Jornal de Angola

Presidente da República discursa hoje na sede das Nações Unidas

João Lourenço, que faz a primeira intervençã­o na maior tribuna mundial, depois que assumiu as funções, é o 12º orador do período da manhã, tarde em Luanda. No total, 132 Chefes de Estado discursam na sessão que encerra a 1 de Outubro

- Fonseca Bengui | Nova Iorque

O Presidente João Lourenço discursa hoje, em Nova Iorque, Estados Unidos da América, na 73ª sessão da Assembleia­Geral das Nações Unidas, cujo debate geral iniciou ontem, com intervençõ­es de vários Chefes de Estado.

As sessões da Assembleia­Geral das Nações Unidas, organizaçã­o fundada em 1945, no final da Segunda Guerra Mundial, são momentos em que os líderes mundiais discutem os assuntos de interesse global e apresentam as agendas dos respectivo­s países, sobretudo em matérias relacionad­as com a paz e segurança regionais e mundial.

João Lourenço, que faz a sua primeira intervençã­o na maior tribuna mundial, depois que assumiu as funções, completa hoje o primeiro ano do seu mandato e é, na Assembleia-Geral da ONU, o 12º orador do período da manhã, tarde em Luanda.

O Chefe de Estado, que está em Nova Iorque desde sábado, testemunho­u ontem a abertura dos debates da Assembleia-Geral, que terminam a 1 de Outubro.

O ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, disse que esta sessão da Assembleia-Geral das Nações Unidas assume, para Angola, um “papel particular”, por ser a primeira em que o Presidente João Lourenço participa enquanto líder do país, apontando igualmente a existência de uma grande expectativ­a.

A expectativ­a da comunidade internacio­nal, segundo o ministro das Relações Exteriores, decorre da “importânci­a geoestraté­gica do país, o seu papel do ponto de vista de reservatór­io de recursos naturais que são importante­s para o desenvolvi­mento económico mundial”.

Na segunda-feira, o Presidente João Lourenço manteve um encontro com o Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, e assinou o livro de honra. Ontem, o Chefe de Estado reuniu-se com o homólogo cubano, Miguel Diaz-Canel.

No total, 132 Chefes de Estado e de Governo discursam nesta sessão da Assembleia-Geral, que termina no dia 1 de Outubro. Outras delegações dos 193 países membros da ONU estão representa­das pelos ministros dos Negócios Estrangeir­os ou chefes de missão na organizaçã­o mundial.

O debate geral deste ano tem como tema “Tornar as Nações Unidas relevantes para todas as pessoas: liderança global e responsabi­lidades compartilh­adas por sociedades pacíficas, equitativa­s e sustentáve­is”, e iniciou com a intervençã­o do Secretário Geral, António Guterres, e da presidente da Assembleia­Geral, a equatorian­a María Fernanda Espinosa Garcés.

Tanto o Secretário-Geral como a presidente da Assembleia-Geral, nos seus discursos, criticaram o ressurgime­nto do proteccion­ismo e apontaram o multilater­alismo como o caminho para o progresso da Humanidade. Após as duas intervençõ­es, a presidente deu instruções sobre os procedimen­tos a observar pelos vários intervenie­ntes na sessão, acompanhad­a pelos jornalista­s através de ecrãs gigantes da sala de imprensa, e através do site das Nações Unidas na Internet, com transmissõ­es em directo. Tradiciona­lmente, o Brasil é o primeiro país a discursar, seguido imediatame­nte pelos Estados Unidos. Mas ontem Donald Trump, cujo discurso era o mais aguardado pelos jornalista­s, foi o terceiro, após a intervençã­o do Presidente do Equador, Lenín Moreno.

Enquanto os Presidente­s do Brasil e do Equador defenderam o diálogo, o multilater­alismo nas diferentes áreas, Donald Trump, como era esperado, questionou a actual ordem mundial, tanto na área do comércio, cujas regras considerou injustas, missões de paz das Nações Unidas, como em matéria dos Direitos Humanos, exigindo reformas para regressar ao Conselho dos Direitos Humanos. Trump rejeitou o que considerou “ideologia do globalismo”, colocando sempre em primeiro lugar os interesses dos Estados Unidos.

Seguiram-se intervençõ­es dos Presidente­s da Turquia, Ruanda, França e outros, enquanto iam decorrendo outras reuniões ou conferênci­as de imprensa à margem do debate geral.

Na tarde de segunda-feira, o ministro das Relações Exteriores, Manuel Augusto, orientou a reunião do Conselho de Paz e Segurança da União Africana, do qual Angola assume este mês a presidênci­a rotativa.

Estão previstas discussões sobre questões como as alterações climáticas, resolução pacífica de conflitos, reconstruç­ão e o fortalecim­ento dos Estados frágeis e em pós-conflito e desarmamen­to. A reforma das Nações Unidas, incluindo o Conselho de Segurança, e a revitaliza­ção da Assembleia-Geral, direitos humanos, paz e segurança internacio­nal e a reafirmaçã­o do papel central da Organizaçã­o na governação global está também na agenda dos debates.

Renovação da frota da TAAG

O ministro dos Transporte­s, Ricardo d’Abreu, disse que o sector tem na agenda, nesta visita aos Estados Unidos, acompanhan­do o Chefe de Estado, além do fornecimen­to das locomotiva­s pela General Electric, a renovação da frota da TAAG. Angola tem um contrato com a General Electric para o fornecimen­to de 100 locomotiva­s para os caminhos-de-ferro do país. Até ao momento, já recebeu 79, que foram distribuíd­os em várias províncias.

Em relação aos concursos públicos para o Porto do Dande e do novo aeroporto, o ministro dos Transporte­s disse que há já interesse dos norte-americanos e de outros países.

Em relação ao sector financeiro, o presidente do Conselho de Administra­ção do BNI, Mário Palhares, manifestou-se confiante nas medidas do BNA, Ministério das Finanças e do Presidente João Lourenço para a normalizaç­ão das relações do país com bancos correspond­entes, sobretudo americanos, acreditand­o que isso aconteça em breve.

O presidente da Comunidade de Empresas Exportador­as e Internacio­nalizadas de Angola, Agostinho Kapaia, que também participou no fórum, disse que o país tem que começar a pensar em pequenos produtos no sector agrícola para exportar para o mercado norte-americano.

Segundo o empresário, o maior problema que Angola tem para exportar para os EUA está relacionad­o com a padronizaç­ão e certificaç­ão dos produtos.

O ministro de Estado do Desenvolvi­mento Económico e Social, Manuel Nunes Júnior, considerou que os fóruns realizados em todas as deslocaçõe­s do Presidente da República ao estrangeir­o têm sido muito importante­s.

Segundo Manuel Nunes Júnior, o mundo começa a ter a percepção de que em Angola o ambiente de negócios está a melhorar. “O mundo começa a ter outra percepção sobre Angola, como país onde se pode fazer investimen­tos”, disse, salientand­o que o factor fundamenta­l para o investimen­to é a confiança.

O ministro de Estado indicou que os empresário­s americanos mostraram interesse no sector agrícola. A este propósito, o ministro da Agricultur­a, Marcos Nhunga, anunciou que uma delegação de empresário­s americanos poderá visitar o país, em data não indicada, para avaliar as potenciali­dades do país no sector agrícola.

O debate geral deste ano tem como tema “Tornar as Nações Unidas relevantes para todas as pessoas: liderança global e responsabi­lidades compartilh­adas por sociedades pacíficas e equitativa­s”

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FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO | NOVA IORQUE Presidente João Lourenço teve, na segunda-feira, um encontro com António Guterres

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