Jornal de Angola

Zoran Maki cala críticos com temporada de sonho

1º de Agosto supera arranque atribulado e com coesão defensiva abre as portas da final da grande montra do futebol do continente

- Honorato Silva

De regresso ao clube, oito anos depois de ter feito parte da equipa técnica chefiada pelo compatriot­a Ljubinko Drulovic, afastado a meio da época de 2010, por falta de resultados desportivo­s, o técnico sérvio Zoran Maki faz sonhar os adeptos do 1º de Agosto, com a presença inédita na final da 22ª edição da Liga dos Campeões Africanos de futebol.

Muito contestado nos dois primeiros terços da época, dada a sucessão de empates e exibições pouco convincent­es, o treinador de 56 anos, auxiliado pelos angolanos Ivo Traça e Filipe Nzanza, duas referência­s no Rio Seco, colocou os rubro e negros em situação privilegia­da para a decisão do título continenta­l, após a vitória (1-0), diante do Esperance de Tunis, na última terça-feira, no Estádio Nacional 11 de Novembro.

Apesar de tangencial, a vantagem alcançada no jogo da primeira “mão” deixa os tri-campeões do Girabola com certa segurança para a visita à cidade de Tunis, no próximo dia 23. Qualquer empate, ou mesmo a derrota pela margem de um golo, desde que marque no reduto do adversário, qualifica o 1º de Agosto.

Ambicioso, Maki prefere fazer outras contas. Olha para a possibilid­ade de vencer fora de casa, por defender que quem joga preocupado com a derrota, mais facilmente abraça o insucesso. “A vantagem é muito curta, mas é melhor que o zero a zero. Cumprimos com o nosso objectivo. Felicito os meus jogadores, que têm sido verdadeiro­s heróis, numa época muito atribulada. Vamos continuar focados”, defendeu.

Ao atingir as metas estabeleci­das pela direcção do clube, liderada por Carlos Hendrick da Silva, que pediu a entrada na fase de grupos e a revalidaçã­o do título nacional, num ano sem a disputa da Taça de Angola, o técnico dos militares, oposto do antecessor, o bósnio Dragan Jovic, quanto ao temperamen­to, sobretudo no banco, calou os críticos.

De tal modo que deixou de fazer sentido o afastament­o, no final da temporada, porque os resultados desportivo­s, com destaque para a presença em fase tão adiantada da prova africana, deitam por terra todo e qualquer argumento a apontar para a saída da equipa técnica. Tracção atrás

A segurança defensiva tem sido a imagem de marca do 1º de Agosto de Zoran Maki, que como jogador foi pontade-lança, com uma presença de 13 anos (1989-2002) no futebol português, nos clubes Trofense, Tirsense, Oliveirens­e, Sporting Covilhã, Mealhada, Amora, União de Leiria e Marítimo. Em 91 jogos disputados, apontou 29 golos.

Sem um finalizado­r que dite a sentença na área adversária, pois Jacques tem se destacado mais no jogo colectivo, a jogar de costa para a baliza, a equipa elege a defesa como o principal argumento competitiv­o na prova milionária, agora motivo de abordagem em África, principalm­ente depois da eliminação do colosso TP Mazembe do Congo Democrátic­o. Em 13 jogos disputados desde as preliminar­es, passando pela fase de grupos e agora as meias-finais, os embaixador­es angolanos sofreram apenas oito golos, uma média de 0.61, menos de um tento consentido, por desafio, feito sustentado pelo rigor táctico incutido por Maki, bem na esteira do registo deixado por Jovic.

Na primeira eliminatór­ia, o grupo liderado em campo por Tony Cabaça, Dani Masunguna (capitão) e Bobó afastou o FC Platinum do Zimbabwe, com duplo triunfo (3-0 e 2-1), enquanto na derradeira barragem, diante do Bidwest Wits da África do Sul, venceu em casa (1-0) e perdeu fora pelo mesmo resultado. No desempate por grandes penalidade­s, triunfou (3-2), numa tarde épica de Cabaça, guarda-redes que rendeu Neblu com o firme propósito de fechar a baliza.

Confirmado para a próxima temporada, que pode não ter defeso, caso a equipa chegue à final, sem descurar a hipótese de vencer e disputar o Mundial de Clubes, o treinador trabalha com a direcção no reforço do ataque.

Em 2016, ao serviço do Sagrada Esperança, Maki já tinha mostrado à vontade na abordagem das provas africanas, ao chegar às portas da fase de grupos da Taça Nelson Mandela, onde acabou eliminado pelo Young African da Tanzânia, após derrota (02) fora e vitória (1-0) em casa. Pelo caminho afastou o Ajax Cape Town (África do Sul), Liga Muçulmana (Moçambique) e Vita Club Mokanda (República do Congo).

“A vantagem é muito curta, mas é melhor que o zero a zero. Cumprimos o nosso objectivo. Felicito os meus jogadores, que têm sido verdadeiro­s heróis, numa época muito atribulada”

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VIGAS DA PURIFICAÇíO | EDIÇÕES NOVEMBRO Treinador colocou os rubro e negros em situação privilegia­da para a decisão do título africano

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