Produtos do campo apodrecem nas estações
Frequências insuficientes e procura crescente levam comerciantes a perdas nas operações de escoamento
Enormes quantidades de produtos agro-pecuários estragam-se nas estações do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB) no Bié. Nas do Cunje, Catabola, Camacupa e Cuemba amontoam-se passageiros com mercadorias destinadas ao Luena e Luau (Moxico). Comerciantes pretendem levar o produto para o Luena, mas há vários dias que não conseguem espaço no comboio.
Enormes quantidades de produtos agro-pecuários estragam-se nas estações do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB) no Bié, apurou o Jornal de Angola, ontem, junto dos passageiros que ficam dias seguidos à espera de espaço para embarque das mercadorias nos vagões da companhia.
Nas estações do Cunje (na cidade do Cuito), Catabola, Camacupa e Cuemba, amontoam-se passageiros e mercadorias com destino ao Luena e Luau designadamente, Maria Siquina, comerciante que pretende levar abacate e tomate para o Luena, e há vários dias não consegue espaço no comboio do CFB.
Em consequência disso, todo o produto que pretende comercializar no Moxico deteriorou-se, o que se torna mais frequente por o número de pessoas que pretende viajar ter aumentado e o CFB está sem capacidade para corresponder à procura.
Mário Camuluta, um comerciante residente em Camacupa que se dedica à venda de tomate, cebola, batata-rena e feijão, considerou que as três frequências semanais não resolvem o problema do universo de estações implantadas no troço do Lobito-Luau.
”O comboio vem já lotado de Benguela e Huambo e, nas estações do interior do Bié, designadamente Catabola,Camacupa e Cuemba, os passageiros não conseguem lugares para carregar as suas mercadorias. O comboio é o único meio de transporte capaz de atender as preocupações da maioria da população, na medida em que, além de praticar a tarifa mais baixa, é capaz de embarcar grandes quantidades de carga e um maior número de passageiros.
Por falta de espaço nas carruagens, muitos passageiros com mercadorias acabam por perder a viagem e os produtos, que se deterioram. O CFB faz um percurso de 1.344 quilómetros, cruzando as províncias angolanas de Benguela, Huambo, Bié e Moxico.
“A produção do trigo está a desaparecer porque não há compradores, argumentou, Alfeu Vinevala, acrescentando que alguns agricultores teimam na produção até agora porquê têm a esperança que um dia as coisas podem mudar.