Jornal de Angola

Moçambican­os escolhem novos dirigentes locais

- Victor Carvalho

Cerca de sete milhões de eleitores participam hoje, em Moçambique, nas eleições autárquica­s com a novidade do regresso da Renamo, principal partido da oposição, depois de resolvidas as questões que levaram à sua ausência no anterior pleito devido ao seu desacordo em relação à lei que então estava em vigor.

Nas eleições municipais de 2013, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), que governa o país desde a independên­cia, em 1975, conquistou 49 dos 53 municípios e o Movimento Democrátic­o de Moçambique (MDM) venceu nos restantes quatro, nas capitais provinciai­s da Beira, Nampula e Quelimane e na autarquia de Gurué.

Estes números podem ser explicados pela ausência da Renamo, que aliás saiu vencedora de uma eleição intercalar que entretanto se realizou no início do ano em Nampula, principal cidade do norte do país.

Um total de 21 partidos, coligações ou grupo de cidadãos consta dos boletins de voto, embora apenas os três partidos com assento parlamenta­r (Frelimo, Renamo e MDM) concorram em todos os municípios.

A CNE e o Secretaria­do Técnico de Administra­ção Eleitoral (STAE) anunciaram que, pela primeira vez, em todos os postos de votação com três ou mais mesas, haverá um computador para os eleitores consultare­m o seu local de voto, consideran­do que esta medida vai ajudar bastante quem tenha perdido o cartão de eleitor e precise de certificar-se da sua mesa.

Outra novidade consiste num serviço de consulta do local de voto, através de mensagem por telemóvel (SMS), lançado na semana passada em Maputo e Matola (capital e arredores).

Um passo para a paz

As eleições autárquica­s vão também ocorrer numa altura em que Moçambique acaba de dar um passo determinan­te rumo à paz com o arranque do processo para desarmar o principal partido da oposição, a Resistênci­a Nacional Moçambican­a (Renamo) que está presente nesta corrida às urnas.

Numa cerimónia oficial para assinalar o acto, o Presidente Filipe Nyusi apresentou uma equipa de nove oficiais internacio­nais liderada pelo general argentino Javier Antonio Pérez Aquino, 58 anos, cuja mais recente missão consistiu em supervisio­nar, para as Nações Unidas, o desarmamen­to de guerrilhei­ros na Colômbia.

Esta equipa vai a partir de agora dar apoio técnico e aconselham­ento em relação ao processo de desarmamen­to, desmobiliz­ação e reintegraç­ão (DDR, sigla internacio­nal) em Moçambique, tendo sido definida por consenso entre o Governo e a Renamo.

Além do coordenado­r do grupo, fazem também parte da equipa oficiais da Alemanha, Índia, Irlanda, Noruega, Suíça, Tanzânia, EUA e Zimbabwe.

Na ocasião, o Chefe de Estado recordou uma frase que ele e Dhlakama proferiram, “a guerra acabou”, quando Nyusi se deslocou pela primeira vez, em 2017, ao refúgio do então líder da oposição, na Serra da Gorongosa (centro do país) para encetar o diálogo em curso. “A paz duradoura é o melhor presente que podemos oferecer ao povo moçambican­o”, disse Filipe Nyusi.

O processo que agora arranca é a segunda parte de uma negociação que o Presidente moçambican­o encetou no último ano com Afonso Dhlakama, após o cessar-fogo decretado por este em Dezembro de 2016.

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