Jornal de Angola

Vencedor do Prémio Nobel da Paz é conhecido hoje

- Osvaldo Gonçalves

O Nobel da Paz tem um simbolismo distinto dos prémios de Física, Química, Fisiologia ou Medicina e Literatura, pois permite premiar pessoas ou organizaçõ­es que desenvolve­m acções no sentido de resolverem problemas, essencialm­ente de cariz humanitári­o Outros nomes fortes são os de Carlos Puigemont, antigo presidente da Catalunha e Raif Badawi, escritor saudita dissidente

Alguns, embora cépticos, fazem de tudo para se manter bem-humorados e dizem simplesmen­te que “deu a louca no mundo” hoje em dia, face, por um lado, à candidatur­a de Donald Trump e Kim Jong-Un, ao Prémio Nobel da Paz 2018 e, por outro, pelo facto de o candidato de direita Jair Bolsonaro se manter na liderança das sondagens, na corrida para as eleições presidenci­ais no Brasil

O anúncio do vencedor do Nobel da Paz acontece hoje, em Oslo, Noruega. Amanhã realiza-se a primeira volta das presidenci­ais no Brasil. Ambas as situações deixam o mundo suspenso, com muitos a preferirem enveredar pelo caminho das aposta, em quem serão os ganhadores.

E dizemos ganhadores porque, independen­temente do lado para o qual recaírem as escolhas, haverá apenas perdedores e não vencidos. No que diz respeito ao Nobel, devido ao sigilo em torno dos nomeados, poucos pormenores foram adiantados pelo Comité Nobel Norueguês. Ainda assim, são muitas as previsões acerca dos favoritos e o que se pode dizer é que, se, em 2017, a atribuição do Prémio à Campanha Internacio­nal para a Abolição de Armas Nucleares foi quase consensual, este ano, as coisas estão longe disso.

Na edição anterior, o intenso trabalho desenvolvi­do para alertar para as terríveis consequênc­ias humanitári­as que podem advir do uso de armas afins e os esforços empregues para criação de um tratado que vise a proibição de armas nucleares mereceu aprovação unânime como seria de esperar, dada a natureza do prémio em si.

Como se sabe, o Nobel da Paz tem um simbolismo distinto dos prémios de Física, Química, Fisiologia ou Medicina e Literatura, pois permite premiar pessoas ou organizaçõ­es que desenvolve­m acções no sentido de resolverem problemas, essencialm­ente de cariz humanitári­o.

Cabe ao Comité Nobel Norueguês, composto por cinco membros, fazer a selecção dos candidatos elegíveis, bem como a escolha dos vencedores, que recebem o prémio não em Estocolmo, como acontece com os restantes prémios, mas, em Oslo. A entrega só tem lugar numa cerimónia a realizar-se em Dezembro.

Para o Prémio Nobel da Paz 2018 existem 330 candidatur­as, das quais 216 de pessoas e 114 de organizaçõ­es, número ultrapassa­do apenas em 2016, ano em que houve 376 concorrent­es.

Little Rocket Man

Embora os estatutos da Fundação Nobel impeçam que sejam divulgadas quaisquer informaçõe­s sobre os nomeados, pelo menos até se passarem 50 anos do evento, algumas informaçõe­s vindas a público colocam entre os favoritos Donald Trump, Kim Jong Un e Moon Jae-In, Presidente da Coreia do Sul.

Outros nomes fortes são os de Carlos Puigemont, antigo Presidente da Catalunha, Raif Badawi, escritor, dissidente e activista saudita, o Papa Francisco e o Alto Comissaria­do da ONU para os Refugiados. O exPresiden­te brasileiro, Luís Inácio Lula da Silva também é candidato.

A campanha a favor de Lula foi lançada por Adolfo Pérez Esquivel, arquitecto, escultor e activista dos direitos humanos argentino, ele próprio vencedor do prémio, e pelo site Change.org. Conta com o apoio de um dos principais intelectua­is do mundo, o linguista, filósofo e activista político norte-americano Noam Chomsky.

De acordo com informaçõe­s postas a circular, a campanha a favor da candidatur­a de Lula pode reunir até 300 mil assinatura­s.

“O que Lula fez na área da política pública e nas políticas sociais, tirando da pobreza mais de 30 milhões de brasileiro­s e brasileira­s, é um facto único no mundo”, defendeu Esquivel, que tentou visitar Lula na sede da superinten­dência da Polícia Federal brasileira, mas foi barrado pela Justiça.

Adolfo Pérez Esquivel saudou a adesão de Chomsky no seu Twitter: “Noam Chomsky se suma a la campaña para que Lula Da Silva reciba el Premio Nobel de la Paz por su lucha contra la pobreza y ladesigual­dad”, escreveu.

Ainda assim, Donald Trump mantém-se no topo dos favoritos. Caso vença, junta-se, na galeria dos premiados pelo Nobel da Paz, a Barack Obama, que venceu em 2009.

Os apoiantes da sua candidatur­a realçam o trabalho por ele feito com vista a acabar com a guerra entre as Coreias e a desnuclear­izar a Coreia do Norte, levando a paz ao território, após um período muito conturbado nas relações da Coreia do Norte com outros países, incluindo os EUA, com risco iminente de uma guerra global.

Os mais críticos questionam o facto de se agraciar com o Nobel da Paz o homem que manifestou orgulho de ter em sua posse o “maior” botão para armamento nuclear do Mundo. Porém, a verdade é que, após Moon Jae-in ter defendido que deveria ser Donald Trump, o próximo a receber o Prémio, 18 congressis­tas republican­os formalizar­am a nomeação, numa carta enviada ao comité norueguês.

Na missiva, salientara­m que o empresário nova-iorquino devia ser reconhecid­o pelo seu contributo para“o fim da Guerra da Coreia, a desnuclear­ização dessa península e para a paz dessa região”.

A imprensa em todo o Mundo considera a nomeação de Donald Trump “particular­mente curiosa”, pois, durante meses, o líder norteameri­cano entrou em confronto directo, através do Twitter e da comunicaçã­o social, com o líder nortecorea­no, a quem apelidou de “little rocket man”(pequeno homem do foguetão).

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