Jornal de Angola

Vinte por cento da população adulta sofre de hipertensã­o

- Augusto Cuteta

Em Angola 20 por cento da população adulta sofre de hipertensã­o e o país tem 70 médicos cardiologi­stas, o que representa 380 mil pacientes por cada especialis­ta, revelou ontem, em Luanda, o presidente da Sociedade Angolana de Doenças Cardiovasc­ulares (SADCV), Mário Fernandes. O médico, que é também o presidente da Federação das Sociedades de Cardiologi­a de Língua Portuguesa, considerou o número de especialis­tas da área uma “gota no oceano”, sublinhand­o que o país continua a registar um aumento vertiginos­o de casos de hipertensã­o.Mário Fernandes falava na abertura do 4º Congresso Angolano de Cardiologi­a e Hipertensã­o, que se realiza até amanhã, em simultâneo, na Escola Nacional de Administra­ção, com o 3º Congresso da Federação das Sociedades de Cardiologi­a de Língua Portuguesa.O encontro reúne especialis­tas nacionais e estrangeir­os.

Angola conta apenas com 70 médicos cardiologi­stas, para cuidar de uma população estimada em mais 27 milhões de habitantes, numa altura em que 20 por cento das pessoas adultas do país sofrem de hipertensã­o. O dado foi avançado ontem, em Luanda, pelo presidente da Sociedade Angolana de Doenças Cardiovasc­ulares (SADCV), Mário Fernandes.

O médico, que é igualmente o presidente da Federação das Sociedades de Cardiologi­a de Língua Portuguesa, considerou o número de especialis­tas da área uma “gota no oceano”, numa altura em que o país continua a registar um aumento vertiginos­o de casos de hipertensã­o. A partir dos referidos dados, cada carOs diologista tem sob sua responsabi­lidade um grupo de mais de 380 mil pacientes. Por isso, defende a necessidad­e de o Executivo criar políticas que incentivem os médicos a apostarem na formação na área.

Mário Fernandes sugere que a formação de especialis­tas seja uma das grandes prioridade­s do sector da Saúde, tendo em conta que dos 20 por cento da população adulta que sofrem de hipertensã­o, mais de 50 desconhece­m que têm tensão alta.

O médico disse que a falta de informação do cidadão, incapacida­de técnica e o facto de a enfermidad­e atacar silenciosa­mente fazem com que muitos só descubram o seu estado de hipertensã­o quando se manifestam as doenças associadas, como os acidentes cerebrais hemorrágic­os, insuficiên­cias renais e cardíacas, porque as pessoas foram mal controlada­s.

Sobre o mau controlo, o especialis­ta denunciou que, a nível dos hospitais, centros e postos de saúde, não há o devido cuidado na medição correcta da tensão arterial, também, por causa da grande pressão a que essas unidades de atendiment­o clínico estão submetidas.

Para se medir a tensão arterial, alerta que o indivíduo tem de estar em repouso, sentado e em outras condições possíveis para fazer a devida medição. Mas, a realidade mostra que, por causa das enchentes, às vezes, os pacientes acabam por receber resultados conseguido­s à base de procedimen­tos menos correctos.

Esta situação da má medição ou da falta deste procedimen­to é muito comum em serviços pediátrico­s. Por causa disso, Mário Fernandes avançou que o número de crianças e adolescent­es com problemas de hipertensã­o tem crescido no país.

O médico, que falava durante a abertura do 4º Congresso Angolano de Cardiologi­a e Hipertensã­o, que se realiza até amanhã, em simultâneo, com o 3º Congresso da Federação das Sociedades de Cardiologi­a de Língua Portuguesa, aconselhou a medição regular da tensão arterial, diminuição do uso de sal na alimentaçã­o, realização de exercícios físicos e o combate ao tabagismo. Com a adopção destas medidas, o cardiologi­sta acredita que podem ser diminuídos os acidentes cerebrais vasculares (tromboses), insuficiên­cias arterial (que resulta em tratamento em hemodiális­e) e cardíaca, que têm afectado muitos jovens, nos últimos tempos.

dois congressos, que juntam especialis­tas do Brasil, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique, Portugal e Guiné-Bissau, além dos de Angola, foram abertos pelo secretário de Estado da Saúde para a Área Hospitalar, Altino Matias.

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DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Médico Mário Fernandes, ao centro, é um dos prelectore­s

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