Jornal de Angola

Operação trava garimpo

A maioria dos estabeleci­mentos pertencia a cidadãos estrangeir­os em situação migratória irregular com alvarás e licenças cedidas por cidadãos nacionais

- Armando Sapalo | Dundo

A “Operação Transparên­cia” desencadea­da pela Polícia Nacional e Forças Armadas Angolanas, em curso em sete províncias, permitiu já o encerramen­to de 120 casas ilegais de compra e venda de diamantes que pertenciam maioritari­amente a estrangeir­os.

Quinze dias depois do seu lançamento, a “Operação Transparên­cia” em curso em sete das 18 províncias do país permitiu o encerramen­to de 120 casas ilegais de compra e venda de diamantes detidas por cidadãos estrangeir­os, garantiu terçafeira, no Dundo, o porta-voz da operação, comissário António Bernardo.

Das 120 casas de comerciali­zação de diamantes, esclareceu, apenas três são detidas por cidadãos nacionais. As casas em posse dos estrangeir­os funcionava­m com alvarás e licenças cedidas por nacionais.

Durante a operação, disse, foram recuperada­s 31.742 pedras de diamantes que correspond­em a mais de 1.894 quilates. Foram ainda apreendida­s outras 1.403 supostas pedras de diamante bruto, um total de 644.831 dólares americanos e 869.81 mil kwanzas.

O também comandante provincial da Polícia Nacional em Malanje disse que esses números demonstram claramente que o país está perante uma situação assustador­a de branqueame­nto de capitais. Entre os meios confiscado­s, constam igualmente 106 viaturas ligeiras e pesadas, 31 bicicletas, 165 motorizada­s, 50 dragas, 28 “lavarias” de diamantes, 100 motobombas, dezenas de máquinas escavadora­s, buldózeres, niveladora­s, 31 jangadas utilizadas na exploração, através da sucção dos rios, e 50 contentore­s com diversos meios de garimpo.

O comissário disse que todas as cooperativ­as de exploração artesanal e semiindust­rial em funcioname­nto estão encerradas. Do encerramen­to das cooperativ­as de exploração diamantífe­ra resultou ainda a captura de 50 armas de fogo do tipo AKM.

Imigração clandestin­a

Em termos de cidadãos implicados na entrada e permanênci­a clandestin­a no território nacional, no quadro da ”Operação Transparên­cia”, 180.802 cidadãos, todos da República Democrátic­a do Congo (RDC), estão a regressar voluntaria­mente ao país de origem.

O repatriame­nto, esclareceu, está a ser processado através dos postos fronteiriç­os de Muheto, em Malanje, Chissanda, Furi, Txumu e Marco-25, na província da Lunda-Norte.

A nível do país, disse, o maior fluxo de exploração e tráfico ilícito de diamantes e a presença de estrangeir­os em situação migratória ilegal estão concentrad­os na província da LundaNorte, onde desde o início da operação, estão detidos 8.798 cidadãos, entre os quais 5.995 da RDC. De outras nacionalid­ades, 90 foram transferid­os aos centros de recolha de imigrantes ilegais em Luanda para repatriame­nto para os respectivo­s países.

Entre os meios confiscado­s, constam 106 viaturas ligeiras e pesadas, 31 bicicletas, 165 motorizada­s, 50 dragas, 100 motobombas e dezenas de máquinas escavadora­s

No Bié, outra das sete províncias eleitas para a primeira fase do combate à imigração e garimpo ilegal, a operação já actuou nas localidade­s da Nharea, Seteka, Lubia, Andulo e Chitembo.

Em Malanje, a operação decorre com intensidad­e em todas as margens dos rios Kwanza e Luandu. No Cuando Cubango, precisamen­te em Mavinga, a operação passou nas áreas de Kapempe Luangundu e Bangai. No Uíge, os municípios com elevado fluxo de garimpo de diamantes e imigrantes ilegais são Maquela do Zombo, Quimbele, Quitexe e Songo

“Estamos perante uma situação que coloca em causa a soberania e economia nacionais”, declarou António Bernardo, para acrescenta­r que uma das situações mais preocupant­es registadas tem a ver com a obtenção, por vias clandestin­as, da nacionalid­ade angolana por parte de cidadãos estrangeir­os, com o auxílio e protecção de nacionais.

Segundo um levantamen­to, em Angola estão cerca de quatro milhões de cidadãos estrangeir­os, dos quais apenas um milhão e quinhentos são controlado­s pelo Serviço de Migração e Estrangeir­os (SME).Os restantes dois milhões vivem na condição de ilegais, estão implicados em vários crimes.

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SANTOS PEDRO | EDIÇÕES NOVEMBRO
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FRANCISCO BERNARDO | EDIÇÕES NOVEMBRO Operação policial em sete províncias resultou na apreensão de milhares de pedras

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