O grupo soube sofrer e contrariar a arrogância dos donos da casa, empenhados em arrumar quanto antes a disputa do passe, com base no estatuto de líder do “ranking” continenta­l.

A resposta chegou aos 34 minutos, dos pés de Mongo, na transforma­ção de um livre. Sylvain Oguou, guardarede­s internacio­nal pela Costa do Marfim, ficou pregado ao solo e o narrador da Rádio 5 enganado pelo golpe de vista. A bola estava dentro da baliza.

O TP Mazembe, dominador em Luanda, começou a fazer contas à vida. Quase não se fez notar em casa, tudo porque os militares levaram a lição bem estudada, sobretudo no estrangula­mento da engrenagem no meio campo, com a entrada de Macaia, que deu altura e músculo à equipa, no contacto físico.

De regresso à titularida­de, Isaac fechou o corredor direito, enquanto Paizo respondeu à exibição de luxo de Guelor com apontament­os de elevado nível técnico e táctico. A dupla de laterais esteve à altura das exigências do desafio, apesar dos desequilíb­rios pontuais na reposição defensiva.

No meio campo, Show e Ibukun foram muito interventi­vos no bloqueio do processo de construção dos “Corvos”, cujas investidas no ataque tiveram a oposição de Bobó, jogador habituado ao ambiente criado nas bancadas. Fez cortes providenci­ais.

Talento à solta

Afastado do primeiro jogo, por acumulação de cartões amarelos, Geraldo confirmou os receios do técnico Mihayo Kazembe. O médio criativo agitou os flancos, deixando em apuros a defesa que esteve relaxada em Luanda, dada a falta de nervo no ataque do campeão angolano lançado por Zoran Maki.

Ficou claro que o desempenho da equipa é totalmente diferente, quando o extremo está em campo. Os defensores adversário­s tiveram de recorrer à falta para travar a vertigem criada pelo fantasista, que trata a bola com invulgar familiarid­ade.

Na partida dirigida por Mehdi Abid Charef, auxiliado por Adbelhak Etchiali e Mokrane Gourari, todos da Argélia, Zoran Maki fez alinhar Tony Cabaça; Paizo, Dani Masunguna (cap), Bobó e Isaac; Macaia, Show (Yisa, 75 min), Ibukun (Buá, 90+1 min), Geraldo e Mongo (Mário, 82 min); Jacques, quando Mihayo Kazembe apostou em Sylvain Oguou; Jean Kasusula, Issama Mpeko, Mputu Mabi e Nathan Sinkala; Chongo Kabaso e Kevin Zatu; Koffi Kouame (Mika Michee, 79 min), Jackson Muleka (Glody Likonza, 61 min) e Rainford Kalaba (cap) (Elia Mechak, 46 min); Ben Malango.

Esperance de Túnis

A passagem da eliminatór­ia leva o 1º de Agosto a reencontra­r o Esperance de Túnis, seu carrasco na final da Taça dos Vencedores das Taças, perdida em 1998, em pleno estádio da Cidadela.

A formação tunisina derrotou ontem, na outra partida dos quartos-de-final, os compatriot­as do Étoile du Sahel, por 1-0, resultado que reforçou o 2-1 da primeira “mão”.

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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO Remate de Mongo dá vantagem na eliminatór­ia e garante qualificaç­ão do 1º de Agosto

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