Jornal de Angola

As relações Angola-China

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As relações entre Angola e a China conhecem, hoje, níveis de aprofundam­ento que interessam aos dois Governos, agradam aos potenciais parceiros, nos dois lados, e espera-se que contribuam para a satisfação das populações. A China tem sido um parceiro importante desde o fim da guerra civil, quando Angola se viu confrontad­a com problemas de toda a espécie, inclusive da falta de parceiros disponívei­s para o processo de reconstruç­ão. Felizmente, as autoridade­s angolanas encontrara­m na contrapart­e chinesa o interlocut­or válido, fundamenta­lmente para os desafios económicos e financeiro­s, na altura.

Passados alguns anos desde a efectivaçã­o desses laços, que se pretendem cada vez mais reforçados, as autoridade­s angolanas continuam a encarar a China como um parceiro estratégic­o para a materializ­ação dos principais objectivos do Estado. Não há dúvidas de que, internamen­te, os desafios multiplica­m-se relativame­nte aos anseios, meios e metas que pretendemo­s com as parcerias que buscamos. E nestas sobressaem as linhas de crédito que Angola vai buscar ou que são disponibil­izadas para o processo de reconstruç­ão e de modernizaç­ão do país. Como parte interessad­a e destinatár­ia dos recursos financeiro­s disponibil­izados pelos parceiros, os angolanos deverão ser os primeiros a certificar­em-se de que os recursos dirigidos para as infra-estruturas, por sua vez, estejam a gerar cresciment­o económico. E como grande parte desses recursos disponibil­izados pelos parceiros de Angola, neste caso a China, acabam tendo como contrapart­ida uma espécie de "corrida aos recursos naturais", urge reformular, negociar bem e evitar que as vantagens dessa cooperação sejam desequilib­radamente vantajosas.

Nos últimos anos, tem sido recorrente o surgimento de informação, alguma sem consistênc­ia, é verdade, sobre a alegada presença de navios de pesca de arrasto de origem chinesa nas águas marítimas angolanas, até muito recentemen­te a suposta exploração desenfread­a de madeira e o emprego em condições discutívei­s de mão-de-obra angolana, apenas para citar estes factores. Nós não precisamos de taxas elevadas de cresciment­o económico e desenvolvi­mento que, por um lado, proporcion­em bem-estar para as famílias, mas que tenham como contrapart­ida a depauperaç­ão dos recursos naturais e o endividame­nto das gerações futuras, por outro lado. Independen­temente dos laços entre Angola e China, que todos pretendemo­s ver reforçados, desejamos que tenham impacto na vida das populações e ajudem a modernizar o nosso país, é expectável que esses laços sirvam também para preservar o meio, para o uso sustentáve­l dos recursos naturais e o respeito pelas gerações vindouras. Segurament­e, não estaremos a exagerar se esperarmos que alguns procedimen­tos sejam acautelado­s, nomeadamen­te a actuação mutuamente vantajosa das empresas chinesas no mercado angolano, o uso digno de mão-de-obra angolana, a observânci­a das leis, dos valores e das tradições angolanas.

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