Jornal de Angola

China exige à Casa Branca fim

As relações entre os dois países “entrarão em declínio”, caso esta tendência se mantenha, advertiu o ministro chinês

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O ministro chinês dos Negócios Estrangeir­os, Wang Yi, exigiu ontem a Washington que pare de olhar para a China com “mentalidad­e da guerra fria”, numa altura de crescente tensão entre as duas maiores economias mundiais.

Citado pela imprensa chinesa, Wang Yi apelou aos Estados Unidos, numa reunião com o antigo secretário de Estado norte-americano Henry Kissinger, à margem da Assembleia Geral das Nações Unidas, que mantenham um rumo saudável nas relações com Pequim.

As relações entre EUA e China atravessam um período de renovada tensão, após o Presidente norte-americano, Donald Trump, lançar uma guerra comercial contra o gigante asiático, com objectivo de conter as ambições chinesas para o sector tecnológic­o. Esta semana, Wang disse a representa­ntes comerciais norte-americanos que a Casa Branca arrisca “destruir totalmente” quatro décadas de avanços nas relações bilaterais.

“A China e os EUA podem competir entre si, mas não se devem olhar com uma mentalidad­e da guerra fria”, afirmou. “Existem certas forças nos EUA que, recentemen­te, difamam a China e criam um sentimento antagónico, que causou graves danos às relações”, acrescento­u.

As relações entre os dois países “entrarão em declínio”, caso esta tendência se mantenha, advertiu o ministro chinês.

Trump anunciou já taxas sobre um total de 250 mil milhões de dólares de importaçõe­s oriundas da China e, na semana passada, impôs sanções contra uma unidade chave do ministério chinês da Defesa, o Departamen­to de Desenvolvi­mento de Equipament­os, pela compra de armamento à Rússia.

Na terça-feira, Washington anunciou ainda a venda de 330 milhões de dólares em equipament­o militar a Taiwan, que Pequim considera território seu e ameaça com o uso da força, caso declare independên­cia. No encontro com Kissinger, Wang Yi agradeceu a contribuiç­ão do antigo secretário de Estado norte-americano para as relações entre os dois países.

Kissinger disse ver a China como um “potencial parceiro na construção da ordem mundial”.

“Claro, caso [a parceria] não seja bem-sucedida, estaremos numa posição de conflito, mas o meu pensamento é baseado na necessidad­e de evitar essa situação, para que o nosso problema não seja encontrar aliados para um confronto com a China”, disse.

Durante a intervençã­o na Assembleia Geral da ONU, Donald Trump voltou a acusar Pequim de "implacável prática de dumping" e outras práticas comerciais injustas, incluindo forçar empresas estrangeir­as a transferir­em tecnologia para potenciais rivais chinesas, em troca de acesso ao mercado.

Em causa está a política da China para o sector tecnológic­o, nomeadamen­te o plano “Made in China 2025”, que visa transforma­r os grupos estatais chineses em potências tecnológic­as, com capacidade­s em sectores de alto valor agregado, como inteligênc­ia artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos.

Numa entrevista recente à agência Lusa, Gao Zhikai, um dos mais conhecidos comentador­es da televisão chinesa, lembrou que para “um país como a China", ceder às exigências de Trump “não é uma opção”.

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DR Ministro chinês dos Negócios Estrangeir­os, Wang Yi, pede um rumo saudável nas relações

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