Nigerianos preferem Yemi Osinbajo
Ainda não é desta vez que o homem por quem muitos dos nigerianos esperam, Yemi Osinbajo, será Presidente da República, pois a sua fidelidade a Muhamadu Buhari, de quem é vice-Presidente, não lhe permite apresentar-se a votos nas próximas eleições apesar de fortemente pressionado para o fazer, nem que seja por outro partido que não aquele a que pertence
O actual Vice-Presidente da Nigéria, Yemi Osinbajo, é um dos políticos mais populares do país e o homem que muitos acreditam estar talhado para ser o homem certo para substituir Muhammadu Buhari, como provou durante os turbulentos dez dias que este teve em Londres para se submeter a tratamento médico.
O problema é que Yemi Osinbajo, sempre que tem sido abordado sobre o assunto, reitera a sua fidelidade a Buhari e descarta qualquer possibilidade de candidatar-se contra ele, que já anunciou ir a votos nas eleições previstas para o próximo ano.
A favor de Yemi Osinbajo joga o facto de, entre outras coisas, ser um cristão do sul do país, o que na tradição política da Nigéria quase lhe garante a possibilidade de poder ser eleito nas eleições que se seguirão às de 2019, nas quais Buhari já não poderá participar por ter então cumprido os dois mandatos que são permitidos pela Constituição.
Segundo a tradição política da Nigéria, que praticamente já tem força de lei, ao fim de dois mandatos exercidos por um Presidente muçulmano, deverá ser eleito um cristão.
Com 61 anos de idade, Yemi Osinbajo, durante os dez dias em que o Presidente esteve em Londres despediu o chefe dos serviços secretos acusando-o de planear uma tentativa de golpe de Estado por ter ordenado um bloqueio no acesso ao Parlamento sem a devida e obrigatória autorização, já que estava a exercer interinamente as funções de Presidente da República.
Força e determinação
Esta sua decisão veio ainda reforçar mais a estima que em relação a si já tinham milhões de nigerianos, visto que o chefe dos serviços secretos, Musa Daura, era até então um homem intocável e com um peso político enorme que beneficiava do apoio incondicional que lhe era dado pelo Presidente Buhari.
Neste prazo de dez dias, Osinbajo conseguiu ainda um outro feito: desmantelar toda a estrutura de Musa Daura, que se assemelhava a um “esquadrão da morte” que se servia da farda e das armas da Polícia para abater supostos criminosos à margem do sistema judicial.
O denominado “Esquadrão Anti-Roubo”, liderado por Musa Daura, estava a ser acusado por diferentes organizações nacionais de defesa dos direitos humanos que tinham dado a Muhammadu Buhari um mês para o desmantelar.
Aliás, na Nigéria há mesmo quem diga que, antes de viajar para Londres, o Presidente tinha dado “carta branca” a Yemi Osinbajo para que este desmantelasse o grupo evitando assim um confronto directo com Musa Daura, um homem que sempre o apoiou e do qual, aparentemente, receava uma reacção menos cordata.
Contrariamente ao que sucede com Muhammadu Buhari, que aos 75 anos não esconde a fragilidade que o obriga a deslocações periódicas a Londres para tratamento médico, Yemi Osinbajo, com 61 anos, evidencia um dinamismo contagiante que agrada aos nigerianos.
Antigo professor de Direito, Yemi Osinbajo é eloquente na palavra e jovial na forma como se relaciona socialmente, nunca desfazendo um sorriso mesmo nos momentos mais complicados.
Comissário da Justiça em Lagos entre 1999 e 2015, aprovou numerosas reformas incluindo uma que criou um grupo especial para proteger os direitos dos cidadãos face a algumas incongruências do Estado.
Em 2015, assumiu a vicePresidência da República, mas manteve-se pastor da Igreja Cristã de Deus, sendo considerado um factor determinante para a derrota averbada nas últimas eleições por Goodluck Jonathan, a quem retirou o apoio apenas a dois meses da ida às urnas.
Natural da cidade de Lagos, Yemi Osinbajo, com 61 anos, tem tempo suficiente para esperar que a tradição se mantenha e que seja ele o próximo Presidente da República depois de Muhammadu Buhari, como muçulmano, terminar em 2023 o segundo mandato que deverá iniciar com as eleições do próximo ano, até porque ambos são do mesmo partido, o Congresso de Todos os Progressistas.