Fortes chuvas causam 200 mortes na Nigéria
As fortes chuvas que este ano se abateram sobre o território nigeriano causaram mais de 200 vítimas mortais, além de provocarem milhares de deslocados, o que levou o Governo a decretar o estado de emergência nacional em quase todo o país
O Governo nigeriano anunciou a morte de mais de 200 pessoas e a existência de milhares de deslocados desde o início da época chuvosa, o que o levou a decretar o estado de emergência nacional nalgumas regiões do país.
De acordo com uma nota oficial do Governo, foi decretado o estado de emergência nas regiões banhadas pelos rios Níger, Kogi, Anambra, Benue e Delta o que envolve a disponibilização de uma verba global superior a oito milhões de dólares para acudir aos mais necessitados.
Esta situação só não teve consequências mais desastrosas porque não apanhou de surpresa as autoridades nigerianas, uma vez que nos últimos anos as chuvas provocaram estragos humanos e materiais bastante significativos.
Em 2017, por exemplo, as chuvas afectaram 250 mil pessoas, enquanto em 2016 morreram 53 pessoas e mais de 100 mil foram obrigadas a abandonar as suas zonas de residência. A situação mais grave ocorreu em 2012, quando mais de dois milhões de nigerianos ficaram sem casas, enquanto 363 morreram.
Os serviços de meteorologia consideram que a situação que se viveu este ano no país já era expectável, uma vez que a intensidade das chuvas tem vindo a aumentar a cada ano perante a apatia das pessoas que vivem nas zonas de risco, apesar dos alertas frequentemente lançados pelas autoridades.
Razões de estratégia
Como se de uma fatalidade se tratasse, a verdade é que para os nigerianos esta tragédia encontra razões na própria força da natureza, para lá de eventuais problemas com a gestão que o Governo faz em relação à segurança das populações.
A Nigéria possui dois dos maiores rios da região oeste de África, o Níger, que banha a zona do nordeste e o Benue, que se alonga por toda a fronteira com os Camarões.
Essas duas imensas zonas de água, encontram-se na região central do país e formam um único rio que vai desaguar no Oceano Atlântico.
Pelo caminho, com o caudal aumentado pelas chuvas, esses rios alagam e destroem tudo o que encontram, como sucedeu em 2012 quando destruíram povoações inteiras, onde as populações não acataram as orientações das autoridades para procurarem refúgio em zonas mais elevadas.
Nessa altura, as águas que extravasaram as margens do rio Níger atingiram os 12,84 metros de altura.
Este ano, até agora, a subida foi de 11.06 metros, mas os especialistas temem que a situação se agrave caso as chuvas continuem a cair com a mesma intensidade, uma vez que a época apenas termina no final do próximo mês.
Para agravar a situação, países vizinhos como o Níger, Camarões e Mali têm sido igualmente afectados pelas fortes chuvas que inundam os seus rios que vão desaguar nos dois maiores rios nigerianos, o Níger e o Benue.
Um outro problema que tem contribuído para esta situação tem a ver com o estado em que se encontram as três principais barragens hidroeléctricas do país, a de Kainji e Jebba, no rio Níger e a Shiror, no rio Kaduna.
Todas estas barragens estão demasiado cheias devido às enxurradas, o que obrigou no mês passado à realização de algumas descargas que também afectaram as povoações circundantes.
Com uma população calculada em 186 milhões de pessoas, a Nigéria é dos países africanos onde o planeamento das cidades é mais precário, sobretudo nas medidas preventivas para fazer frente aos efeitos das chuvas.
Esta falta de planeamento está expressa na inexistência de uma fiscalização efectiva que impeça as populações de se instalarem nas margens dos rios.
Para agravar a situação, o próprio Governo aprovou recentemente um plano de construção popular para as margens do rio Níger, em zonas que agora foram particularmente afectadas pela queda das chuvas.