Desafios conjuntos analisados em palestra
Questões como o papel dos processos de regionalismo, regionalização e integração no desenvolvimento da fronteira sul de Angola e a melhoria das políticas económicas que venham a reforçar o papel do Estado no que diz respeito à catalogação da população residente na zona fronteiriça com a Namíbia, foram destacados, em Ondjiva (Cunene), pelo académico e investigador Ezequiel Israel Jonas como desafios comuns.
Ao falar numa palestra sobre “A economia política do regionalismo, o caso de Namíbia e Angola”, Ezequiel Jonas disse que a apresentação deste tema está relacionada com os estudos que tem feito, que visam cartografar os regionalismos nas províncias junto da fronteira Sul de Angola. Ezequiel Jonas referiu que o seu trabalho tem também como objectivo narrar a construção, a reconfiguração dos regionalismos resultantes da fronteira sul e articular as iniciativas microregionais na província do Cunene e outras abrangentes, bem como contribuir para o desenvolvimento dos estudos do regionalismo na área de estudos africanos.
De acordo com Ezequiel Jonas, a investigação visa, igualmente, compreender as dinâmicas de construção dos micro-regionalismos envolvendo a fronteira sul de Angola com vista à integração regional, sua articulação com os macro-regionalismos abrangendo directamente a área geográfica. O papel dos processos de regionalismos, regionalização e integração no desenvolvimento da fronteira Sul de Angola, disse, passa pela necessidade de identificar os residentes e a população que tem somente as zonas fronteiriças como locais de actividade económica.
Referindo-se ao caso particular da fronteira de Santa Clara, na província do Cunene, Ezequiel Jonas constatou a existência de um grande movimento migratório e comercial, daí alguns males como o trabalho de estivadores, realizado por mulheres e crianças. Tal actividade, se combatida, sublinhou, promoveria o pagamento de direitos aduaneiros, que, por sua vez, gerariam receitas aos cofres do Estado.
“Gostava que tivéssemos, num futuro próximo, uma fronteira mais organizada, começando pela própria instituição do Estado, que deve criar um modelo que permita criar políticas que venham a reforçar o papel do Estado no que diz respeito à catalogação da população residente na zona fronteiriça, quer de Angola como da Namíbia”, afirmou Ezequiel Jonas.
“A queda dos preços do petróleo e sua influência sobre as dinâmicas transfronteiriças no Santa Clara e Oshikango”, “O papel do pequeno comércio transfronteiriço e sua influência nas dinâmicas locais na fronteira entre Angola e Namíbia”, também foram temas debatidos durante a palestra que juntou várias entidades da província do Cunene.