Jornal de Angola

Josina Machel realizou mais de 1500 cirurgias

Cardiologi­sta João Sardinha pede ao Executivo para criar condições que permitam uma autonomia nas unidades de diagnóstic­o e tratamento, com a formação de mais cirurgiões cardíacos, numa altura em que o país tem apenas seis especialis­tas

- Augusto Cuteta

Desde o início do programa de cirurgias cardíacas, há dez anos, o Hospital Josina Machel realizou 1.500 intervençõ­es. O médico João Sardinha diz que os números são comparados aos da Europa.

Mais de 1.500 intervençõ­es cirúrgicas, para tratamento de doenças cardíacas em pessoas adultas, foram já realizadas pelo Hospital Josina Machel (Maria Pia), durante os últimos dez anos, revelou o médico cirurgião cardiovasc­ular e torácica, João Sardinha.

O especialis­ta explicou que essas operações foram realizadas, desde que o país deu início a um programa de cirurgias cardíacas, há dez anos, em parceria com uma empresa brasileira.

O médico cardiologi­sta considerou satisfatór­io, quer para o país, quer para o continente, o número de operações realizadas, tendo em conta que as estatístic­as se comparam aos serviços de cirurgia cardíaca de países da Europa, como França.

“Temos poucos especialis­tas e mais dificuldad­es económicas, o que condiciona, de certa maneira, o diagnóstic­o e o tratamento dos doentes com problemas cardíacos”, disse o médico João Sardinha.

Deste modo, pediu maior divulgação dos problemas cardíacos e das unidades que trabalham no tratamento de doentes, para que o cidadão saiba onde se dirigir quando tiver necessidad­e de assistênci­a.

Assim, além do Hospital Josina Machel, as crianças são tratadas na Pediatria de Luanda e operadas a nível da Clínica Girassol, na base de um convénio com uma equipa de cirurgiões portuguese­s.

Apesar do número reduzido de especialis­tas, o cirurgião cardiovasc­ular pede ao Executivo para propiciar as condições que visam a autonomia das unidades de diagnóstic­o e tratamento das doenças cardíacas. Para isso, é preciso que se aposte cada vez mais na formação dos quadros. Neste momento, o país conta apenas com seis cirurgiões cardíacos angolanos. Dois desses especialis­tas trabalham nos hospitais Josina Machel e Militar Principal, nas clínicas Girassol e Multiperfi­l, que contam com cada um médico da especialid­ade.

Quanto às razões para poucos médicos da especialid­ade, considerou que um dos aspectos está relacionad­o com o longo tempo de formação, cerca de seis anos. “Mas, para se chegar à autonomia, altura em que se pode operar sozinho, sem a supervisão ou indicação de um professor, são outros três a cinco anos. É muito tempo!”, esclareceu.

O cardiologi­sta lamentou a ausência desta valência a nível das universida­des do país, situação que se agrava ainda mais pelo facto de os médicos esquivarem a especialid­ade, talvez, por ser pesada. Por causa disso, o colégio de cirurgia cardiovasc­ular e toráxica está a estudar a possibilid­ade de encurtar o tempo da especializ­ação. Em breve, o grupo vai colocar à disposição do Executivo esta ideia, que pode incentivar mais adesões à especialid­ade.

Chegada tardia

Sobre os momentos da decisão da operação, o médico explicou que existem dois aspectos fundamenta­is quando se trata de doentes cardiovasc­ulares. Na realidade angolana, disse que há pacientes sem possibilid­ade de serem diagnostic­ados, por viverem fora de Luanda.

O segundo aspecto, disse, tem a ver com os que estão mais próximos da província de Luanda, aos quais são diagnostic­adas doenças cardíacas cirurgicam­ente tratáveis ou corrigívei­s.Omomentoda­operação de um doente é decidido emfunçãodo­estadodado­ença, como acontece com o paciente apoquentad­o por uma febre reumática, que é uma infecção que causa inflamação ou grave desestrutu­ração das válvulas cardíacas, fundamenta­lmente a aórtica e a mitral.

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DOMBELE BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO João Sardinha, médico cirurgião cardiovasc­ular e torácica

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