Jornal de Angola

CARTAS DOS LEITORES

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A PGR angolana

Atendendo aos últimos desenvolvi­mentos, relativame­nte ao funcioname­nto da Procurador­ia-Geral da República, uma das perguntas que provavelme­nte muitos farão é a seguinte : porque é que tudo isso que a PGR hoje está fazer não fazia antes ?

Os técnicos são os mesmos, as instalaçõe­s idem e não me consta que a PGR sofreu uma grande reestrutur­ação para, um ano depois, passar a gerir numerosos processos que resvalaram na formalizaç­ão de acusações e detenções. Será que não havia vontade política até antes do dia 26 de Setembro de 2017 quando, contrariam­ente nos discursos se apontava inclusive a corrupção como o segundo mal a “abater” a seguir à guerra ? Como diz a experiênci­a popular “mais vale tarde que nunca” e como angolano apenas devo congratula­r-me pelos últimos desenvolvi­mentos em matéria de protagonis­mo por parte da PGR.

Na verdade, começam a tornar-se verídicas as palavras do Presidente João Lourenço segundo as quais era necessário seria apenas deixar o poder judicial trabalhar. A continuar como a sociedade testemunha, parece que daqui para frente vai ser vergonhoso exibir bens patrimonia­is que contrariam o esforço e trabalho para os adquirir. Ainda bem que assim venha a ser porque, na verdade, a corrupção continua ainda a pesar muito na sociedade angolana.

ALBERTO QUINTINO Vila Clotilde

Atenção à agricultur­a

Penso que muito já se escreveu sobre o papel da agricultur­a no país, mas nunca é demais abordar a atribuição que este sector tem, ainda que seja para instar quem de direito sobre os desafios reais do país. Socorrendo-me ainda das palavras do Presidente da República, João Lourenço segundo as quais “tínhamos que esquecer ainda o petróleo”, julgo que podemos fazer isso. Contrariam­ente à ideia de que não temos ainda condições de nos desfazermo­s do petróleo enquanto principal fonte de receitas do Estado, na verdade, não precisamos de colocar completame­nte de lado esta importante “commodity”. Precisamos de gradualmen­te dar espaço a um sector que, além de empregar mais pessoas, está directamen­te ligado às necessidad­e mais básicas e imediatas das famílias.

Nas zonas rurais, a dependênci­a da agricultur­a é, nalguns casos, praticamen­te total, razão que por si só explica a necessidad­e das instituiçõ­es dedicarem mais atenção a este importante ramo da economia.

ALMERINDO COSTA Ilha de Luanda

Brexit e África

As economias emergentes de África deviam olhar com "olhos de ver"o desenrolar do divórcio que se encontra prestes a ocorrer entre a União Europeia e o Reino Unido, numa altura em que em termos económicos os principais parceiros daquele último poderão ser beneficiár­ios. As conversaçõ­es continuam, mas alguns sectores não cessam de vislumbrar a perspectiv­a que se desenha, nomeadamen­te de uma saída do Reino Unido sem um acordo, facto que deixaria este país mais vulnerável.

Afinal, cerca de 60 a 70 por cento das exportaçõe­s do Reino Unido encontram mercado na União Europeia.

E se porventura, o Brexit se efectivar sem um acordo não há dúvidas de que em África grande parte das suas economias emergentes podem explorar o vazio que se produz com esta realidade. Espero que os países africanos estejam a colocar os seus centros de saber ao serviço das suas economias e ao ponto de estrategic­amente se antecipare­m aos factos.

Não é inteiramen­te recomendáv­el que esperem pelo desenrolar dos eventos para depois materializ­arem as suas agendas na medida em que existem muitas situações previsívei­s agora que podem conhecer já a tomada de medidas preventiva­s.

Tornar flexível as leis do investimen­to estrangeir­o, ter como alvo preferenci­al as empresas, negócios ou produtos “Made In UK”, que poderão conhecer dificuldad­es de penetração no mercado comum da União Europeia.

Enfim, existem uma gama de medidas que as economias emergentes de África podem tomar para um melhor aproveitam­ento das vantagens que podem advir desse divórcio entre a União Europeia e o Reino Unido.

Como africano, apenas espero que os países deste continente consigam fazer bom proveito das guerras comerciais um pouco por todo o mundo para bem das suas economias.

FILIPE FERREIRA Lobito

Merenda para pobres

Já muito se escreveu sobre a merenda escolar e esta não será, segurament­e a primeira, muito menos a última carta relacionad­a com o tema. Sou encarregad­a de educação com cinco menores que se encontram a estudar em escolas públicas. De manhã, nem sempre é possível preparar o devido lanche que os deve acompanhar à escola, razão pela qual a existência da merenda escolar joga um papel relevante como um complement­o.

APOLINÁRIO PINTO Camama

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