Mais de mil pessoas podem estar soterradas na Indonésia
Número de mortos sobe para 1.424, além da total destruição de cidades pelo sismo de magnitude 7,5 seguido de tsunami
Uma organização não-governamental admitiu ontem que possa haver mais de mil pessoas soterradas nos escombros e lama, apesar dos esforços para resgatar as vítimas, após o sismo que, na sexta-feira, atingiu a ilha Celebes, na Indonésia. As autoridades indonésias actualizaram para 1.424 o número de mortos provocados pelo sismo de magnitude 7,5 seguido de tsunami.
A estimativa da organização Aksi Cepat Tanggap (ACT), especializada em resposta a desastres naturais, refere-se ao bairro de Balaroa, em Palu, a cidade mais afectada e que ficou praticamente reduzida a escombros e submersa pelas cargas de lama que se seguiram ao sismo.
“Há casas em cima umas das outras e corpos por baixo”, disse Ali Akbar, um dos membros da ACT, citado pela agência de notícias EFE.
O activista assinalou as dificuldades dos trabalhos por falta de maquinaria pesada.Desde o início da manhã de ontem, familiares, vizinhos, soldados e voluntários procuravam sobreviventes num bairro onde, segundo a ACT, viviam mais de 2.000 pessoas e onde, a seguir ao sismo, deflagraram vários incêndios.
As autoridades indonésias estabeleceram na sexta-feira, data que assinala uma semana após a tragédia, como prozo limite para encontrar pessoas com vida debaixo dos escombros. Depois deste dia, a hipótese de encontrar sobreviventes torna-se praticamente nula.
Uma semana depois do sismo prosseguem os esforços de resgate numa altura em que, além dos mortos, são feitas as contas e se preparam respostas para identificar milhares de feridos e desalojados.
Milhares de pessoas ficaram feridas na zona central de Sulawesi e mais de 70 mil pessoas foram desalojadas.
Os sobreviventes, muitos alojados em tendas e abrigos, sofrem agora com a falta de energia e água e deparamse com a incerteza sobre quando e se poderão reconstruir as suas casas.
O porta-voz da agência indonésia de catástrofes, Supoto Purwo Nugroho, informou, em conferência de imprensa, em Jacarta, que a maioria dos mortos já foi enterrada e que os esforços de resgate estão a ser intensificados.
Nugroho assinalou as dificuldades nos trabalhos, adiantando que vastas áreas se desmoronaram quando o sismo provocou a liquefacção dos solos, num efeito comparável ao de areias movediças.
Numa zona, cerca de 200 hectares de terra foram “engolidos”, enquanto numa outra localidade, 180 hectares afundaram-se, arrastando 168 casas.
Um residente de Palu, citado pelas agências internacionais, considerou que várias vítimas podiam ter sobrevivido se tivessem sido ajudadas mais rapidamente.
Oporta-vozdaPolíciaNacional, Dedi Prasetyo, anunciou o reforço da segurança nas áreas afectadas depois de 92 pessoas terem sido detidas por saque de mercadorias.
Uma família de sobreviventes denunciou as precárias condições de vida precárias num dos campos de socorro, onde, segundo disse, a ajuda alimentar é pouca e distribuída de forma desigual e onde é difícil encontrar água.
Supoto Purwo Nugroho disse que milhares de pessoas foram retiradas de barco e que o foco da agência está na intensificação dos esforços de resgate, tratamento médico, distribuição da ajuda, bem como na recuperação das infraestruturas básicas e na coordenação da ajuda internacional.
Ajuda do Papa
O Papa Francisco doou 100 mil dólares (87 mil euros) para ajudar a população afectada pelo sismo e tsunami na Indonésia, anunciou ontem fonte do Vaticano.
Com esta doação, o Papa quer nesta primeira fase dar “uma imediata expressão do seu sentimento espiritual de proximidade paterna e de ânimo” às pessoas afectadas, refere um comunicado do dicastério (Ministério do Vaticano) do Desenvolvimento Humano Integral.
“A soma vai ser dividida para ajudar as pessoas e territórios maioritariamente afectados com a colaboração da nunciatura apostólica (na Indonésia)”, acrescentou o comunicado.
Segundo o Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários das Nações Unidas, mais de 200 mil pessoas, entre as quais milhares de crianças, necessitam de ajuda urgente.
Autoridades da Indonésia estabelecem esta sexta-feira, quando se assinala uma semana da tragédia, como data limite para encontrar pessoas com vida debaixo dos escombros