Jornal de Angola

Foi há um ano

- Carlos Calongo

Completa hoje um ano desde que João Manuel Gonçalves Lourenço tomou posse como Presidente da República de Angola, tornando-se o terceiro da história do país.

À partida, os desafios impostos ao Presidente João Lourenço são, de facto, árduos, a julgar pelo estado da economia angolana que se encontra(va) em profunda desacelera­ção; a perda de confiança dos cidadãos nas instituiçõ­es do Estado e dos servidores públicos, realidades que caracteriz­avam Angola como o império da corrupção, da impunidade, do nepotismo, do tráfico de influência e outras práticas nocivas e contrárias às normas dos manuais de boa governação, sem que isso sirva para dizer que definitiva­mente tais práticas já não existem.

Em sequência, parecia existir uma desarmonia na actuação dos cidadãos, -independen­temente da sua condição de governante ou governado -, com a concepção original dos ideais da luta para a Independên­cia Nacional e o postulado constituci­onal assente na razão de projectar Angola como uma Nação soberana e independen­te, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade do povo fundada numa sociedade livre, justa e democrátic­a, solidária, de paz, igualdade e progresso social.

Postas as coisas assim, afigurava-se necessário mudar o quadro que caracteriz­ava o país, com a implementa­ção de acções que implicavam mudanças profundas a vários níveis e em diversos sectores, elegendo como factores altos, a restauraçã­o da moral e ética públicas e, por conseguint­e, a devolução da esperança aos angolanos em viverem num país que a todos orgulha.

O tempo, para lá de ser o famoso recurso bastante valioso e não renovável, apresenta(va)-se exíguo para o muito por ser feito em cinco anos, um deles “queimado” na então propalada governação bicéfala em que, apesar dos pesares, o Presidente João Lourenço, não abdicou das suas competênci­as enquanto Chefe de Estado, Titular do Poder Executivo e Comandante em Chefe das Forças Armadas Angolanas.

Um ano depois da tomada de posse, impõe-se um balanço da governação do Presidente da República e do Executivo por sí dirigido, exercício cuja resposta não deve restringir­se apenas nos termos “bom ou mau”, porquanto, pensamos, faz-se necessário, em muitos casos, fundamenta­r a nota atribuída ao resultado do primeiro ciclo de 365 dias da era João Lourenço.

E mais do que dizer “bom ou mau”, nos obrigamos a realizar análises profundas e complement­ares, distanciad­as dos lugares comuns da crítica pela crítica, no uso irracional do mero sentimento do “contra” que, em certas situações, convenhamo­s, são desconexas da realidade factual.

Instados a qualificar o primeiro ano de mandato de João Lourenço, nos socorremos de extractos do pronunciam­ento recente de um membro do Executivo, que considerou ser, “um ano surpreende­nte, mesmo para aqueles que sempre acreditara­m que João Lourenço era a melhor aposta para começar a mudar o país e romper as inércias criadas ao longo de um período profundame­nte marcado, para o bem e para o mal, pelas vicissitud­es da nossa história recente, mas, sobretudo, um ano desafiante e instigante, que fez reviver, em todos os angolanos, a esperança que parecia extinguir-se de que, todos juntos, é possível fazer de Angola, um país não “especial” nem o “melhor de África”, mas simplesmen­te igual aos outros países normais em todo o planeta”.

Consideran­do as razões naturais que fundamenta­m as liberdades de pensamento e expressão, há, neste texto, espaço para os que esperavam mais do Presidente da República, desde que tais observaçõe­s, como dissemos atrás, sejam argumentad­as de modo convincent­e e desapaixon­ado, passíveis de serem percebidas como contribuiç­ões para se melhorar o que está bem e corrigir o que está mal.

Entretanto, existe um longo percurso a ser trilhado, com paragens obrigatóri­as nas questões de âmbito económico, transversa­is à toda a actividade humana.

Neste particular, é profícuo e justo assinalar as medidas tomadas em um ano, que deixam Angola mais preparada para a captação de investimen­to, bem como as que removem os obstáculos que afastavam os investidor­es internacio­nais que têm agora um novo e agradável ambiente de negócios.

Igualmente deve ser dada nota positiva aos avanços em matéria das autarquias, bem como a nova postura dos órgãos do poder judicial, com toda a satisfação daí decorrente, sobretudo da actuação recente da PGR, que parece ser de quem mais se fala nos últimos dias, pelo que, bemhaja, o primeiro aniversári­o de governação do Presidente João Lourenço.

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