Moçambicanos escolhem novos dirigentes locais
Cerca de sete milhões de eleitores participam hoje, em Moçambique, nas eleições autárquicas com a novidade do regresso da Renamo, principal partido da oposição, depois de resolvidas as questões que levaram à sua ausência no anterior pleito devido ao seu desacordo em relação à lei que então estava em vigor.
Nas eleições municipais de 2013, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), que governa o país desde a independência, em 1975, conquistou 49 dos 53 municípios e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM) venceu nos restantes quatro, nas capitais provinciais da Beira, Nampula e Quelimane e na autarquia de Gurué.
Estes números podem ser explicados pela ausência da Renamo, que aliás saiu vencedora de uma eleição intercalar que entretanto se realizou no início do ano em Nampula, principal cidade do norte do país.
Um total de 21 partidos, coligações ou grupo de cidadãos consta dos boletins de voto, embora apenas os três partidos com assento parlamentar (Frelimo, Renamo e MDM) concorram em todos os municípios.
A CNE e o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) anunciaram que, pela primeira vez, em todos os postos de votação com três ou mais mesas, haverá um computador para os eleitores consultarem o seu local de voto, considerando que esta medida vai ajudar bastante quem tenha perdido o cartão de eleitor e precise de certificar-se da sua mesa.
Outra novidade consiste num serviço de consulta do local de voto, através de mensagem por telemóvel (SMS), lançado na semana passada em Maputo e Matola (capital e arredores).
Um passo para a paz
As eleições autárquicas vão também ocorrer numa altura em que Moçambique acaba de dar um passo determinante rumo à paz com o arranque do processo para desarmar o principal partido da oposição, a Resistência Nacional Moçambicana (Renamo) que está presente nesta corrida às urnas.
Numa cerimónia oficial para assinalar o acto, o Presidente Filipe Nyusi apresentou uma equipa de nove oficiais internacionais liderada pelo general argentino Javier Antonio Pérez Aquino, 58 anos, cuja mais recente missão consistiu em supervisionar, para as Nações Unidas, o desarmamento de guerrilheiros na Colômbia.
Esta equipa vai a partir de agora dar apoio técnico e aconselhamento em relação ao processo de desarmamento, desmobilização e reintegração (DDR, sigla internacional) em Moçambique, tendo sido definida por consenso entre o Governo e a Renamo.
Além do coordenador do grupo, fazem também parte da equipa oficiais da Alemanha, Índia, Irlanda, Noruega, Suíça, Tanzânia, EUA e Zimbabwe.
Na ocasião, o Chefe de Estado recordou uma frase que ele e Dhlakama proferiram, “a guerra acabou”, quando Nyusi se deslocou pela primeira vez, em 2017, ao refúgio do então líder da oposição, na Serra da Gorongosa (centro do país) para encetar o diálogo em curso. “A paz duradoura é o melhor presente que podemos oferecer ao povo moçambicano”, disse Filipe Nyusi.
O processo que agora arranca é a segunda parte de uma negociação que o Presidente moçambicano encetou no último ano com Afonso Dhlakama, após o cessar-fogo decretado por este em Dezembro de 2016.