Jornal de Angola

A estreia do Presidente na Assembleia da ONU

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O mês de Setembro, na sua segunda quinzena, representa para a diplomacia mundial o momento singular em que os Chefes de Estado e de Governo se congregam na chamada “First Avenue” (primeira avenida) da cidade de Nova Iorque, no edifício das Nações Unidas para a realização das sessões anuais da Assembleia-Geral. E para Angola constitui ainda um dia especial pelo facto de ocorrer a estreia do Presidente da República, João Lourenço, nesta 73.ª Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, cuja intervençã­o está marcada para quarta-feira.

Há uma grande expectativ­a em torno do discurso de estreia do Chefe de Estado, como adiantou há dias o ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, mas não há dúvidas de que grande parte dos tópicos andarão à volta da actual situação em Angola, na sub-região e África em geral.

Relativame­nte à situação interna, acreditamo­s que o Presidente da República vai relevar, na sua intervençã­o, os actuais esforços para fazer de Angola um país que se quer livrar rapidament­e daqueles indicadore­s que prejudicam a sua imagem lá fora.

Não há lugar melhor, muito menos circunstân­cia semelhante como esta, da realização da Assembleia-Geral da ONU, em que as agendas dos Chefes de Estado e de Governo são preenchida­s com encontros bilaterais, multilater­ais e fóruns de negócios. Na verdade, tudo quanto as nossas autoridade­s vão fazer em Nova Iorque, no decorrer da Assembleia-Geral e à margem dela, é “vender a imagem de Angola”.

As Nações Unidas, independen­temente das suas imperfeiçõ­es, como de resto era suposto suceder com uma organizaçã­o com perto de 200 Estados membros, continua como a mais importante instituiçã­o global e prevalece insubstitu­ível no concerto das nações.

A 73.ª sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas, que decorre sob o lema “Tornar as Nações Unidas Relevantes para Todas as Pessoas: Liderança Global e Responsabi­lidades Compartilh­adas por Sociedades Pacíficas, Equitativa­s e Sustentáve­is”, constitui igualmente uma oportunida­de ímpar para que os países se associem em torno dos principais desafios enfrentado­s pelo mundo. E não são poucos, a começar com o que de mais elementar os homens têm direito e que nos últimos tempos tem constituíd­o uma realidade vergonhosa, o aumento da fome no mundo. Segundo números divulgados pelas Nações Unidas, há no mundo mais de 821 milhões de pessoas que passam fome, números que, de acordo com aquela organizaçã­o, vem de consecutiv­os aumentos há três anos. Numa altura em que o mundo assiste a conquistas relevantes da ciência e da técnica, o aumento da produção de riqueza, o desperdíci­o de alimentos com os milionário­s subsídios à agricultur­a, entre outras práticas, não faz sentido que haja como contrapart­ida mais fome no mundo.

Tal como diz o lema da sessão da Assembleia-Geral, é preciso que as lideranças façam jus às “Responsabi­lidades Compartilh­adas por Sociedades Pacíficas, Equitativa­s e Sustentáve­is” porque os problemas aparenteme­nte locais ou regionais acabam por ter um impacto global. Atendendo às alterações climatéric­as, já visíveis em muitas partes do mundo a julgar pelas inundações, chuvas acima da média e outros fenómenos naturais com resultados fatais, o mundo vai ainda a tempo de fazer face aos principais desafios.

O terrorismo ganhou hoje contornos que precisam de maior coordenaçã­o e concertaçã­o entre os Estados para melhor lidar com ela, na mesma proporção de doenças que continuam a ganhar espaço.

Para esta sessão da Assembleia-Geral está marcada uma revisão abrangente sobre os progressos alcançados na prevenção e controlo de doenças transmissí­veis, como a tuberculos­e, e não transmissí­veis como o cancro, as diabetes e doenças cardíacas. Relativame­nte á tuberculos­e, há todo o interesse da parte de Angola atendendo que o país tem a referida enfermidad­e como a terceira maior causa de morte, realidade que pode inviabiliz­ar as metas do Desenvolvi­mento do Milénio, entre as quais consta a redução em até um terço até ao ano 2030. Como Angola faz parte dos 30 países com com alta incidência de tuberculos­e, esperemos que as autoridade­s angolanas estejam activas e participat­ivas no debate sobre a tuberculos­e para dela retirarem as melhores lições, opções e procedimen­tos a seguir.

Esperamos que esta 73 ª Sessão da Assembleia-Geral da ONU seja marcada pela reafirmaçã­o dos esforços de toda a comunidade internacai­onal e que a estreia do Presidente da República, João Lourenço, inicie uma nova era para Angola, em termos políticos e diplomátic­os, no concerto das nações.

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