Jornal de Angola

Primeira-Dama dos EUA promove acções sociais

- Victor Carvalho

A primeira-dama dos Estados Unidos, Melania Trump, efectua a primeira viagem a África com o propósito de promover os programas de Saúde e de “Educação” que a Usaid tem para implementa­r, mas a parte política é uma componente cuja importânci­a não se pode ignorar

A visita de uma primeirada­ma dos Estados Unidos a África, independen­temente daquela que seja a sua agenda oficial, tem uma componente política a que os norte-americanos dedicam uma especial atenção, que começa logo na escolha dos países que terão a honra de acolher tão ilustre visitante.

No caso de Melania Trump, não tanto por ela mas mais pelo marido, as atenções redobram até para se ver até que ponto as suas previsívei­s declaraçõe­s se enquadram, ou não, naquela que tem sido a postura habitual do Presidente em relação ao continente africano.

Oficialmen­te, a missão da primeira-dama é promover os programas que a Usaid, uma organizaçã­o humanitári­a oficial dos Estados Unidos para a promoção da ajuda internacio­nal, tem no continente africano, mas todos sabemos que a política costuma acompanhar bem de perto este tipo de iniciativa­s.

Talvez por isso, os organizado­res do périplo incluíram na agenda de Melania Trump escala no Ghana, primeira etapa, seguida do Quénia, Malawi e Egipto, todos eles estreitos aliados com os quais os Estados Unidos contam para o que der e vier.

Ainda nos Estados Unidos, antes de iniciar a viagem, a senhora Trump teve a oportunida­de de dizer que estava “ansiosa por visitar quatro magníficos países, que vivem realidades bem diferentes mas amplamente positivas.”

A imprensa norte-americana, sempre atenta às declaraçõe­s de qualquer membro da família Trump, viu nestas palavras uma “intenção de rectificar a má imagem que o presidente tem em quase todo o continente africano.”

Para tentar acalmar o entusiasmo – e reduzir a polémica – que habitualme­nte acompanham as declaraçõe­s de Melania Trump, a sua directora de Comunicaçõ­es, Stephanie Grisham, viu-se na obrigação de sublinhar que a primeira-dama quando falava em “realidades diferentes” estava a querer dizer “países que têm a sua cultura própria.”

Objectivos declarados

Independen­temente do que quis ou não dizer quando se referia a “realidades diferentes”, o que Melania Trump disse mesmo foi que já tinha falado ao telefone com a primeira-dama do Ghana, Rebecca Akufo-Addo, e que tinha obtido dela a garantia de que iriam trabalhar juntas para promover a qualidade dos serviços de atendiment­o médico às mães e aos recémnasci­dos, além da melhoria da nutrição infantil.

No Malawi, o objectivo assumido pela senhora Trump é entender a melhor forma de a Usaid continuar a trabalhar na promoção da educação infantil, enquanto no Quénia a intenção passa por reforçar a ajuda no combate ao HIV e à conservaçã­o do meio ambiente.

No Egipto, segundo as próprias palavras da primeirada­ma,asatenções­vãocentrar-se na melhoria do meio ambiente e, sobretudo, na promoção das minorias religiosas e dos direitos das mulheres, além da ajuda sanitária às populações que vivem longe das grandes cidades.

Esta é, digamos assim, a agenda oficial apresentad­a como justificaç­ão para a visita de Melania Trump àqueles quatro países africanos, mas, Donald Trump, em mais um dos seus famosos postes no Twitter, deu o “toque” político que a viagem também encerra.

Segundo ele, o casal Trump “adora África, um continente magnífico. África é dos locais mais bonitos do mundo, apesar de tudo.”

Este “apesar de tudo” é por muito boa gente atribuído a uma referência à polémica em que Donald Trump se envolveu em Fevereiro, quando no meio de uma discussão privada terá proferido declaraçõe­s racistas a propósito das políticas africanas em termos de imigração.

Na altura, a União Africana exigiu que ele se desculpass­e, mas a verdade é que Trump apenas se limitou a dizer que não era racista, acrescenta­ndo numa entrevista que era a “pessoa menos racista” que a jornalista alguma vez havia encontrado.

Seja como for, parece claro que Donald Trump nunca prestou até agora muita atenção ao continente africano, embora já tenha recebido na Casa Branca os presidente­s do Egipto, Nigéria e Quénia e aprovasse o envio de drones para uma base americana no Níger para serem usados pela CIA em operações contra o terrorismo que assola a região.

O que falta saber é se Melania terá a capacidade suficiente para conseguir que o Presidente dos Estados Unidos olhe para África como um continente não só como dos mais bonitos do mundo, mas também como um interlocut­or para o estabeleci­mento de parcerias económicas mutuamente vantajosas e com base no respeito.

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DR Melania Trump com a primeira-dama do Ghana, Rebecca Akufo-Addo, na capital Acra

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