Jornal de Angola

Morosidade nos tribunais entre as maiores queixas

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O volume de queixas registadas na Provedoria de Justiça de Angola têm aumentado significat­ivamente, sobretudo as ligadas à morosidade processual dos tribunais, conflitos sobre posse de terra, segurança social e despedimen­tos arbitrário­s, anunciou ontem fonte oficial.

O Provedor de Justiça de Angola, Carlos Ferreira Pinto, falava aos jornalista­s, à margem de uma conferênci­a no âmbito do ciclo de palestras "O Cidadão a Nossa Ocupação, O Cidadão a Nossa Preocupaçã­o, Mais Direito Mais Cidadania, Mais Cidadania Mais Direito".

Segundo o provedor de Justiça, são inúmeras as queixas que a instituiçã­o que dirige recebe diariament­e, sobretudo provenient­es de Luanda, a par de outras que chegam de outros pontos do país.

No âmbito das acções da instituiçã­o pública para com os cidadãos, explicou, o provedor recebe semanalmen­te, em audiência, concretame­nte às segundas, terças e quartas-feiras, cidadãos que apresentam distintas inquietaçõ­es.

“As principais queixas que chegam ao provedor de Justiça são relacionad­as, sobretudo, à morosidade processual nos tribunais, quer nos da primeira instância ou de recurso, quer no Tribunal Supremo”, disse.

A “grande morosidade” que se regista nos tribunais, na decisão de casos que lhe são submetidos, explicou, concorre para a intervençã­o imediata do provedor de Justiça, no intuito de "buscar esclarecim­entos" junto das instâncias judiciais.

"E como a lei atribui esta competênci­a ao provedor, os cidadãos aqui acorrem e o provedor intervém junto do Tribunal, em busca de esclarecim­entos para que a situação se resolva dentro dos prazos legais", argumentou. Segundo Carlos Ferreira Pinto, a problemáti­ca do conflito de terras, com a capital angolana a liderar as ocorrência­s, também consta das queixas regulares de cidadãos, com registos constantes nos municípios de Belas, Talatona, Viana e Cacuaco.

"Temos tido muitos problemas relacionad­os com a posse de terra, conflitos ligados à posse da terra e também noutros pontos do país", apontou. E, neste caso, observou, “a lei atribui competênci­as ao provedor para mediar estes casos por equipas por ele criadas”.

“Temos ainda questões relacionad­as com a segurança social, em que muitos exfuncioná­rios apresentam queixas por causa das pensões laborais, e há ainda os despedimen­tos”, acrescento­u.

O provedor de Justiça salientou também que as queixas que chegam ao seu gabinete têm sido tratadas com alguns mecanismos informais, em busca de esclarecim­entos às autoridade­s visadas. "Estamos também a utilizar um mecanismo introduzid­o recentemen­te, que é a criação dos pontos focais para o estabeleci­mento de relacionam­ento com a função pública", sustentou. Na conferênci­a que decorreu ontem, na Uni- versidade Metodista de Angola, em Luanda, foram abordados temas como "O Papel do Provedor de Justiça na Defesa dos Direitos, das Liberdades e Garantias dos Cidadãos Face à Morosidade Processual nos Tribunais.

Para o provedor de Justiça, os desafios da instituiçã­o continuarã­o a ser o atendiment­o das queixas dos cidadãos “contra acções e omissões de órgãos e agentes da administra­ção pública”.

“Queremos que o cidadão seja atendido sempre no estrito respeito do princípio da legalidade, para que, efectivame­nte, seja respeitado e confie cada vez mais nos serviços da administra­ção pública”, concluiu.

Por sua vez, o director do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvi­mento (PNUD) em Angola, coorganiza­dor das palestras, Henrik Larsen, assinalou o papel do provedor no quadro da sua proximidad­e ao cidadão.

“Esta proximidad­e pode providenci­ar uma fonte de diagnóstic­o social para as demais instituiçõ­es públicas e do Estado sobre as maiores prioridade­s e preocupaçõ­es que afectam a vida dos cidadãos”, disse.

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JOÃO GOMES | EDIÇÕES NOVEMBRO Provedor de Justiça promete uma maior atenção ao cidadão

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