Nações Unidas exigem transparência no processo eleitoral
A duas semanas da realização de eleições, São Tomé e Príncipe atravessa um momento de normal agitação política, com as Nações Unidas a pedirem calma para que a transparência do processo eleitoral não seja afectado, numa altura em que o governador do Banco
O representante especial do Secretário-geral das Nações Unidas para a África Central, François Fall, esteve a semana passada em São Tomé e Príncipe, onde esteve com várias personalidades, tendo no final de um encontro com o Presidente Evaristo de Carvalho desejando que as eleições de 7 de Outubro decorram com “transparência e credibilidade”.
“Lançámos um apelo a todas as forças políticas deste país para que as eleições que terão lugar no dia 7 de Outubro se desenrolem nas condições da paz, estabilidade, transparência e de credibilidade”, disse o responsável à imprensa local.
O diplomata foi recebido pelo Presidente santomense Evaristo Carvalho, e no âmbito de uma missão de auscultação reuniu-se também com membros dos partidos políticos legalizados e da sociedade civil organizada.
Num balanço final sobre os resultados desta visita, disse ter ficado sensibilizado com a disponibilidade das autoridades santomenses convidarem observadores internacionais para assistir a estas eleições, sublinhando que isso prova a vontade do Governo organizar as eleições de forma transparente.
Início da campanha
Entretanto, no arranque, este fim-de-semana, da campanha eleitoral, o primeiroministro, Patrice Trovoada, pediu aos santomenses um novo mandato de quatro anos para que possa “ir mais além” com as reformas actualmente em curso no país.
“Vocês acreditaram em nós em 2014, dando-nos a possibilidade, com maioria absoluta durante quatro anos, de começar a transformação de São Tomé e Príncipe. Em quatro anos trabalhamos e hoje temos obra feita”, disse Patrice Trovoada no comício de abertura de campanha, em frente ao Estádio Nacional 12 de Julho, em Bissau.
“Nenhum Governo consegue fazer tudo em quatro anos, mas vocês no vosso dia-a-dia reconhecem que o país mudou”, disse Trovoada. Patrice Trovoada sublinhou que “é preciso votar mais além e não no passado”, referindo-se à oposição que diz estar constituída num bloco para “dificultar” as obras do Governo.
Por sua vez, o presidente de uma coligação constituída entre o maior partido da oposição, MLSTP/PSD, prometeu também este fim- desemana “tomar algumas medidas de emergência” caso seja eleito primeiro-ministro nas eleições legislativas de 7 de Outubro.
“Hoje tudo se paga. Consultas, medicamentos, análises. Há gente que quando não tem dinheiro, pura e simplesmente dá meia volta e regressa a casa e continua a agravar a doença. Nós temos de resolver este problema, a saúde é responsabilidade do Estado, é responsabilidade do Governo, qualquer Governo que se preze tem que querer ter uma população saudável”, afirmou Jorge Bom Jesus num comício realizado em Ribeira Afonso.
“Há muita miséria neste país, o santomense não pode continuar a viver como um miserável, num país que tem chuva em abundância, onde Deus criou terreno fértil, com mar com muito peixe e recursos petrolíferos, mas onde a gente vive sem uma refeição durante o dia”, disse o candidato do MLSTP-PSD.
Jorge Bom Jesus apelou ao voto da juventude para ganhar as próximas eleições. “Estou a contar sobretudo com a juventude, estou a contar convosco. Vocês é que resolveram colocar em 2014 o actual poder. Espero que essa mesma juventude nos dê oportunidade para a gente começar a resolver os problemas de São Tomé e Príncipe”, concluiu.
Aproveitando o balanço da campanha eleitoral, a oposição acusou a administração do Banco Central do país de “actos de corrupção” e “utilização abusiva de bens públicos”, distribuindo “entre si elevados montantes” para “compensar actividades do âmbito normal das suas funções”.
“O governador do Banco Central, membros do conselho de administração e alguns directores distribuíram entre si avultadas somas que rondam mais de 150 mil euros”, disse o secretáriogeral da coligação constituída entre o Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe e o Partido Social Democrata (MLSTP-PSD).
Arlindo Barbosa acusa o governador do Banco Central de São Tomé e Príncipe, Hélio Almeida, a vice-governadora, Massari Sousa Pontes e o director dos recursos humanos, Raul Cravid, de serem os maiores beneficiários desta “operação”.
O primeiroministro santomense, Patrício Trovoada, pediu ao eleitorado um novo mandato de quatro anos para ir mais além com as reformas actualmente em curso no país