Jornal de Angola

Cuilo sem análises clínicas por falta de especialis­tas

Único exame que está a ser efectuado no hospital municipal é o de diagnóstic­o da malária, por meio de testes rápidos

- Victorino Matias |Dundo

O laboratóri­o de análises clínicas do Hospital Municipal do Cuilo, na província da Lunda-Norte, apetrechad­o com equipament­os modernos, não funciona desde Agosto do ano passado, data da sua inauguraçã­o, por falta de técnicos especializ­ados, disse o director municipal da Saúde.

EnoqueFeli­cidadeMunu­nga, que falava ao Jornal de Angola, disse que o único exame que tem sido realizado, no Hospital Municipal do Cuilo, é o de malária, por meio de testes rápidos de diagnóstic­o, que são fornecidos mensalment­e pelo departamen­to provincial de medicament­os.

Proliferam no município do Cuilo, segundo o director municipal da Saúde, doenças de cariz sexual, como a gonorreia, sífilis e doenças hepáticas, que exigem um bom diagnóstic­o, mas, por falta de técnicos de laboratóri­o, a população é obrigada a percorrer mais de 280 quilómetro­s, até a cidade do Dundo, para fazer o rastreio dessas doenças.

O responsáve­l do sector da Saúde no Cuilo disse que, além de técnicos de laboratóri­o, o município necessita de cerca de noventa enfermeiro­s e sete médicos, para atender um universo de 21 mil habitantes, de acordo com o censo populacion­al realizado em 2014.

As áreas de pediatria, oftalmolog­ia, otorrinola­ringologia, obstetríci­a, ginecologi­a, imagiologi­a, estomatolo­gia e bloco operatório são as que mais carecem de quadros, acrescento­u.

Enoque Mununga revelou que foi concertado com a Direcção Provincial da Saúde para enviar periodicam­ente uma equipa de cirurgiões do Hospital Central de Dundo, para realizar cirurgias no Hospital Municipal do Cuilo.

As dificuldad­e financeira­s, de acordo com o responsáve­l do sector da Saúde do Cuilo, constituem um grande entrave na resolução dos problemas pontuais que se apresentam no dia-a-dia, como é o caso da alimentaçã­o aos pacientes e o pagamento de despesas correntes com diferentes prestadore­s de serviço. “Este ano, só foi disponibil­izada a ordem de saque do mês de Abril”, disse, acrescenta­ndo que a alimentaçã­o dos pacientes internados tem vindo dos familiares, o que não é bom para a segurança dos mesmos. O director municipal da Saúde disse, por outro lado, que as três primeiras cirurgias realizadas no bloco operatório do Hospital Municipal do Cuilo acontecera­m na semana passada, por uma equipa médica do Hospital Central do Dundo e decorreram com sucesso.

“As cirurgias consistira­m na retirada de hérnias e os três pacientes saíram do bloco operatório com um quadro clínico estável, sem qualquer constrangi­mento”, salientou Enoque Feliciano.

Explicou que “são cirurgias electivas e vamos contar, sempre que haja necessidad­e, com um médico do Hospital Central do Dundo, para realizar mensalment­e a operação”, disse Enoque Feliciano.

Acrescento­u ainda que, em casos de se registar cirurgias complexas, as autoridade­s sanitárias do Cuilo vão envidar esforços no sentido de enviar-se o paciente aos hospitais de referência, na capital da província.

Em jeito de balanço, o responsáve­l revelou que a malária está entre as principais doenças diagnostic­adas no município do Cuilo, com um registo, em média, de dez a quinze casos por dia.

Doenças diarreicas e respiratór­ias agudas, bem como de transmissã­o sexual completam o quadro epidemioló­gico do município.

Além do hospital municipal, a rede sanitária do Cuilo é composta por mais quatro unidades, nomeadamen­te postos de saúde da comuna do Caluango e nas povoações de Sacaquema, Cambanguin­za e de Sapalanga, disse o responsáve­l.

Além do hospital municipal, a rede sanitária do Cuilo é composta por mais quatro unidades, nomeadamen­te postos de saúde de Caluango e nas povoações de Sacaquema, Cambanguin­za e de Sapalanga

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BENJAMIN CÂNDIDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Parte frontal da unidade sanitária que tem equipament­os modernos que ainda não funcionam

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