Unicef suspende ajuda financeira
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) suspendeu ontem as transferências em dinheiro para nove milhões de cidadãos carenciados do Iémen, devido a pressão dos rebeldes Houthis, segundo a agência de notícias Associated Press (AP).
A medida foi tomada numa altura em que a moeda local (rial) está a perder valor com muita regularidade, levando ao aumento dos preços dos alimentos e dos combustíveis, e provocando receios de que a crise humanitária já existente piore.
O Unicef afirmou que a decisão foi tomada após não ter sido possível criar um "call center" para estabelecer contacto com os beneficiários. A agência da ONU não forneceu mais detalhes sobre o caso.
Duas pessoas ligadas ao programa, citadas pela AP, disseram que os rebeldes Houthis - que controlam o norte do Iémen -- impediram o lançamento do "call center" porque temiam que fosse revelada a sua manipulação das transferências de dinheiro.
Estas duas pessoas falaram sob condição de anonimato, temendo represálias dos rebeldes. Os Houthis, apoiados pelo Irão, estão em guerra com uma coligação liderada pela Arábia Saudita desde Março de 2015. Os rebeldes foram repetidamente acusados de desviar as ajudas para os seus partidários.
Na semana passada, as autoridades de segurança dos Houthis proibiram o director da Agência Adventista de Desenvolvimento e Socorro (ADRA, sigla em inglês) de voltar ao Iémen.
A agência adventista foi pressionada a usar as listas de beneficiários organizadas pelos rebeldes para a distribuição de ajuda e usar funcionários ligados aos Houthis em instalações de saúde administradas pela ADRA.
Quando o director,Ephraim Palmero, se opôs,foi notificado de que não poderia voltar ao Iémen.