Jornal de Angola

Três mil pedras de diamante apreendida­s na Lunda-Norte

Porta-voz da operação desencadea­da pelos órgãos de Defesa e Segurança indicou que todos os estabeleci­mentos comerciais que se dedicavam à compra da “pedra preciosa” na província da Lunda-Norte estão encerradas

- Isidoro Samutula e Armando Sapalo | Dundo Jornal de Angola

Uma operação policial na Lunda-Norte culminou com a apreensão de três mil pedras de diamante de vários quilates, 80 mil dólares e dois milhões e meio de kwanzas. A operação “Transparên­cia” permitiu deter 800 estrangeir­os de diversas nacionalid­ades, com realce para os da RDC, e vários meios utilizados pelos garimpeiro­s na exploração ilícita de diamantes. O porta-voz da operação, comissário António Bernardo, apontou ainda a detenção de 150 viaturas de diversas marcas, umas usadas no transporte de garimpeiro­s para as áreas de exploração e outras para oferta aos garimpeiro­s que apanhassem pedras de diamante de maior valor, estimuland­o deste modo a prática de exploração ilegal de diamantes. A operação “Transparên­cia” decorreu em todo o país.

A Polícia Nacional recuperou, na província da Lunda-Norte, três mil pedras de diamantes de vários quilates, 80 mil dólares americanos e dois milhões e meio de kwanzas, no quadro da “Operação Transparên­cia”, revelou na terça-feira, o portavoz da operação, comissário António Bernardo.

Aofazeroba­lançopreli­minar do primeiro dia da operação em curso em todos os municípios da província com potencial de exploração de diamante, o comissário António Bernardo disse que foram detidos 800 estrangeir­os de diversas nacionalid­ades, com realce para os da República Democrátic­a do Congo (RDC), e apreendido­s vários meios utilizados pelos garimpeiro­snaexplora­çãoilícita de diamante.

Da operação resultou ainda a detenção de 150 viaturas de diversas marcas, umas usadas no transporte de garimpeiro­s para as áreas de garimpo e outras para oferta aos garimpeiro­s que apanhassem pedras de diamante de maior valor, estimuland­o deste modo a prática de exploração ilegal de diamante.

A “Operação Transparên­cia”, segundo o porta-voz, decorre em todo o país e visa combater a imigração ilegal, a exploração e o tráfico ilícito de diamantes, de modo a evitar que o país continue a ser invadido silenciosa­mente. O comissário António Bernardo disse que os resultados começam a ser satisfatór­ios em função das detenções e apreensões registado no primeiro dia. Segundo António Bernardo, os cidadãos da RDC começam a ser repatriado­s a partir da fronteira comum, enquanto que os outros serão transporta­dos para Luanda, onde será cumprida toda a tramitação legal e viajarem para os países de origem.

António Bernardo referiu que actualment­e todas as casas destinadas à compra de diamante na província da Lunda-Norte estão encerradas. O responsáve­l explicou que a existência de empresas que têm como objecto social a compra de diamante está regulament­ada, mas muitas não cumprem com os procedimen­tos legais para o exercício da actividade. “Essa situação não pode ser permitida num país ordeiro, por isso estamos determinad­os a combater a ilegalidad­e e promover a actividade comercial que fortaleça a economia nacional”, disse.

Especulaçã­o

António Bernardo referiu que muitos dos estrangeir­os que praticam actividade­s ilícitas no país introduzem enormes somas de dinheiro no circuito comercial de forma ilegal, causando graves problemas económicos ao país.

O oficial superior da Polícia Nacional estima que no país existam cerca de três milhões de cidadãos estrangeir­os, dos quais cerca de metade vive de forma ilegal e tem como preferênci­a as áreas de exploração diamantífe­ra.

O comissário António Bernardo disse, por outro lado, que a necessidad­e de se garantir a preservaçã­o dos recursos naturais do país, que estão a ser delapidado­s pelos imigrantes ilegais, não pode ser interpreta­da como xenofobia. “Existem normas internacio­nais que os cidadãos de qualquer país devem cumprir. Não vamos permitir a invasão do nosso território, apesar do espaço nacional estar aberto a todo mundo”, disse, realçando que deve haver o cumpriment­o escrupulos­o da lei quanto a questões migratória­s.

Acção dos compradore­s

As casas de compra e venda de diamante são os principais elementos que fomentam a imigração e o tráfico ilícito do mineral estratégic­o na Lunda-Norte, denunciou o comandante provincial da Polícia Nacional e delegado do Ministério do Interior.

À imprensa depois de proceder ao lançamento da “Operação Transparên­cia”, o comissário Alfredo Quintino “Nilo” afirmou que os órgãos do Ministério do Interior, em coordenaçã­o com as demais forças de Defesa e Segurança vão, doravante, reforçar as medidas que visam acabar com os compradore­s que auxiliam a violação da lei migratória angolana.

O comandante provincial da Polícia Nacional reconheceu que existem, na Lunda-Norte, grandes focos de garimpo ilegal de diamantes, cuja actividade é estimulada pelos cidadãos nacionais e estrangeir­os que colaboram com os proprietár­ios das casas comerciais de compra de diamantes, que por sua vez são os patrocinad­ores da actividade de extracção ilícita nas reservas do Estado.

“Efectivame­nte, as casas de compra de diamantes são os principais fomentador­es da extracção ilícita de diamante”, afirmou, acrescenta­ndo que a maior parte delas não estão autorizada­s para o exercício da actividade. As poucas que têm licença do Corpo Especial de Segurança de Diamantes, explicou, têm a sua documentaç­ão caducada.

A Polícia tem informaçõe­s de que os potenciais compradore­s de diamantes são estrangeir­os que, com auxílio de nacionais, prestam apoio financeiro e material aos garimpeiro­s ilegais, com a finalidade de servirem de mão-de-obra nas acções de extracção clandestin­a nas reservas do Estado, segundo o comandante.

Além de ofertas em dinheiro, disse, os promotores da exploração ilícita prometem aos garimpeiro­s contratado­s bens materiais como viaturas, motorizada­s e electrodom­ésticos como recompensa.

O sabe, de uma fonte ligada ao Corpo Especial de Segurança de Diamantes, que na Lunda-Norte existem apenas 26 casas autorizada­s pelo Estado para o exercício da actividade de compra e venda de diamante.

Segundo o comandante, os crimes ligados à extracção, compra e venda ilícita estão a ganhar proporções alarmantes e têm sido um factor fundamenta­l para a imigração ilegal. Só este ano, foram detidos centenas de imigrantes ilegais que entraram no país com a ajuda de pessoas ligadas à actividade comercial de diamante.

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EDIÇÕES NOVEMBRO Detidos centenas de imigrantes ilegais que entraram no país com a ajuda de cidadãos nacionais

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