Meninas órfãs obtêm fonte de rendimentos
O centro de acolhimento de meninas órfãs Horizonte Azul, localizado em Viana, vai poder suprir algumas dificuldades do dia-a-dia, sem muita dependência de apoios externos, com a entrada em funcionamento de um salão de beleza, construído e equipado pela fundação Pirâmide World Foundation.
Inaugurado ontem pelo administrador municipal de Viana, André Soma, numa primeira fase, vão trabalhar no salão de beleza, para servir a comunidade, seis meninas que receberam formação para o efeito. Zulmira Madalena, membro de direcção do centro Horizonte Azul, agradeceu o gesto da fundação. Disse tratar-se de uma oferta de grande importância, na medida em que vai permitir à instituição arrecadar receitas para suprir algumas necessidades do centro.
Os proventos da actividade também vão servir para pagar as propinas de 12 meninas que frequentam o ensino superior. "Os rendimentos provenientes do salão vão aliviar a carga financeira do centro", frisou. O salão vai proporcionar o primeiro emprego de muitas meninas que ali se encontram internadas.
Por viver de doações, o centro tem enfrentado dificuldades de alimentação, vestuário, medicamentos, material didáctico e outros.
O salão de beleza, que tem o mesmo nome da instituição, é a primeira fonte de rendimentos da instituição de caridade. "Até antes da sua existência, não tínhamos outra fonte de rendimento", realçou.
O centro acolhe 95 meninas, na sua maioria órfãs, que enfrentavam sérios problemas sociais nas famílias, provenientes de campos de deslocados espalhados pelo país, do INAC, MINARS e do Lar Kuzola. "Temos connosco meninas de quase todas as províncias do país", frisou Zulmira Madalena.
A interna mais nova do centro tem 6 anos e a mais velha 26 anos. A responsável referiu que vai haver um processo de rotação, para que outras meninas aprendam também a profissão de cabeleireira para trabalharem no referido salão.
Ester Buete, 21 anos, que entrou no centro com sete anos, é uma das seis meninas que vai trabalhar no salão. Disse que apesar de nunca ter trabalhado como cabeleireira está muito feliz. "É uma grande oportunidade. Agora temos a responsabilidade de transmitir o saber que recebemos na formação às outras meninas", referiu.
Isabel de Castro, 20 anos, que chegou ao centro quando tinha sete anos, não escondeu a satisfação por fazer parte do primeiro grupo a trabalhar no salão de beleza. "Estou pronta para pôr em prática tudo que aprendi", garantiu.
Benjamim Fernando, presidente da Fundação World Foudation, disse que decidiram apostar no centro Horizonte Azul por causa da forte ligação que têm com a instituição e pelo facto de terem presenciado muitas dificuldades que o mesmo enfrentava no dia-a-dia.