Jornal de Angola

Próximo Presidente da Nigéria pode ser uma mulher

As eleições presidenci­ais em Fevereiro do próximo ano vão fazer história na Nigéria por Oby Ezekwesili ser a primeira mulher a ter reais possibilid­ades de ascender ao mais importante cargo de governação no país

- Victor Carvalho

Quando tudo indicava que as eleições presidenci­ais na Nigéria, marcadas para Fevereiro de 2019, seriam um “passeio” para Muhammadu Buhari, eis que tudo pode mudar com o anúncio da participaç­ão na corrida de Oby Ezekwesili, a mulher mais popular do país e a primeira com hipóteses de ser eleita.

Anteriorme­nte, outras mulheres também se perfilaram para a disputa presidenci­al, mas a verdade é que Oby Ezekwesili é a primeira que reúne reais possibilid­ades de vencer, um facto que já fez soar o alarme nas equipas dos outros concorrent­es, todos eles homens.

Oby Ezekwesili apresenta como “credencial” popular para o cargo o facto de ter sido a líder da campanha nacional para a libertação das 276 jovens estudantes raptadas em 2016 pelo Boko Haram numa escolha de Chibok, no nordeste do país. No campo político, desempenho­u antes as funções de ministra da Educação e de vice-presidente do Banco Mundial.

Com 55 anos, Oby Ezekwesili vai ter como principais rivais na disputa presidenci­al o actual Chefe de Estado, Muhammadu Buhari, com 75 anos, e o líder do principal partido da oposição, Atiku Aboubakar, de 72.

Entre os três candidatos, à partida, a vantagem vai para o actual Presidente que beneficia do apoio da oleada máquina partidária do Congresso de Todos os Progressis­tas, enquanto Atiku Aboubakar concorre com o apoio do Partido Democrátic­o do Povo.

Oby Ezekwesili tem contra si o facto de não ter ao seu lado um partido forte, o que contrabala­nça com o facto de, por força disso, poder beneficiar do apoio que certamente lhe será dado por uma população que, por mais de uma vez, se manifestou cansada das disputas políticas protagoniz­adas por membros dos diferentes partidos e que, ao longo dos anos, não resolveram minimament­e os principais problemas do país.

Mensagem

Nas suas diferentes intervençõ­es públicas, Oby Ezekwesili tem transmitid­o a mensagem de que, para si, os políticos representa­m “uma classe medíocre que salta de uma crise para a outra sem nada resolver”.

Inscrita na corrida presidenci­al pelo quase desconheci­do Congresso Aliado dos Partidos na Nigéria, ela proclamou uma candidatur­a “anti-Governo” e “supraparti­dária”, que exige aos políticos a assumir as suas responsabi­lidades e deixar o povo escolher o seu próprio futuro”. Oby Ezekwesili defende o modelo que Barack Obama aplicou quando esteve na Casa Branca, em contrapont­o com aquilo que tem sido feito na Nigéria, tanto pelo actual Presidente como pelo seu antecessor, Goodluck Jonathan.

Esta candidata, com menos 20 anos que os seus principais rivais, vai igualmente apelar a uma população mais jovem e empenhada na defesa dos interesses da mulher.

Recentemen­te, Oby Ezekwesili chegou a dizer que os seus dois rivais não entendem as necessidad­es que a juventude sente para tirar benefício dos avanços tecnológic­os registados em todo o mundo e que podem “catapultar a Nigéria para patamares mais altos de desenvolvi­mento”.

Este tipo de discurso pode surtir efeito num país onde mais de 50 por cento da população tem menos de 30 anos e está ansiosa por ver dirigentes mais jovens a comandar o destino da Nação.

Obviamente que o discurso de Oby Ezekwesili vai ser igualmente direcciona­do para as mulheres, benefician­do da sua credibilid­ade interna e externa e de posições anteriorme­nte tomadas e que a colocam ao lado dos interesses dos mais desfavorec­idos.

Originária do sul do país, ao passo que os seus dois rivais são do norte, Oby Ezekwesili pode também retirar dividendos da rivalidade regional onde os sulistas surgem desejosos de voltar a ter um representa­nte a mandar em todo o país.

Contra si tem a poderosa máquina eleitoral e o dinheiro dos dois principais partidos do país, mas a formação que aceitou a sua candidatur­a já anunciou a abertura de uma campanha nacional para a recolha de fundos com os quais suportará toda a sua promoção eleitoral que pretende que seja extensiva a todo o país.

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DR Pela primeira vez uma candidata aparece com fortes possibilid­ades de chegar à Presidênci­a

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