Foi há um ano
Completa hoje um ano desde que João Manuel Gonçalves Lourenço tomou posse como Presidente da República de Angola, tornando-se o terceiro da história do país.
À partida, os desafios impostos ao Presidente João Lourenço são, de facto, árduos, a julgar pelo estado da economia angolana que se encontra(va) em profunda desaceleração; a perda de confiança dos cidadãos nas instituições do Estado e dos servidores públicos, realidades que caracterizavam Angola como o império da corrupção, da impunidade, do nepotismo, do tráfico de influência e outras práticas nocivas e contrárias às normas dos manuais de boa governação, sem que isso sirva para dizer que definitivamente tais práticas já não existem.
Em sequência, parecia existir uma desarmonia na actuação dos cidadãos, -independentemente da sua condição de governante ou governado -, com a concepção original dos ideais da luta para a Independência Nacional e o postulado constitucional assente na razão de projectar Angola como uma Nação soberana e independente, baseada na dignidade da pessoa humana e na vontade do povo fundada numa sociedade livre, justa e democrática, solidária, de paz, igualdade e progresso social.
Postas as coisas assim, afigurava-se necessário mudar o quadro que caracterizava o país, com a implementação de acções que implicavam mudanças profundas a vários níveis e em diversos sectores, elegendo como factores altos, a restauração da moral e ética públicas e, por conseguinte, a devolução da esperança aos angolanos em viverem num país que a todos orgulha.
O tempo, para lá de ser o famoso recurso bastante valioso e não renovável, apresenta(va)-se exíguo para o muito por ser feito em cinco anos, um deles “queimado” na então propalada governação bicéfala em que, apesar dos pesares, o Presidente João Lourenço, não abdicou das suas competências enquanto Chefe de Estado, Titular do Poder Executivo e Comandante em Chefe das Forças Armadas Angolanas.
Um ano depois da tomada de posse, impõe-se um balanço da governação do Presidente da República e do Executivo por sí dirigido, exercício cuja resposta não deve restringirse apenas nos termos “bom ou mau”, porquanto, pensamos, faz-se necessário, em muitos casos, fundamentar a nota atribuída ao resultado do primeiro ciclo de 365 dias da era João Lourenço.
E mais do que dizer “bom ou mau”, nos obrigamos a realizar análises profundas e complementares, distanciadas dos lugares comuns da crítica pela crítica, no uso irracional do mero sentimento do “contra” que, em certas situações, convenhamos, são desconexas da realidade factual.
Instados a qualificar o primeiro ano de mandato de João Lourenço, nos socorremos de extractos do pronunciamento recente de um membro do Executivo, que considerou ser, “um ano surpreendente, mesmo para aqueles que sempre acreditaram que João Lourenço era a melhor aposta para começar a mudar o país e romper as inércias criadas ao longo de um período profundamente marcado, para o bem e para o mal, pelas vicissitudes da nossa história recente, mas, sobretudo, um ano desafiante e instigante, que fez reviver, em todos os angolanos, a esperança que parecia extinguir-se de que, todos juntos, é possível fazer de Angola, um país não “especial” nem o “melhor de África”, mas simplesmente igual aos outros países normais em todo o planeta”.
Considerando as razões naturais que fundamentam as liberdades de pensamento e expressão, há, neste texto, espaço para os que esperavam mais do Presidente da República, desde que tais observações, como dissemos atrás, sejam argumentadas de modo convincente e desapaixonado, passíveis de serem percebidas como contribuições para se melhorar o que está bem e corrigir o que está mal.
Entretanto, existe um longo percurso a ser trilhado, com paragens obrigatórias nas questões de âmbito económico, transversais à toda a actividade humana.
Neste particular, é profícuo e justo assinalar as medidas tomadas em um ano, que deixam Angola mais preparada para a captação de investimento, bem como as que removem os obstáculos que afastavam os investidores internacionais que têm agora um novo e agradável ambiente de negócios.
Igualmente deve ser dada nota positiva aos avanços em matéria das autarquias, bem como a nova postura dos órgãos do poder judicial, com toda a satisfação daí decorrente, sobretudo da actuação recente da PGR, que parece ser de quem mais se fala nos últimos dias, pelo que, bemhaja, o primeiro aniversário de governação do Presidente João Lourenço.