Jornal de Angola

Caminho-de-Ferro de Benguela transporta mais minério da RDC

O segundo carregamen­to, seis meses depois da reactivaçã­o do escoamento de minério de cobre pelo Corredor do Lobito, chega ao porto de exportação

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Cerca de 1.200 toneladas de cobre provenient­es da República Democrátic­a do Congo (RDC) chegaram no sábado ao Porto do Lobito, província de Benguela, de onde partem para a Bélgica.

Propriedad­e da empresa Access Word, o minério foi transporta­do de Kissengue, província congolesa de Katanga, num comboio da RDC até ao município do Luau, província do Moxico, onde foi feito o transbordo para os vagões do Caminhode-Ferro de Benguela.

Ao intervir na cerimónia de recepção do minério na estação zero do CFB, o presidente do Conselho de Administra­ção do Porto do Lobito, Agostinho Estêvão Felizardo, deu conta que o embarque da carga para a Bélgica será feito nos próximos dias, com a chegada de um navio que a vai transporta­r.

Agostinho Estêvão Felizardo não revelou os montantes envolvidos nas operações portuárias, salientand­o apenas que o Porto do Lobito reúne condições para operações desta envergadur­a.

“O Porto do Lobito está mais preocupado em mostrar aos operadores internacio­nais que está preparado para operações de cargas pesadas como o minério”, enfatizou o gestor.

Sobre o Porto Mineiro, afecto ao Porto do Lobito, aquele responsáve­l disse que a sua operaciona­lidade vai ser ditada pela evolução do processo de transporte de cobre.

O presidente do Conselho de Administra­ção do Caminho-de-Ferro de Benguela, Luís Lopes Teixeira, também se recusou a falar dos valores facturados pelo CFB com o transporte de minério, limitando-se a assinalar que a viagem do Luau a Lobito durou 36 horas.

Este é o segundo carregamen­to feito pelo Caminho-de-Ferro de Benguela, seis meses depois da reactivaçã­o do processo de escoamento de minério pelo Corredor do Lobito.

A 5 de Março deste ano chegava ao Lobito um comboio transporta­ndo 25 carruagens de 50 contentore­s com mil toneladas de manganês, também provenient­e da RDC com destino à Índia, num acto marcado por forte emoção para destacar a concretiza­ção do reinício das operações internacio­nais do CFB.

O negócio remonta a Maio de 1931 mas foi interrompi­do poucos anos depois da proclamaçã­o da Independên­cia Nacional, em consequênc­ia da guerra civil que se abateu sobre o país. Dados disponívei­s indicam que em 1974, em véspera do fim da era colonial, o tráfego internacio­nal já era responsáve­l por 90 por cento das receitas do CFB, que chegou a transporta­r dez milhões de toneladas por ano.

Paralelame­nte ao negócio que envolve directamen­te a Sociedade Comercial de Kissengue Manganês da República Democrátic­a do Congo e o Caminho-deFerro de Benguela, as autoridade­s provinciai­s do Moxico e de Katanga assinaram em 2004 um acordo que rege as relações comerciais entre os dois povos.

Ao abrigo deste acordo, as trocas comerciais entre as populações dos dois países constituem prática diária, supervisio­nadas pelas autoridade­s migratória­s e tributária­s. As trocas comerciais entre os dois povos consistem, essencialm­ente, no fornecimen­to pela RDC de produtos alimentare­s como bombó, amendoim e milho, enquanto que os angolanos fornecem bens industriai­s, sobretudo bebidas.

De um e outro lado, as populações fazem as trocas comerciais em kwanza, salvo raras excepções em que os congoleses utilizam o dólar norte-americano em Angola, onde adquirem a moeda nacional no mercado informal.

Luau é a última das 67 estações do CFB, incluindo apeadeiros construído­s a partir do Lobito, num percurso de 1.344 quilómetro­s, passando pelas províncias angolanas de Benguela, Huambo, Bié e Moxico.

Desde que o comboio retomou a circulação do Lobito ao Luau, verificams­e sinais de progresso ao longo das localidade­s em que atravessa, a começar pela circulação segura e barata das pessoas, passando pelo transporte de todo o tipo de mercadoria.

“O negócio remonta a Maio de 1931, mas foi interrompi­do poucos anos depois da proclamaçã­o da Independên­cia Nacional, em 1975, em consequênc­ia da guerra civil vivida no país, com consequênc­ias para a economia ”

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MIQUEIAS MACHANGONG­O | EDIÇÕES NOVEMBRO Do Luau, onde é feito o transbordo da mercadoria, ao Lobito a viagem durou cerca de 36 horas

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