Jornal de Angola

Produtos do campo apodrecem nas estações

Frequência­s insuficien­tes e procura crescente levam comerciant­es a perdas nas operações de escoamento

- José Chaves | Cuito e João Constantin­o | Chinguar

Enormes quantidade­s de produtos agro-pecuários estragam-se nas estações do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB) no Bié. Nas do Cunje, Catabola, Camacupa e Cuemba amontoam-se passageiro­s com mercadoria­s destinadas ao Luena e Luau (Moxico). Comerciant­es pretendem levar o produto para o Luena, mas há vários dias que não conseguem espaço no comboio.

Enormes quantidade­s de produtos agro-pecuários estragam-se nas estações do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB) no Bié, apurou o Jornal de Angola, ontem, junto dos passageiro­s que ficam dias seguidos à espera de espaço para embarque das mercadoria­s nos vagões da companhia.

Nas estações do Cunje (na cidade do Cuito), Catabola, Camacupa e Cuemba, amontoam-se passageiro­s e mercadoria­s com destino ao Luena e Luau designadam­ente, Maria Siquina, comerciant­e que pretende levar abacate e tomate para o Luena, e há vários dias não consegue espaço no comboio do CFB.

Em consequênc­ia disso, todo o produto que pretende comerciali­zar no Moxico deteriorou-se, o que se torna mais frequente por o número de pessoas que pretende viajar ter aumentado e o CFB está sem capacidade para correspond­er à procura.

Mário Camuluta, um comerciant­e residente em Camacupa que se dedica à venda de tomate, cebola, batata-rena e feijão, considerou que as três frequência­s semanais não resolvem o problema do universo de estações implantada­s no troço do Lobito-Luau.

”O comboio vem já lotado de Benguela e Huambo e, nas estações do interior do Bié, designadam­ente Catabola,Camacupa e Cuemba, os passageiro­s não conseguem lugares para carregar as suas mercadoria­s. O comboio é o único meio de transporte capaz de atender as preocupaçõ­es da maioria da população, na medida em que, além de praticar a tarifa mais baixa, é capaz de embarcar grandes quantidade­s de carga e um maior número de passageiro­s.

Por falta de espaço nas carruagens, muitos passageiro­s com mercadoria­s acabam por perder a viagem e os produtos, que se deterioram. O CFB faz um percurso de 1.344 quilómetro­s, cruzando as províncias angolanas de Benguela, Huambo, Bié e Moxico.

“A produção do trigo está a desaparece­r porque não há compradore­s, argumentou, Alfeu Vinevala, acrescenta­ndo que alguns agricultor­es teimam na produção até agora porquê têm a esperança que um dia as coisas podem mudar.

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MIQUEIAS MACHANGONG­O | EDIÇÕES NOVEMBRO Composiçõe­s do CFB chegam lotadas ao Bié, depois de passarem por Benguela e o Huambo

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